quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
Terra de Gigantes e a Mídia como exército regular
Terra De Gigantes 1T.01 por rosadesafira
O vídeo acima, trata-se de primeiro episódio de Terra de Gigantes (Land of the Giants), uma série de televisão criada e produzida por Irwin Allen (Master of Disaster) nos anos 60, e que faz parte de minha economia sentimental e televisiva, que garimpei no fundo do baú sem fundo da memória e que localizei através da internet, e que trago nesta postagem como reflexão educacional sobre o papel da mídia.
Conforme apresentação do vídeo: "A série mostrava uma tripulação de uma nave orbital chamada Spindrift, que durante uma viagem de Los Angeles até Londres, entra numa dobra espacial e cai num planeta onde todos são gigantes. A tripulação, chamada pelos gigantes de "pequeninos", passa por diversas dificuldades, quando ocasionalmente um deles é pego por algum gigante. Criam alguns utensílios, usando barbantes como cordas, pregadeiras ou clips como ganchos. Constantemente defrontam-se com os animais gigantes, principalmente gatos."
Eu cresci assistindo a esta e outras séries produzidas por Irwin Allen, produtor de cinema e televisão, séries que marcaram época, como: Viagem ao Fundo do Mar, O Túnel do Tempo, Perdidos no Espaço e A Família Robinson.
O curioso do episódio 1 da série (produzida de 1968 a 1970) é que a nave viaja e se perde no espaço, chegando a Terra de Gigantes em 12/06/1983.
Em novembro de 1982 vim da pequena cidade de São José do Norte, morar na cidade vizinha de Rio Grande, bem maior, tanto que eu e meu irmão Marco Antonio saímos, ainda garotos, caminhando pelas ruas, e lá pelas tantas, pegávamos um mapa de papel (não existia GPS naquela tempo) e tentávamos nos localizar. Saudosas expedições, hoje feitas apenas pela pequena máquina do tempo que é a memória.
Mais curioso foi o episódio 22, da segunda temporada, chamado A Pequena Guerra (A Small War), traduzida no Brasil por Guerra Violenta (imagem abaixo), em que "um garoto gigante que possui uma coleção de brinquedos de guerra automáticos, e acredita que os pequeninos são brinquedos de outro garoto que é seu rival. Ele então lança seus brinquedos de guerra contra os terrestres, e estes terão que convencer o garoto que eles não são brinquedos. Há quem diga que esse episódio de TDG seja uma metáfora sobre a Guerra do Vietnã, com os pequeninos sendo os "viets" e o garoto gigante representando poder bélico americano. A cena em que Phitzhug brinca com um "soldado de chumbo" gigante é hilária. Mas o destaque fica com a sequência em que Betty, ferida, tenta convencer o garoto gigante de que eles não são brinquedos ..."Vê...isto é sangue...somos reais"- grita Betty para o garoto".
Conforme pesquisa na web, encontrei um forum no Orkut que tratava de curiosidades da série, e tomei liberdade de reproduzir a postagem com resumo da mesma, abaixo:
Resumo Série Terra de Gigantes: Em 1983 o Spindrift, uma nave espacial comercial em um voo de Los Angeles City a Londres, perdeu-se quando uma turbulência a arrastou e a fez passar através de uma nuvem estranha, causando pânico entre os passageiros. O piloto conseguiu fazer uma aterrissagem forçada, mas todos. logo perceberam que estavam em um estranho planeta, onde tudo era gigantesco. Uma gota de Chuva poderia matá-los, um inseto tornou-se um perigoso monstro. Os gigantes descobrem que os pequeninos náufragos do espaço estão em seu planeta e tentam capturá-los.
Para realizar o seriado com o máximo de realismo, o produtor Irwin Allen, responsável pela criação de outras séries de sucesso como Perdidos no Espaço, O Túnel do Tempo e Viagem ao Fundo do Mar, montou num estúdio da Fox, um complicadíssimo sistema de trucagem, para filmar simultaneamente pessoas de tamanho normal, coisas e indivíduos gigantescos. O resultado foi excelente, criando uma ilusão perfeita de que os heróis de Terra de Gigantes estão vivendo num mundo onde tudo tem 20 vezes seu tamanho normal.
Os astros da série foram Gary Conway (Capitão Steve Burton), Don Matheson (Mark Wilson), Stefan Arngrim (Barry Lockridge), que aos 11 anos sempre aparecia com seu cãozinho Chipper, Don Marshall (Dan Erickson), Deanna Lund (Valerie Ames Scott), Heather Young (Betty Ann Hamilton), Kurt Kasznar (Alexander B. Fitzhugh, uma espécie de Dr. Smith de Perdidos no Espaço) e Kevin Hagen, como o Inspetor Dobbs Kobick.
