sábado, 2 de outubro de 2010
Coração de Tinta: cinema, literatura e sociedade
Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=hsiJ0kuI3RI
O vídeo acima trata-se de trailer do belo filme Coração de Tinta (Inkheart, 2009), com direção de Iain Softley.
Eis abaixo a sinopse do mesmo:
Meggie trocaria facilmente sua vidinha chata pelas aventuras que costuma ler nos livros. Pois parece que seus pedidos foram atendidos. Seu pai Mo, com quem mora sozinha depois do desaparecimento de sua mãe, esconde um estranho segredo - ele é capaz de trazer os personagens dos livros à vida quando lê seus trechos em voz alta. Esta habilidade pode ter relação com o sumiço da mãe de Meggie mas, antes que a menina descubra mais, o vilão Capricórnio surge das páginas de "Coração de Tinta" em busca dos poderes de Mo para realizar seus planos. Agora, com a ajuda do misterioso Dedo Empoeirado e de sua tia-avó Elinor, Meggie e o pai entram em um intrigante mundo de magia para impedir o maligno Capricórnio e quem sabe finalmente encontrar sua mãe perdida.
A vida passa como um filme, mas a vida também muitas vezes se parece e muito como a história contada em um livro.
As mídias e a literatura são formas de fazer a imaginação do jovem despertar para mundos imaginários e reais... Saber interpretar uma história e desvendar os caminhos da própria história particular, através do universal.
Ainda que nem toda história contada seja autobiográfica, não há como para dar verossimilhança ao contado, deixar de carregar um pouco nas tintas da realidade para falar de um mundo ficcional.
Ler e escrever sobre o mundo, contar histórias, suas ou de terceiros, estimular nos jovens esse exercício de ver um filme com outros olhos, de ler um livro com outra visão é um dos desafios do professor, que não deixa de ser também um grande contador de histórias...
Quando o educador dá vida em sala de aula ao que os livros didáticos contém, de certa forma ele é também alguém com a Língua de Prata; alcunha do protagonista do filme Coração de Tinta, que faz literalmente personagens de livros criarem vida e pessoas ficarem aprisionadas nos livros lidos...
O autor, quando cria um mundo imaginário faz de seu leitor um prisioneiro daquele livro, enquanto lido e às vezes, para toda a vida...
O leitor, quando lê um livro com olhos de descobridor, literalmente dá vida aos personagens e começa a reconhecê-los em pessoas do seu entorno, do seu cotidiano...
Incentivar o uso de vídeos, livros e outras mídias no ambiente escolar é um desafio e uma necessidade para o educador do século XXI, que não deixa de ser um herdeiro dos contadores de histórias da Antiguidade.
Muito da história humana só chegou aos nossos tempos, graças aos relatos orais, passados de geração a geração...
Literatura, cinema e sociedade possuem suas intertextualidades, uma influenciando a outro. Leitor e Autor, suas relações, cada qual também sofrendo influências... O autor não escreve somente para si, o leitor também é um co-autor à medida que reescreve a história contada, pela tradução feita com a leitura, como se o livro fosse um filme que se passa apenas na mente de quem lê e imagina todo um cenário, trajes, rostos, paisagens e tudo mais.
O filme Coração de Tinta é uma metáfora sobre o poder da arte e da cultura em nosso cotidiano e sociedade. Muito do nosso mundo, como o vemos hoje é fruto dos ícones literários e cinematográficos que lemos ou assistimos...
Mo, Meggie, Resa e outros personagens do filme, como o próprio Autor do livro mágico, chamado Coração de Tinta, são partes de um imaginário e ao mesmo tempo pessoas que conhecemos no dia-a-dia... E que reescrevem e relem seu presente e futuro a todo momento...
Trabalhando com professores e alunos, vejo o quanto é difícil às vezes tratar de interpretação de textos, com jovens, sem que estes tenham adquirido o hábito da leitura, pois simples sinônimos dificultam a compreensão de textos, quando estes não leem nem têm despertado o interesse para livros mágicos ou não, como o Coração de Tinta e outros mais, desde a mais tenra idade...
E não ler livros significa justamente não ler as entrelinhas do mundo...
Como escreveu em um Soneto, no século XIX, o poeta inglês John Keats, retratado no filme Brilho de uma paixão, por Jane Campion:
"Quando fico a pensar poder deixar de ser
antes que a minha pena haja tudo traçado,
antes que em algum livro ainda possa colher
dos grãos que semeei o fruto sazonado;(...)"
Penso, pois, na questão da leitura e da autoria e mais ainda, na questão da contação da história e na co-autoria desenvolvida no ato da leitura em voz alta ou de forma silenciosa entre o autor e o leitor, de forma atemporal. Nós somos autores e personagens da própria existência. Ora somos escritos por outros, ora lemos as entrelinhas dos outros em nossa história de vida particular, que se desdobra na do outro e outro e por ai vai... Intertextualidade vivida, sentida e imaginada, tanto pelo autor como pelo leitor.
Abaixo, canção My Declaration, da trilha sonora do filme Coração de Tinta (Inkheart), composição de Javier Navarrete (2008) e interpretação de Eliza Hope Bennett.
Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=cgvuLgkFwmo&p=19D53E012E6EE85C&playnext=1&index=31
Indicação de leitura:
Vida e leitura, um descobrimento
gente qual é a raça do tótó
ResponderExcluirMuito bom!!Passarei este filme para meus alunos!! Excelente item de pesquisa. Mais uma vez, parabéns pelo seu trabalho! abraços
ResponderExcluirOi, Clarice, que bom receber tua visita e comentário aqui. Que bom poder contribuir. O filme é ótimo. Um abraço, Zé Roig.
ResponderExcluir