sábado, 30 de junho de 2012
Educação: Um jogo de palavras "Além da Imaginação" (filosofia, curta-metragem, videoclipe, linguagem e sociedade)
O vídeo acima Wordplay (Jogo de palavras), trata-se do episódio 3, da nova temporada de 1985, do seriado The Twilight Zone (no Brasil, conhecido como Além da Imaginação), dirigido por Wes Craven e roteiro de Rockne S. O'Bannon, e conta a história de "Um homem (Robert Klein), quando pressionado a aprender os nomes da nova linha de produtos de sua empresa, começa a perceber que todos ao seu redor passam a usar um vocabulário que ele desconhece."
"Twilight Zone" [Além da Imaginação] é o avô de "Black Mirror", pode-se dizer, sendo um seriado produzido por Rod Serling, trazendo a cada episódio histórias fantásticas que podem ser vistas como críticas ao cotidiano, como nesse caso, em que um adulto, de repente, para de entender todos ao redor. Hoje, pode-se comparar com aquele que não se atualizam nas tecnologias, por exemplo, mas serve a diversas interpretações, dependendo do recorte que o professor queira dar. É possível abordar a questão da própria linguagem, que vai se alterando com o tempo,das transformações sociais e tecnológicas e muito mais.
Vejam ao final desta postagem a sinopse de Wordplay (Jogo de Palavras), encontrado no blog Postcards From The Zone.
Dito isto, cabe, antes de tudo, salientar que por muito tempo procurei pelo referido vídeo (que assisti quando tinha vinte anos de idade), para usá-lo em projetos que tratam do processo de ensino-aprendizagem, por conta deste curta-metragem narrar a história de alguém que um dia passa a não ser entendido pela família, amigos, colegas de trabalho, enfim, todos aqueles que passam a falar um novo idioma, incompreensível para ele, na medida que as palavras passam a ter outros sentidos. Literalmente um jogo de palavras. Uma inversão do sentido normalmente utilizado, até então.
Apesar de ter encontrado inicialmente apenas a versão em inglês, no You Tube [e recentemente, em 2020, a legendada], este fato não impede a compreensão da história, justamente por ser tratar, como o título pressupõe, de um Jogo de palavras. Trata-se da busca pelo entendimento do outro, de um exercício de alteridade na diversidade. Não é preciso ter uma "bola de cristal" para entender o sentido das imagens e da narrativa acima. Mas, antes de tudo, é preciso ser um bom leitor de imagens.
Atualmente, há diversos jogos de palavras e choque de linguagens, entre pais e filhos, professores e alunos, cada qual falando o seu idioma particular, às vezes até um incompreensível "dialeto tribal" para os que estão de fora daquele grupo social. E, no que tange as tecnologias, mídias e redes sociais no ambiente escolar, ainda muitos profissionais do saber evitam entender estas linguagens, como faz a personagem do vídeo, até que, sem outra saída, ele recorrerá à cartilha do filho para poder compreender os novos significados que as palavras possuem em seu cotidiano. O que lembra também aquela piada do "Joãozinho do Passo Certo", que sempre achava que todos no batalhão marchavam errado e somente ele que estava certo em seu pisar, marchar... Viver em comunidade é estabelecer um diálogo entre gerações e entre saberes. Ir além da imaginação e utilizar-se do imaginário do aluno para trabalhar conteúdos educacionais.
O educador do futuro precisa conviver com essa multiplicidade e saber estabelecer uma forma interlocução. Cabe ao educador do século XXI saber usar em seu favor, e no benefício da aprendizagem mútua, um novo jogo de palavras, mais significativas, motivadoras e reflexivas. E para isso não é preciso o uso de uma bola de cristal, mas que uma tela de ou que aparenta cristal líquido, como das mídias e redes sociais, ou da televisão, como algumas das ferramentas que poderão favorecer esta interação.
O mais interessante é que só recordei deste episódio da série "Além da Imaginação", quando elaborei o projeto Clipes que parecem Curtas, que utilizei com alunos do ensino fundamental e depois médio, videoclipes que possuíam uma narrativa literária e cinematográfica. Um deles, Crystal Ball (Bola de Cristal), da banda Keane (videoclipe abaixo), de 2006, quando assisti pela primeira vez tive uma reação intertextual imediata com Wordplay. Acredito até que o citado episódio tenha servido de inspiração ao videoclipe, pois desde as primeiras cenas iniciais da casa são parecidíssimas, do homem se despedindo da esposa e filho e indo para o trabalho de carro, do escritório e outras coisas mais que me deram a sensação de dejá vú.
No referido projeto, passava estes videoclipes e pedia aos alunos que me contassem a história narrada, mesmo que contada numa língua estrangeira, trabalhando com a questão da linguagem, das formas de linguagem verbal e não-verbal, com a narrativa, a interpretação de texto e a produção textual. No caso do clipe Bola de Cristal, os alunos criaram finais alternativos e a experiência foi muito satisfatória a todos.
Daí em diante, tentei sem sucesso localizar Wordplay (Jogo de palavras), pois desconhecia título, ano, atores, diretor e tudo mais, lembrava-me apenas da história em si e do seriado; até que, enfim, graças a pesquisa na filmografia da série e o resumo de cada episódio, achei na Wikipedia o que tanto procurei.