O Educa Tube, lendo o texto A MÍDIA COMO EXÉRCITO REGULAR (de João Brant, Revista FORUM), não pode deixar de linkar o mesmo ao referido episódio 22, da segunda temporada de Terra de Gigantes por conta das similaridades, pois atualmente a maior parte da Mídia brasileira parece se comportar como o menino gigante e seu exército de soldadinhos de chumbo manipulados por controle remeto, numa guerra violenta contra os "pequeninos" que nem sempre tem vez nem voz para expressar a sua opinião. Há por parte deste exército regular que usa câmeras e microfones como metralhadoras giratórias o foco em apenas um dos lados da questão e o total desconhecimento ou ponto de vista alheio, do contraditório, dos dois lados de uma questão. E não me referido apenas ao ponto de vista político, mas também artístico, cultural, educacional e social. Pois é público e notória que cana rede de televisão tem seus próprios atores, cantores, etc. Cada uma tem o seu melhor cantor do Brasil, na sua opinião, simplesmente desconhecendo ou jamais divulgando alguém que faz sucesso pela concorrente. Uma guerra midiática pela audiência, as vezes utilizando-se de artilharia pesada. Agindo assim, não há como não pensar no referido texto que tomo a liberdade de publicá-lo na íntegra, com a devida referência, logo abaixo:
Observação: Imagem acima, Guerra Violenta, ep. 22, 2ª T., série Terra de Gigantes.
A MÍDIA COMO EXÉRCITO REGULAR, por João Brant
Quando se analisa a ligação entre comunicação e política, a tendência é olhar para a cobertura do período eleitoral ou para os escândalos políticos. São, de fato, dois bons termômetros. Mas entre uma eleição e um escândalo há o noticiário do dia a dia, aquele que fala dos fatos de hoje que serão esquecidos depois de amanhã, mas que ajudam a consolidar o entendimento de cada um sobre o mundo.
Não dá para falar de como os meios de comunicação contribuem para a disputa de hegemonia sem olhar para esse “varejo”. Quase todos os especialistas ouvidos pelos noticiários de televisão têm pensamento alinhado com o da emissora – em geral, liberal do ponto de vista econômico e conservador no campo político. Os mesmos nomes se repetem em várias emissoras, muitas vezes sem especialidade alguma sobre o assunto.
Pois bem, escrevo esse texto no dia em que assisti a um programa de debates da Globo News sobre a situação política da Venezuela. Os três convidados tinham abordagens diferentes, mas todos em torno de um certo ponto de partida comum, que enxerga Chávez como um ditador e o chavismo como um fenômeno a ser derrotado. Nenhum deles ousou ao menos se perguntar por que será que o povo apoia Chávez e suas políticas.
Já há mais de 15 anos que estudo os meios de comunicação e é evidente que essas coisas não me surpreendem mais, como não devem surpreender a nenhum leitor deste Brasil de Fato. Mas o problema está justamente aí. A exclusão de determinadas vozes do noticiário e dos raros programas de debate é tão comum que nós já naturalizamos este fato. Buscar a presença de diversidade e pluralismo nos meios de comunicação significa se irritar todos os dias com a ausência deles. Nestes casos, não é raro a resignação se tornar uma autodefesa.
É claro que a experiência pessoal de cada um e os espaços alternativos de informação, em especial na internet, ajudam a contrabalançar este quadro. Mas o cenário ainda é muito desigual. Como avaliou outro dia o sociólogo Emir Sader, “eles têm o exército regular, nós só contamos com a guerrilha”.
João Brant é coordenador do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social.
Artigo originalmente publicado na edição 516 do Brasil de Fato.
Opinião do Educa Tube:
O vídeo Guerra Violenta é um daqueles que garimpei no baú da memória infanto-juvenil, dos filmes, desenhos animados, seriados etc que assisti quando menino e que tenho utilizado com foco educacional. Como diz João Brant: "Buscar a presença de diversidade e pluralismo nos meios de comunicação significa se irritar todos os dias com a ausência deles". Como educador, que incentiva a análise de qualquer assunto por mais de um ponto de vista, que é favorável ao contraditório, a argumentação e a reflexão, este texto e o vídeo, que tratam de uma terra de gigantes (ora real, ora ficcional), ambos servem para uma ampla discussão no ambiente escolar entre professores e colegas, bem como com seus alunos.
Falando sobre diversidade e pluralismo, sugiro também leitura do texto abaixo:
PLURALIDADE DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO
Ainda sobre este tema que envolve mídia, educação, terra de gigantes e guerras violentas ou não, sugiro a leitura do texto sobre o poder da Mídia, de autoria de Paulo Nogueira, link abaixo:
O ÚLTIMO SUSPIRO DE INFLUÊNCIA DA MÍDIA
Em tempo, o episódio Guerra Violenta, pode ser baixado, para conhecimento e reflexão, através do link abaixo:
GUERRA VIOLENTA - Ep. 22, 2ª T. - TERRA DE GIGANTES
Sempre bom lembrar que parte da Mídia "elegeu" e depois destronou um presidente da República, no Brasil, na década de 1990. E para finalizar esta postagem, coloco o videoclipe da banda Engenheiros do Hawaii, que justamente chama-se Terra de Gigantes, para ampliar esta postagem e reflexão:
Posterior a publicação deste post, encontrei um artigo intitulado justamente TERRA DE GIGANTES, que recomendo leitura (link abaixo), pois vem ao encontro ao objetivo desta publicação:
TERRA DE GIGANTES - CARTA CAPITAL
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