domingo, 5 de fevereiro de 2012
O Unicórnio de Porcelana e os Escritores da Liberdade
O curta-metragem acima, Unicórnio de porcelana, foi indicação, via Facebook, da colega e amiga Elisângela Zampieri, professora da educação especial de Curitibanos - SC, Brasil, editora do blog Sobre Educação e colunista do portal INCLUSIVE.
Trata-se de vídeo que em apenas 3 minutos, de Keegan Wilcox, diretor e produtor de cinema, que narra de forma delicada os horrores vividos durante a II Guerra Mundial na Alemanha nazista, e que fala de temas de profunda complexidade com rara beleza e delicadeza: nazismo, opressão, intolerância, edenção, memória, esquecimento, reencontros, perdas e ganhos.
A memória, para uns, pode ser como o unicórnio de porcelana, quebrado, esmagado, tornado quase pó.
Mas para outros, ainda que restaurada com suas marcas do tempo, suas fissuras, suas partes faltando, é o que faz a humanidade seguir adiante, embusca de um mundo melhor. Sem a memória, seríamos condenados a repetir os mesmas coisas e dias, sem aprender com nossos erros. A aprendizagem se faz por exeperimentação, tentativa, erros e acertos... A atual geração, diferentemente da anterior, não tem medo de errar, de mexer, "bagunçar" tudo, mas entre els, compartilhar as descobertas.
Um vídeo incrível e rico material para educadores refletirem com seus alunos sobre história, tempo e memória - o tripé de nossa civilização.
O Unicórnio de porcelana, segundo notícia "foi escolhido por ninguém menos que Ridley Scott, diretor de Blade Runner, o melhor curta no concurso Parallel Lines: Tell it Your Way (linhas paralelas: conte da sua maneira), lançado pela Philips. Pelas regras, o filme deveria ter até três minutos, com exatas seis linhas de diálogo. Foram inscritos mais de 600 projetos, e também houve um vencedor pelo voto popular, através do Youtube".
Para saber mais do vídeo acima, leia o texto de Rita Souza, no link abaixo:
A delicadeza de uma história bem contada em 3 minutos e que Ridley Scott premiou
Abaixo, cenas do filme Escritores da Liberdade, em que inspiarado em fatos reais da vida da professora Erin, mostra as estratégias metodológicas e didáticas para atuar em uma escola dividida pelo confronto de guagues (hispânicas e afro-americanas). Erin, depois de tentativas infrutíveras apelas para um caerno de pauta simples, que distribui aos alunos e pede que aqueles que queiram contar a sua história, assim o façam e coloquem ao final de cada aula no armário ao fundo da sala. Aos poucos, os relatos dos jovens servem de fio condutor à história narrada e às formas de interação que Erin consegue sensibilizar os alunos. No segundo momento, une a história particular à universal, dando de presente a cada aluno um exemplar de O Diário de Anne Frank, confinada em um gueto durante a II Grande Guerra Mundial, durante o período nazista. Logo ocorre a identificação do relato da menina judia com os alunos, também confinados em seus guetos. No terceiro momento a professora leva sua turma a visitar o museu do holocausto e um show de realidade ocorre. Um filme perfeito para tratar de metodologias de interação com alunos, pois dá voz (através do caderno), apresenta um conteúdo relevante (diário) e ainda promove saídas de campo (passeio ao museu) para que todos vivenciem a teoria na prática. Vejam o filme na íntegra, ou pesquisando os links das demais partes no You Tube, ou locando numa locadora ou adquirindo, como fiz, para seu acervo particular para uso universal com professores e alunos.
Abaixo, parte 2 do filme:
Abaixo, parte 3 do filme:
Percebam, aos 8 minutos da cena 3, o diálogo entre a professora e a responsável pelo "depósito de livros" da escola, que poderia ser uma biblioteca viva, e os entraves burocráticos entre o ideal e o possível, entre o teórico e o prático. Um dos professores diz que a integração é uma mentira. Erin, provoca justamente o contrário.
Muitas vezes, à teoria, faz-se necessário acrescentar doses práticas de intuição, experimentação, interação... misturadas à sensibilidade, conhecimento de mundo, intertextualidade entre o real e o virtual... entre a ficção e a realidade, entre o particular e o universal. Porém, como tenho debatido neste blog e nas redes sociais: ao professor cabe estebelecer estratégias com o aluno, mas cabe à equipe diretiva, ao gestor escolar e ao gestor público, enfim, ao sistema de ensino, como um todo, incentivar que atividades como da professora Erin façam parte do projeto político pedagógico, como metas da escola como um todo, e não de um educador entre outros. Pois, muitos projetos premiados de educadores, são projetos pessoais que acabam sendo encampados pela escola, e não o contrário. Mudar a rede lógica da escola, deve começar pela discussão da metodologia e nem tanto da tecnologia.
O que a professora Erin promove é justamente isso: resgatar a história de vida de cada aluno e torná-la intertextual com a de Anne Frank, que simboliza a luta pela dignidade humana, pela sobrevivência, pelo não esquecimento das atrocidades cometidas por regimes totalitários, pela eternidade de um relato, através de seus memórias preservadas em livro, através dos tempos... Relembrar para jamais esquecer.
Ainda da cena 3, fantástica a dinâmica de grupo, promovida pela prof. Erin, que divide a turma em 2 grupos, conforme eles próprios se dividem e faz uma linha ao meio na sala, e começa a perguntar coisas como quem já sofreu ameaça, dê um passo, quem levou tiro, mais um passo... Ao final, os 2 grupos estão frente a frente, nessa "linha do tempo", provando que ambos têm mais coisas em comum do que diferenças. Fantástico!!! Revelador, provocador, essencial...
Um dos filmes mais apropriados para professores com alunos e educadores com outros educadores discutirem desde didática e metodologia, até gestão de recursos físicos, financeiros e humanos...
Vejam o filme até o final e levem-no para à sala de aula. Comovedor, motivador, impactante.
"Qualquer semelhança com alguns ambientes da vida real é mera coincidência?"...
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