sexta-feira, 20 de novembro de 2015
Mestres jedis: Cinema, videogame, tecnologia e o "arrebatamento" educacional
O criativo vídeo acima, Star Wars: Battlefront Live Action Trailer – Become More Powerful, descobri na rede social, no portal Brainstorm9 e remete ao filme Star Wars (Guerra nas Estrelas), mas trata-se de trailer para anunciar o jogo eletrônico, inspirado nesta série de George Lucas.
De forma intertextual, o vídeo dialoga com outra série cinematográfica, chamada Deixados para trás, que trata do arrebatamento religioso, em que boa parte da população da Terra desaparece, e os que são "deixados para trás" aguardam um sinal: o fim dos tempos?
Conforme a Wikipedia: "O Arrebatamento é um conceito que está presente em algumas interpretações da escatologia cristã, inclusive o dispensacionalismo, criadas a partir do século XIX, cujo pontapé inicial foi dado pelo ministro anglicano John Nelson Darby. É uma interpretação de vários livros bíblicos, como por exemplo o Apocalipse, livro da revelação dada ao apóstolo João sobre o futuro da humanidade. Trata-se de um momento no qual Jesus resgataria os salvos para a Nova Jerusalém, deixando na Terra os demais seres humanos que não o aceitaram como salvador".
Religião à parte - respeitando o credo de cada um e lembrando também que ainda vivemos num estado laico -, pensando primeiro o cinema e a tecnologia e depois a tecnologia e a educação, há que se discutir outras relações de arrebatamento artístico, cultural, social e educacional.
Na propaganda acima, da "frente de batalha", traz a participação da atriz Anna Kendrick, que com uma faca de cozinha às mãos, faz alusão ao sabre de luz dos jedis, ao dizer: “Se você me atingir, eu me tornarei mais poderosa do que você é capaz de imaginar”. E em seguida é transportada para o universo do jogo que é simulação do filme.
Transpondo a imersão no universo do cinema e dos jogos eletrônicos e seus arrebatamentos visuais, a tecnologia na educação ainda não produziu esse arrebatamento no aluno, que filmes e jogos provocam, fazendo-o quase desaparecer e adentrar a outro mundo, enquanto vendo e jogando.
As tecnologias na educação, ainda requerem uma metodologia adequa para sua utilização causar um arrebatamento educacional, que não seja uma mera transposição da mesma prática escolar, feita antigamente por papel carbono e mimeógrafo, depois atualizada para o retroprojetor e atualmente para o projetor multimídia ou datashow.
Da folha mimeografada para a transparência e slides, e hoje para os slides digitais, transformou-se o meio, mas a finalidade em si, continua a mesma, ou seja: novas tecnologias requerem novas metodologias e não o simples adaptar-se à novidade, nem tão nova assim, já que o conceito continua o mesmo, de copiar, de transferir, independentemente da ferramenta utilizada.
Pensar a função da câmera fotográfica de um smartphone como um scanner de mão é inovador, digitalizando documentos, textos, fotografias etc. Utilizar o datashow para projetar mensagens de final de ano, que poderiam ser feitas de forma impressa, é apenas sofisticar a tradição. Usar um aplicativo para celular, de geolocalização, tipo GPS (existem diversos utilizados por corredores e ciclistas como o Strava, por exemplo) para desenhar uma saída de campo com alunos em uma aula de geografia, é inovador. Mas fotografar esse passeio apenas para mostrar aos pais, em reunião, é sofisticar a tradição.
Entre a cópia e a criação, a reprodução e a produção de conteúdo em coautoria com o aluno, eis a sensível diferença que causa o autêntico "arrebatamento" do alunado para o universo do professor. E, nem sempre, necessariamente, requer a utilização de tecnologias eletro-eletrônicas. O quadro e o giz, bem utilizados dentro de uma proposta que promova a imaginação do alunado causa também outros arrebatamentos. Tudo é questão de didática e metodologia adequadas à proposta educacional que se pretende utilizar. Tudo depende de organização, planejamento, troca de conhecimentos, parceria com outros colegas e com os alunos.
Se de forma intertextual o vídeo dialoga com videogames e cinema, de forma interdisciplinar, este material serve para propor atividades de "arrebatamento" entre professores das mais variadas disciplinas, em atividades que possam o conhecimento de ambas transitarem, seja em uma saída de campo em torno da escola, seja em alguma atividade em seu interior. Basta unir forças para enfrentar o lado oculta da Força que é a repetência, a evasão, a violência e outras situações que preocupam a comunidade escolar.
Todo professor é um mestre, ainda que nem todos sejam um mestre Yoda ou um jedi. Mas utilizar-se do universo dos jogos, do cinema, da arte e cultura em geral, poderá provocar um saudável arrebatamento escolar...
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