quinta-feira, 29 de maio de 2014
O "homem banda" sueco e a banda larga do professor multifuncional
O divertido vídeo acima, que descobri no portal PavaBlog: singular.mente.plural, chama-se Swedish Street Musician, como o próprio nome indica, trata-se da curiosa apresentação de um músico de rua (Anders Flanderz, em Södermalm, Estocolmo, Suécia), que é uma verdadeira banda de um homem só, concentrando diversos instrumentos musicais, tocados através de seus movimentos corporais.
O músico parece até um estranho astronauta com capacete e mochila às costas, e mais irônico fica a situação se pensarmos que ele toca justamente o Tema do filme Star Wars (Guerra nas Estrelas), de John Williams.
Mais que uma diversão, considero uma boa oportunidade para uma breve reflexão sobre o papel social do artista e do educador - que devem ir aonde o povo está, parafraseando versos de Fernando Brant, cantados por Milton Nascimento em Nos Bailes da Vida -, ambas profissões que nem sempre têm o devido reconhecimento. Educar é uma arte, tocar uma música, uma aprendizagem...
Muitos educadores que conheço - a sua maioria, por sinal - são como o "homem banda" acima, pois por conta de sua multifuncionalidade, atuam muito mais do que professores em sala de aula, trabalhando apenas conteúdos educacionais. Boa parte dos professores que conheço desempenham diversas atividades além de educar, pois acabam sendo muitas vezes pais substitutos, enfermeiros, terapeutas, psicólogos e por aí vai... E digo mais: nenhuma escola pública que eu conheça funcionaria minimamente se não houvesse, tanto da parte dos professores de sala de aula como de suas equipes diretivas e funcionários esta multifuncionalidade, de fazer múltiplas funções - muito além do que o estatuto de servidor público -, apesar de nem sempre ter a devida remuneração e reconhecimento social.
Como o artista de rua, muito educador precisa ter dupla ou tripla jornada de trabalho, se revezando entre escolas públicas, particulares, cursinhos, aulas particulares etc. E quem sabe, no final do dia e do mês, sentir a mesma sensação do músico de rua quando olha o seu chapéu com algumas moedas.
Enquanto a arte, em geral, e a arte de ensinar, em particular, ainda que em sentido público e universal, não forem vistas e tratadas como uma profissão e não apenas uma vocação, uma atividade complementar, pouca coisa mudará em nossa sociedade.
Professor não é uma astronauta, mas precisa fazer expedições ao Planeta do Aluno, para conhecer seus usos e costumes, sua linguagem e sonhos. E uma das linguagens que promove esta interação é justamente a música, já que a atual geração é, acima de tudo, audiovisual.
E por falar em banda de um homem só, pensar a internet e as TIC (Tecnologias da Informação e da Comunicação) no ambiente escolar requer repensar a própria questão da banda larga e da rede social. Há que se lutar para inversão de uma lógica perversa e inversa, de velocidade lenta e preço caro, ao invés de o contrário. Repensar o papel das tecnologias aplicadas à educação, como algo que requer justamente a conectividade, mobilidade, acessibilidade, interação e inclusão.
O professor do século XX é multifuncional em tarefas, funções e atividades analógicas e algumas meramente manuais, mas ainda encontra muita resistência em aderir ao Mundo Digital. Muitos atuam como um mestre Jedi temendo o Lado Oculto da Força, só para comparar com o filme Guerra nas Estrelas.
Nem 8 nem 80. As TIC não são um "bicho-de-sete-cabeças", tampouco uma varinha mágica que todo se realiza, apenas apertando alguns botões. Mas se servir de consolo, se bem utilizadas as TIC, em parceria com o aluno, pode proporcionar grandes descobertas, tão luminosas como as espadas dos Jedis.
Para ver, refletir e divulgar.
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