quarta-feira, 19 de março de 2014
O Quiosque, a Zona de Conforto e o Poder da Educação
O vídeo acima O Quiosque, trata-se de trailer do curta-metragem de animação que participou do Festival de Animação Anima Mundi (Alma do Mundo), edição de 2013, com produção da cartunista suíça Anete Melece.
Um curta que trata das pessoas que se submetem a uma rotina, muitas vezes sem se dar conta, presos à chamada "Zona de Conforto", sem arriscar, sem se expor a riscos, sem viver uma vida além de sua linha do horizonte. Que se sentem acomodadas naquela doce monotonia, até que algo os faz repensar a própria vida e mudar seus hábitos. O trailer acima mostra uma história simples e comum a muitos outros: "Olga é uma vendedora que passou anos de sua vida presa dentro do quiosque onde trabalha, simplesmente porque seu vício em doces a deixou maior que a saída. Assim, ela é forçada a viver ali, onde a única coisa que faz é ler revistas de viagem, sonhando em um dia conhecer outros lugares".
A própria Anete, segundo o blog Anima Mundi disse: "Fiz o filme esperando que o público reconheça na Olga a vida de algum amigo ou parente", conta a diretora.
Para isso, Anete utilizou "técnicas de colagem e ambientando a história com cenários em aquarela", fazendo que "os diálogos dos personagens fossem apenas sons sem palavras, universalizando a identificação com público".
A realidade local que é universal e vice-versa.
O Quiosque é a metáfora do espaço de confinamento que cada um se prende, fazendo de pequena janela a única visão que se tem do mundo lá fora. Aqueles que ficam em sua zona de conforto, normalmente estão presos em seus quiosques, como a personagem Olga, e quando se dão conta disso, nem sempre conseguem mais sair daquele diminuto espaço de convivência.
Depois de assistir ao trailer acima, o Educa Tube Brasil tentou encontrar uma versão integral na internet, mas não localizou, encontrando um belíssimo curta-metragem egípcios de 2010(vide abaixo), também intitulado O Quiosque :
O curta-metragem acima (co legendas em inglês), dirigido por Gehad Abdel Nasser, conta a história de "Um menino vê seu mundo através da janela do quiosque em que ele trabalha", que somente trabalha para ajudar seus pais, não estuda e tem o sonho de ser escritor. Hammouda, o menino, passa boa parte do tempo no quiosque, ora atendendo os clientes, ora escrevendo, desenhando e sonhando com suas histórias, até que uma menina se interessa por suas histórias e conta para sua mãe, que convence os pais do garoto a deixa-lo voltar a estudar.
Um ótimo material para tratar de trabalho infantil, sobre crianças que não tem o direito de ser apenas crianças, do papel do livro, da literatura, da escola e da imaginação na vida de uma criança e muito mais.
A educação, logicamente não é um quiosque, muito pelo contrário, mas deve ser muito mais do que uma janela para o mundo e sim uma porta para um futuro melhor. E a arte e a cultura são linguagens que favorecem estas trocas entre educadores e educandos. Saber valorizar o talento natural para alguma arte, esporte etc é papel social de todo educador, seja pai ou professor, principalmente tentando tirar alunos e filhos - e a si mesmos - da zona de conforto de de projetos e atividades que não são significativas para ambos...
O Quiosque, versão egípcia, mostra que a realidade local de lá é comum em toda parte... E o recurso do teatro de marionetes para ilustrar os sonhos do menino Hammouda, serve também para refletir entre o real e o imaginário, dentro e fora da escola.
Dois belos curtas-metragens com mesmo nome, mas com propostas diversas que permitem uma múltipla utilização no ambiente escolar e social.
A Educação emancipadora é um dos meios de vermos além da janela de nosso quiosque e de nossa zona de conforto, preparando-nos muito mais do que pro simples mercado de trabalho, mas para a vida...
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