quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
Tolerância: curta-metragem de animação para abrir um debate com a comunidade escolar
O vídeo acima Tolerantia (Tolerância), de autoria de Ivan Ramadan, produzido na Bósnia e Herzegovina (2008), com diversas premiações, trata-se de curta-metragem de animação que descobri no You Tube e traz uma forte mensagem contra a intolerância.
Sobrevivente da Era do Gelo, no centro da Bósnia, quando muda o clima, descongela e passa a reunir blocos de pedras e construir a sua pirâmide, sem saber que outro faz o mesmo, bem próximo. Mas cada qual pensa diferente e ao invés de um ver no outro um vizinho, passa a atacar um ao outro, tornando-se inimigos, arremessando as próprias pedras de suas construções. A menção ao centro da Bósnia e o fim da Era do Gelo, provavelmente seja para contextualização das origens dos conflitos étnicos na região, desde sempre, fruto justamente desta intolerância, que existe em outras partes do planeta, como Israel x Palestina, Irlanda e Inglaterra, País Basco X Espanha, as duas Coréias, e uma lista imensa, se formos catalogar, pensando no macrocosmos, e colocando a lente sobre o microcosmo, as brigas entre famílias no Nordeste brasileiro, de alguém vingar a morte de um familiar, matando um integrante da família adversária e outras coisas mais... A própria imagem do final da Era do Gelo, opinião do Educa Tube, seja uma metáfora para mostrar que vez em quando a intolerância fica congalada, anestesiada, mas que de era em era, de tempos em tempos, como ciclos, torna a descongelar e se mostrar, por fazer parte da natureza humana, que precisa ser trabalhada através do convívio social, da estipulação de regras de convivência mútua.
Ótimo material para discutir as relações humanas, o convívio em sociedade e no ambiente escolar. De debater sobre situações intolerantes que ocorrem todos os dias ao nosso redor, seja no trânsito, no esporte, na política, na religião, na escola, na família, em toda parte...
Nas redes sociais percebe-se que nem sempre a opinião do outro, que diverge da nossa, é respeitada, muitos confundindo argumentação com ofensa pessoal. Há nessas discussões mais ataques pessoais do que defesa de projetos... Já comentei até que a palavra escrita não tem sotaque, e por isso, muitas vezes, uma frase simples é interpretada com um tom áspero que ela pode não possuir pelo emissor, mas que é sentida equivocadamente pelo receptor. Que há mal entendidos, pela falta do diálogo e pela falta do exercício da alteridade, do colocar-se no lugar do outro. E mais que tudo, da falta do exercício da autocrítica, pois muitas vezes criticamos no outro, coisas que, quando estamos na situação do outro, fazemos o mesmo... Entre a diversidade e a adversidade, existem mais do que algumas letras para fazer a diferença...
De fato, as divergências, se administradas com intolerância, levam ao erguimento de muralhas, de castelos, de monumentos vazios e da destruição mútua (e assistimos isto seguidamente nos telejornais, de países vizinhos em guerra, de conflitos seculares por conta de questões religiosas, disputas de território, de riquezas e tudo mais), quando se deveria saber conviver juntos, construir juntos, divergir juntos, respeitando a opinião alheia, sem que fosse preciso partir para o ataque pessoal, seja com ofensas, ou literalmente, como no vídeo, com pedras e paus, e na vida real, com tiros, bombas e coisas piores...
Há uma frase circulando nas redes sociais que diz justamente isso: "Não aumente o tom da voz, melhore os seus argumentos". Endosso. Defender um ponto de vista é natural, agredir um adversário, não...
Enfim, um belo vídeo para abrir uma saudável discussão, afinal, o vídeo ironicamente se chama tolerância, para mostrar justamente o oposto; assim como muitos discursos que começam progressistas mas escondem uma prática ultraconservadora, do tipo: "Não é que eu seja preconceituoso...", para logo em seguida fazer um comentário racista e/ou preconceituoso. Paradoxos do cotidiano que precisamos debater na sala de aula, na escola como um todo, não apenas com alunos, mas entre colegas educadores - que também possam agir de forma intolerante, sem se dar conta - e levar para a comunidade escolar, além dos muros da instituição esta discussão. O bullying, por exemplo, tão discutido hoje em dia, às vezes surge de uma pequena pirâmide que é construída pedra sobre pedra, até tornar-se um imenso monumento à intolerância. E o bullying na escola, não é apenas entre alunos, existe outras formas. Há bullying de aluno contra professor, de pais e/ou responsáveis contra professores, por conta da defesa intransigente que alguns adultos fazem dos atos injustificáveis e indefensáveis das crianças e jovens, mhitas vezes por conta da omissão, tentando se redimir dos erros, encobrindo os seus e acobertando os deles...
Enfim, um vídeo para trabalhar com alunos, professores, gestores e toda comunidade escolar...
Parabéns pela sua iniciativa de estar refletindo sobre um mundo melhor
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