quinta-feira, 14 de abril de 2016
A comovente história de Raymond e Patrick (Grandes mestres e alunos surdos)
O vídeo acima que intitulei Esse é o mundo em que acredito. Esse é o mundo que ainda vale a pena, encontrei visitando a página Os Grandes Mestres, através do Facebook da colega e amiga Marisa Barreto Pires, educadora em Rio Grande, Rs, Brasil e trata-se de uma história relevante e motivadora. Aliás, duas histórias: a de Patrick, jovem de 15 anos, que nasceu surdo e vive em uma região remota de Uganda, sem escolas para alunos surdos, e que vivia condenado, por conta de sua deficiência auditiva, a uma espécie de mutismo, até receber a visita de um professor de língua de sinais (Raymond, que também é surdo) e se integra, junto a outros jovens e idosos na mesma situação, a uma turma especial, no coração da África subsaariana, unindo crianças de 9 a idosos de 80 anos. E a história de Raymond (no início similar a de Patrick, do surdo que se torna professor de outros surdos, seu desprendimento, sua didática e metodologia) merecia também um vídeo à parte, por sua dedicação.
Toda essa trajetória de professor e aluno surdos é documentada neste vídeo por uma equipe de jornalismo, e mais do que uma atividade de inclusão pedagógica e social, é um ótimo material para discutir a aprendizagem em geral, e não apenas o ensino da língua de sinais, pois há uma didática e metodologia cativante e um gesto de solidariedade, de gentileza, de humanidade que deve ser destacado. Humanos que mantém sua humanidade e dignidade, apesar das privações e necessidades...
Ao final de um dia, um único dia, é possível perceber a mudança drástica de Patrick, de um jovem fechado em si mesmo, sem poder se comunicar, a não ser com o pai, por breves gestos, a um aluno dedicado e integrado a um grupo de colegas que passam a se entender.
Os grandes mestres estão por ai, nem sempre conhecidos ou reconhecidos por nós, fazendo seu trabalho mundo afora, muitos de forma anônima, sem o devido destaque nem valorização. Pessoas humanas, sim, pois não são indiferentes ao seu semelhante; que não querem ser o melhor, mas fazem o seu melhor. Diferentes pois não são indiferentes. Humanos por não terem esquecido sua humanidade.
Este vídeo lembrou-me versos de Milton nascimento e Fernando Brandt, na canção Nos Bailes da Vida, em que dizia que "Todo artista deve ir aonde o povo está". Fato! A educação e a escola devem ir aonde existe necessidade, não somente os alunos irem onde estiver uma escola. Devem ser oferecidas oportunidades de que pessoas possam ser integradas à sociedade.
A experiência de Patrick, lembrou-me também a história de Maruge, idoso que passou grande parte da vida como preso político no Quênia e aos 83 resolve aprender a ler e escrever, contada no filme O Aluno, que recomendo a todos os educadores.
Abaixo, breve sinopse do filme:
"Maruge lutou pela liberdade de seu país, foi preso e torturado. Aos 83 anos, se fazendo valer de um discurso do Presidente do Quênia que garante educação para todos, Maruge decide se matricular numa escola primária, gerando revolta nos moradores da região. O filme é um drama tenso, mas belíssimo e inspirador."
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