Entre o episódio de seriado de 1985 e um videoclipe de 2006, 21 anos se passaram, mas a relação INTERTEXTUAL permanece, tanto que se observarmos, a primeira cena do clipe, na imagem abaixo (print da minha tela do computador), à esquerda, e a primeira imagem do episódio do seriado à direita, são semelhantes, duas casas em que um ai de família, com esposa e filho tem uma vida rotineira indo para o trabalho e retornando pra casa, percebendo certas mudanças, quando a IDENTIDADE, (clipe) e LINGUAGEM (no episódio). Há outros detalhes que deixo a cargo do espectador perceber e comparar e aqui nesta postagem deixar seu comentário.
Abaixo, o belo videoclipe Bola de Cristal da banda Keane, que se visto junto com o vídeo Jogo de Palavras pode promover uma rica intertextualidade, aproximando professores e alunos, pais e filhos, pois ambos tratam de temas atuais, como a questão da individualidade, da identidade, da afetividade, do distanciamento e da perda de laços fraternos, algo que é recorrente hoje, quando se trata de mundos virtuais.
Material também para refletir e motivar. E para tratar não apenas de linguagens invertidas, mas de lógicas invertidas, seja na rede de computadores, na rede social digital ou na sociedade em geral. Para tratar também de valores humanos, da importância da comunicação e do diálogo na família, escola e sociedade.
Se pararmos para refletir, com o passar do tempo, as palavras e as coisas que estas nomeiam passam a ter outros significados, às vezes, compostos, outras opostos ao sentido original. Um dos exemplos mais cristalinos é a palavra AVATAR (é uma manifestação corporal de um ser imortal segundo a religião hindu, por vezes até do Ser Supremo), portanto, de origem religiosa e que foi apropriada recentemente pela tecnologia, como sinônimo de perfil, real ou imaginário de quem ingressa nas redes sociais e até título de filme, usando os mais impressionantes efeitos visuais. Por incrível que pareça teologia e tecnologia também se comunicam, ainda que de formas diversas.
Para ampliar a leitura desta postagem, o Educa Tube lança um desafio aos professores de inglês, para, com seus alunos, traduzir e legendar este vídeo e colocá-lo no You Tube, como exercício prático, utilizando a tecnologia como o facilitador deste trabalho, junto ao ensino da língua inglesa, em questão. Caso aceito o desafio, o Educa Tube também agradeceria o envio do link do vídeo para anexá-lo a esta postagem, ampliando os horizontes educacionais. Inter e multidisciplinaridade.
SINOPSE DE WORDPLAY (JOGO DE PALAVRAS) - TRADUÇÃO LIVRE DO EDUCA TUBE:
Direção: Wes Craven, Roteiro: Rockne S. O'Bannon, Elenco: Robert Klein, Annie Potts, Primeira exibição: . 04 de outubro de 1985.
Bill Lowery (Robert Klein), um vendedor veterano de equipamentos médicos, é jogado em uma espécie de limbo, quando sua empresa começa a vender uma nova linha de produtos com nomes bastante difíceis. Depois de passar uma noite no sofá, adormece enquanto a aprendia. O dia de Bill começa a tomar um rumo estranho. Primeiro, sua mulher Kathy (Annie Potts) começa a usar as palavras em sentido diferente. Bill acha isso engraçado, mas Kathy apenas dá de ombros. O próximo a agir um pouco estranho é o seu vizinho de porta, que chama seu cachorro uma "enciclopédia". No trabalho, Bill ouve colegas mais jovens falando mal dele, dizendo: "você não pode ensinar a um cachorro velho novos trombetas", enquanto o seu colega mais velho brinca como os garotos também usando expressões confusas. Então chefe de Bill usa a palavra "throwrug" (ou algo nesse sentido) no lugar de aniversário, e, finalmente, o que realmente alarma Bill é um jovem que lhe pergunta onde ele pode levar sua namorada para um "dinossauro" . De volta para casa, Bill é saudado por Kathy, que em vez dos comentários normais de como o seu filho não está se sentindo bem - ele não comer nada de seu "dinossauro". Neste ponto, Bill ainda reluta em acreditar que algo deu terrivelmente errado no seu canto do universo, começa a descobrir que as palavras passam a ter outras significações a todos, menos a ele. Deste ponto em diante, a situação piora progressivamente para o pobre Bill. Em vez de apenas uma palavra estranha não faz sentido aqui e ali, ele é incapaz de compreender praticamente tudo o que é dito a ele - e seu nome misteriosamente muda para outro. Finalmente percebendo algo está muito errado, Bill volta para casa, onde ele é recebido por sua esposa preocupada, que tenta explicar-lhe que seu filho está bastante doente. Bill suspeita de pneumonia, e se apressam a levar a criança ao hospital, onde os médicos iniciam um procedimento de emergência. O procedimento é um sucesso, e filho de Bill vai viver - um fato que percebemos apenas a partir do rosto feliz de Kathy, como, também, todos os personagens ainda falam o jargão. De volta a casa e um pouco aliviado, Bill passa uma noite confortável com sua esposa, então foge para o quarto de seu filho e começa a olhar para os seus livros escolares - determinado a se adaptar e aprender a língua.
Fonte: http://postcardsfromthezone.blogspot.com.br/2005/12/103-wordplay.html
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