quinta-feira, 5 de maio de 2016
O homem que falava javanês: Humor digital e a didática na educação
O vídeo acima Aprenda como desbloquear o whatsapp , descobri via Facebook do colega e amigo José Carlos Antonio, educador de Santa Bárbara do Oeste (SP), Brasil e editor do blog Professor Digital.
Trata-se de um vídeo que o Educa Tube Brasil considera de "humor digital", por conta de termo improváveis como "roteador monocromático", uma pegadinha virtual para brincar com a questão do bloqueio do aplicativo de troca de mensagens - recentemente bloqueado novamente por decisão judicial -, mas que utiliza-se de termos pseudo técnicos para confundir leigos. (Caso não seja um pegadinha, o blog pede desculpas antecipadas.)
Como comenta o professor digital José Carlos Antonio, sobre o referido vídeo: "(...) pode ser usado tanto para tratar a questão da didática quanto da importância de um conhecimento genérico sobre tecnologia que permita perceber coisas, como você percebeu, que não fazem o menor sentido".
Sendo uma brincadeira (o que tudo indica) ou coisa séria, é um material que serve para discutir a DIDÁTICA na educação, ou seja, a forma de passar um conteúdo técnico ou teórico de forma acessível ao cursista, ao aluno, ao leigo, que não pareça um enigma ou um código secreto, uma língua desconhecida. Algo que não transite da linguagem java (linguagem de máquina, da computação) e O homem que falava javanês (clássico da da literatura brasileira, de Lima Barreto).
O bom educador não é aquele que fala de forma incompreensível, ainda que domine o conteúdo; mas o que consiga passar de forma didática este conhecimento a outrem. Não pode ser o professor que não se importa em repetir dezenas de vezes a mesma explicação, sem alterar uma vírgula. Há que ser eclético na forma de abordar um tema, não exigindo demais do aprendiz, nem o considerando um incapaz, por não assimilar prontamente sua explicação. Muitas vezes pode ocorrer uma falha de comunicação entre o emissor (o professor) e o receptor (o aluno). Isso não significa que o educador tenha que nivelar por baixo o conteúdo, mas que também não deva exigir de sua turma uma compreensão profunda que ele ainda não possui.
Neste ponto é que me refiro ao vídeo, pois se não é uma brincadeira, conheço algumas pessoas que em palestras, cursos e atividades diversas se dirige ao público como se todos fossem phD no tema a ser abordado, usando conceitos e terminologia que nem todos dominam, quase que precisando de uma tradução simultânea.
Lembro-me de certa vez, em palestra sobre cibercultura e tecnologia, o palestrante estrangeiro, que falava tanto em francês como inglês, teve tradução simultânea, primeiramente em inglês e depois em francês, por duas exímias professoras, que dominavam respectivamente aqueles dois idiomas, mas desconheciam expressões específicas da cibercultura e da tecnologia, fazendo tradução literal, que logicamente ficava sem sentido, e que o palestrante, mesmo sem conhecer o idioma português, dizia: "No, no, no..." Que não era bem isso que ele queria dizer. Foi constrangedor e ao mesmo tempo esclarecedor, pois não basta dominar um idioma, uma linguagem, se não conhecer expressões "idiomáticas" (tanto tecnológicas como noutro sentido) daquele grupo. É como saber a língua mas desconhecer suas "gírias". Neste caso, como no vídeo em questão, a comunicação fica prejudicada, pois não atinge seu objetivo maior que é o esclarecimento de uma situação.
Existem muitos vídeos que são verdadeiras aulas, sobre os mais variados temas no You Tube, proferidas por crianças, jovens e adultos, nem sempre com formação acadêmica, mas com uma didática incrível, que o editor deste blog educacional já se valeu para resolver justamente problemas técnicos em seu computador e sua rede de internet. A questão nem tanto é sobre a formação, mas a qualidade da informação que gere conhecimento.
Por isso, não basta saber muito de um tema, tem que igualmente saber repassar a informação que gere conhecimento. E ensinar algo a alguém é muito mais do que repassar dados complexos, demonstrando profundo conhecimento para si, sem atingir o outro. A didática, seja qual for a área de atuação, é essencial ao educador...
Quanto ao "roteador monocromático", pesquisei e nada encontrei, até pelo fato que o termo monocromático (uma cor apenas), seria mais apropriado para uma impressora e nem tanto para um roteador. Mas caso algum especialista na área puder esclarecer, agradeço antecipadamente pela colaboração. :-)
Nenhum comentário:
Postar um comentário