terça-feira, 15 de dezembro de 2015
Vale Misterioso: Curta de sci-fi e a visão sombria sobre futuro da Realidade Virtual
O vídeo acima Uncanny Valley (Vale misterioso), foi preciosa indicação via Twitter do colega e amigo Robson Garcia Freire, educador do Rio de Janeiro, RJ, Brasil e editor do blog Caldeirão de Ideias.
Trata-se de instigante curta-metragem argentino, de 2015, com direção e roteiro de Federico Heller, que apresenta um mundo futuro em que está inserida a Realidade Virtual, diferente daquele que comumente imaginamos: algo fantástico, inovador e um salto para um futuro melhor.
O "Vale Misterioso", no caso, mostra dois planos de narrativa: a do jogador dentro do ambiente de realidade virtual, que simula um mundo degradado e violento em que esse jogador, travestido de soldado, precisa sobreviver, eliminando alvos que se assemelham a monstros.
No segundo plano, a realidade se desvenda, e esse jogador, no caso é um usuário de drogas, que se conecta a esse muito alucinógeno, mediante o uso de uma espécie de anel e piercing eletrônico, colocado entre as narinas. Não por acaso também que o uso de entorpecentes já foi comparado por poetas a "paraísos artificiais", que ao final dessa experiência, bem sabemos, torna-se um inferno na Terra, seja pelo vício em si, seja pelo que isso decorre à saúde e integridade física e psicológica do drogado, sujeito à ameaças de traficantes, levado ao roubo para manter aquela rotina de uma realidade alternativa, fugindo do mundo real.
Impossível não associar Uncanny Valley a outros filmes como Matrix, Avatar, No Limite do Amanhã, Sob o domínio do mal, entre outros. Bem como ao GTA, Mortal Combat e outros jogos eletrônicos em que a violência é banalizada, desde que não tenha o devido acompanhamento do educador - primeiro os pais, em segundo plano, os professores. Há que se contextualizar o real e o imaginário. E este é o papel social de pais e professores...
No curta, quando esse jogador e seu avatar cruzam o limite entre realidade e ficção, há uma cena espetacular em que seu avatar robótico de repente toma consciência de onde está, provavelmente em algum país invadido do Oriente Médio ou Ásia, totalmente destruído por bombas e bombardeios, em que esses soldados robotizados (adestrados) agem como crianças e jovens jogadores de videogame atirando naquilo que se move, sem nenhum tipo de humanidade nem consciência de mundo. A cena de uma mãe e seu filho morto diante desse robô é avassaladora e lembra o drama dos refugiados que fogem de seus países destruídos pela Máquina da Guerra e são maltratados onde chegam, como se fossem invasores. Quem invade o que, afinal?
Um vídeo para discutir história, sociologia, filosofia, arte, cultura, educação etc; E para tratar de vida online e off line, seus limites e possibilidades. Pois as tecnologias na educação podem favorecer a aprendizagem e o ensino, se adequadas à prática escolar, e não como mero jogo de faz de conta... Como proposta pedagógica e não apenas recreação...
A Realidade Virtual pode ser uma ótima aliada a viagens sem sair do lugares, seja nas aulas de história e geografia, mas também pode ser uma forma de alienação sobre o mundo ao redor, casos e restrinja apenas a usar capacetes e óculos com fones de ouvido e ficar conectado a essa Matrix digital e totalmente isolado do chamado mundo real. E por isso, cada vez mais a importância dos pais e professores no acompanhamento do uso das tecnologias por crianças e jovens, tanto no ambiente familiar e escolar, para que a afetividade, a humanidade e espírito de comunidade não sejam apenas "realidades virtuais" num futuro distante e sombrio, individualista, consumista, corporativo e desumano.
De acordo com o portal B9: “'Uncanny Valley' estreou hoje online, mas suas sessões privadas em Los Angeles despertaram o interesse de Hollywood, segundo o Deadline. O conceito já é interessante o bastante, mas a adaptação para os cinemas se apoiaria inclusive em experiências de realidade virtual, com utilização de Oculus Rift. Dirigido por Federico Heller, 'Uncanny Valley' vai seguindo um caminho parecido com 'Alive in Joburg', curta de Neill Blomkamp que deu origem a 'Distrito 9'".
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