domingo, 13 de dezembro de 2009
Charles Chaplin em O último discurso de O Grande Ditador
Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=FPzgq8sNbMI
Vídeo acima, trecho do filme O Grande Ditador, no qual o ator, diretor e compositor Charles Spencer Chaplin, criador do personagem Carlitos, faz um inesquecível discurso.
Fragmento desse último discurso, datado de 1940, utilizei de epígrafe do Trabalho de Conclusão de Curso de minha especialização em Tecnologias da Informação e da Comunicação na Promoção da Aprendizagem (UFRGS-2007), conforme abaixo:
"(...) Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos muito pouco. Mais do que máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência, e tudo será perdido".
CHARLES CHAPLIN, fragmento de O Último Discurso, no filme O Grande Ditador (EUA, 1940).
Realmente, mais do que máquinas, em se tratando de tecnologia educacional, precisamos de humanidade, de valorização do usuário mais do que do maquinário, do trabalho colaborativo entre educadores e educandos. Mediar a informação para que se torne conhecimento mútuo. Incentivar mais a troca de experiências (no mundo real e no digital) e menos a competição. Sem isso, tudo será em vão...
Afinal, apesar dos Tempos Modernos (alusão a outro clássico do cinema e de Chaplin), as máquinas continuam em parte dominando o homem, ao invés do inverso; basta ver que mesmo informatizados ao extremo: bancos, supermercados, shoppings centers etc - cada vez menos com a interação entre seres humanos e seus semelhantes, e sim homens e máquinas -, a qualidade do atendimento não melhorou, as filas não diminuíram, muito pelo contrário. Cada vez mais se fala com máquinas em centrais de atendimento online ou telefônicas, diminui-se as vagas para máquinas biológicas, substituídas por máquinas informatizadas (que não tiram férias, que não pedem aumento de salário nem fazem greve), e não são criadas outras vagas para os seres humanos.
Enfim, longe ainda de um panorama apocalíptico de filmes de ficção científica, como o Exterminador do Futuro e outros, em que as máquinas dominarão totalmente o mundo e declararão guerra à humanidade, temos, como educadores, de encutir nos colegas, nos alunos, seus pais eou responsáveis e na sociedade em geral a ideia real de que as máquinas são e devem ser tratadas apenas como equipamentos, ferramentas, meios de se atingir uma finalidade em comum: o bem comum...
Como Chaplin falou há quase 70 anos (completará isso em 2010!!): "Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos muito pouco."
Máquinas que produzem a abundância para poucos e mantém o controle de muitos (bancos de dados, câmeras de vigilância, etc), deixando na penúnia boa parte da sociedade. mal resolvemos o analfabetismo real e criou-se o analfabetismo digital...
Pensamos, escrevemos, mandamos mensagens de celualr, pelo orkut, e-mails, em demasia, tudo tipo cópia de outros, reencaminhamos "belas mensagens" de terceiros e sequer escrevemos uma linha para alguém que irá receber essas toneladas de mensagens digitais que entopem nossa conta de correio eletrônico. Nunca escrevemos tanto, no mundo digital, e nunca dissemos tão pouco de nós a alguém...
Chaplin, um gênio da sétima arte, deu vida e voz a personagens, gente como a gente, como o genial vagabundo Carlitos, o Garoto, a moça cega e tantas outros, sabendo mesclar com precisão humor, lirismo e crítica social.
Depois de Chaplin, nem o humor nem o cinema foram os mesmos, e percebe-se ecos do genial vagabundo em outros atores e humoristas mundo afora, desde então, de Jerry Lewis e Renato Aragão... Todos eles, seres intertextuais com a vida e obra de Carlitos...
O Cinema é um grande filão a ser explorado no ambiente escolar e existem diversos projetos nesse sentido. Sugiro aos leitores e visitantes do Educa Tube conhecerem dois deles, entre vários:
Cinema no Caldeirão , iniciativa do educador Robson Garcia Freire, multiplicador do NTE Itaperuna - RJ - Brasil e editor do blog Caldeirão de Ideias, premiado em 2008 e 2009 como melhor blog corporativo do Brasil, respectivamente, no Best Blogs Brasil (blog corporativo) e no Top Blogs (tecnologia).
E o Planeta Educação, portal educacional que tem como editor o educador João Luís de Almeida Machado, Doutor em Educação pela PUC-SP; Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP); Professor Universitário e Pesquisador; Autor do livro "Na Sala de Aula com a Sétima Arte – Aprendendo com o Cinema" (Editora Intersubjetiva).
No Planeta Educação há um valioso espaço virtual chamado Cinema e Educação para indicar filmes com uma proposta pedagógica de utilização no ambiente escolar. Imperdível. Socializem aos colegas, alunos, pais e amigos este link.
Recentemente, via twitter, minha ex-professora da pós em TICs Promoção da Aprendizagem (UFRGS-2007) Suzana Gutierrez, editora do blog Gutierrez / Su, indicou um link para a Matemática no Cinema (em diversos filmes, vide link abaixo), listagem feita pela Universidade de Harvard.
Mathematics in Movies
http://www.math.harvard.edu/~knill/mathmovies/
Enfim, cinema e educação são duas formas de leitura de mundo.
Olá querido amigo
ResponderExcluirQue prazer sempre é vir aqui e ler suas contribuições para mudar a nossa educação e consequentemente a educação do nosso mundo.
Sim cinema e educação andam juntos e são tão pouco explorados pelos educadores, que se soubessem da riqueza e do potencial da ferramenta nossas salas de aula seriam iguais as salas de cinema.
Brincadeira a parte, sim precisamos pensar em como podemos usar mais filmes, curtas e um simples vídeo do Youtube nas salas de aula. Por isso o Educa Tube é um espaço fantástico e obrigatório para todo educador. O projeto Cinema no Caldeirão estará retornando com força total ano que vem.
Mais uma vez obrigado em me colocar ao lado de profissionais de educação conceituados como o mestre João Luis Almeida e a querida Suzana Gutierrez e principalmente ser citado por ti, grande amigo.
Maravilhosa postagem.
Abraços
Robson Freire
oi,zé.agora que terminamos o amigo oculto dos blogs educativos, estou atualizando minhas visitas aos blogs e, como nãopoderia deixar de ser, cá estou.esse ano nem terminou ainda e eu, como PC, ja estou pensando no planejamento de 2010 e ao ler esse post e seu comentário sobre o discurso de chaplin,quero pedir autorização para usar o vídeo e sua fala ( que deve fazer parte da dissertação, me parece)na reunião de abertura do planejamento de 2010. é claro que manterei, com muita honra, os créditos, já que teus dois blogs fazem parte da minha lista de indicação para os professores da minha escola.
ResponderExcluirgrande abraço
vera
Oi, Roig
ResponderExcluirAo meu ver o problema principal das redes sociais e das novas tecnologias é que todo mundo acaba se encerrando em sua própria concha. Como num grande "Big Brother" cada pessoa expõe suas paixões, seus pontos de vista e seu modo de ver a vida sem necessariamente dialogar com o outro sobre isso, debater sobre seus gostos. Na realidade, num espaço onde o objetivo principal seria reencontrar amigos, fazê-los ou mesmo trocar idéias em temas que poderiam enriquecer o cenário cultural e social do país (nas listas, fóruns de discussão, sites de relacionamento) muitas vezes nos deparamos com pessoas centradas apenas nas amenidades da vida, nas passageiras criações capitalistas, no ócio constante de uma sociedade imediatista.
Porém, como tudo na vida, há aqueles que se destacam por transformar, tal como Midas, tudo o que tocam em ouro - o ouro dos bosn sentimentos, das ações valorosas, das amizades verdadeiras e do trabalho consciente para um mundo melhor
Assim, você consegue à cada dia trazer um pouco mais de beleza ao mundo!
Grata surpresa ver essa indicação de Chaplin! nos impulsiona à pensar social e educacionalmente "Não somos máquinas, homens é o que somos"
Abraços Fraternos dessa amiga
Semíramis Alencar
Caros amigos, Robson, Vera e Semiramis,
ResponderExcluirpreferi responder a todos numa só mensagem devido justamente a falta de tempo que este amigo anda ultimanente. Farei um 3 em 1.
primeiro, Robson, teu blog Caldeirão é referência pra mim e outros educadores, você também valoriza demais o Educa Tube com suas indicações e divulgando o mesmo. Educar é compartilhar e você sempre socializa, como eu, o que descobre em teu espaço virtual.
Vera, o fragmento de O último discurso de Chaplin usei na minha pós em TICs, e pode usar livremente, pois tanto o vídeo como o texto de Chaplin estão em domínio público, quanto ao meu texto, pode também utilizá-lo a vontade, assim como os que constam neste blog e no Letra Viva do Roig.
Na dissertação do mestrado em letras analiso a autobiografia do Erico Verissimo com enfoque literário.
Amiga Semiramis, fico também agardecido pelo incentivo e pelas sugestões que gentilmente sempre fazes. Descobri indiretamente este vídeo de O último discurso, a aprtir de tuas indicações de Tempos Modernos do Chaplin, no orkut. Breve colocarei essas indicações aqui também. Esqueci de comentar isso nesta postagem. Grato, amiga.
Então, amigos, que bom que podemos trocar experiências de vida e de trabalho, inspirando e sendo inspirados uns pelos outros.
Obrigado pelo apoio, sugestões e divulgação dos blogs. Um grande abraço, do amigo e colega Zé Roig.