domingo, 10 de janeiro de 2021
"Quarentena": episódio do seriado "Além da Imaginação" para reflexão filosófica, sociológica e tecnológica em tempos de pandemia
O vídeo acima, Quarantine (Quarentena), trata-se do episódio 42 do seriado The Twilight Zone (Além da Imaginação), veiculado originalmente na TV no ano de 1985 e que descobri nos vídeos correlatos do YouTube. O vídeo possui 1 hora e 02 minutos, mas o curta-metragem em questão possui apenas 21 minutos, que é repetido por mais 2 vezes no cômpito geral do audiovisual.
Confesso que o tíulo me despertou o interesse e a curiosidade por vivermos tempos de pandemia e por ser um fã do referido seriado, que sempre flertou com aspectos tecnológicos, sociológicos, filosóficos e imaginários, bem antes de outros, como o famoso e atualíssimo "Black Mirror".
Em "Quarentena", a história gira em torno de um cidadão [Sr. Foreman], um engenheiro que depois de 300 ano de hibernação [por causa de doença incarável ao seu tempo) e que é revivido para ser submetido a um avançadíssimo experimento médico, científico e psicológico, chamado tecnologia biológica que envolvia, dentre outras, a intervenção via cirurgia psíquica. O enredo parte da premissa da evolução humana, junto a tecnológica, psicológica e social. Mais que isso, inicia com a ideia de que o tradicional e o moderno devem conviver em harmonia, algo essencial na vida em sociedade, seja na escola, no trabalho, na vida em família etc. "Mente sã em corpo são" é um conceito que vem de longa data, lá da Antiguidade romana e deveria ser cultivado mais ainda em tempos de distanciamento e confinamento social, quarentena e lockdown, pois envolve saúde mental e física.
O curioso é que a história nesse trânsito entre o radicional (parece ambientado numa tranquila zona rural) e o moderno (de uma engenharia genética avançadíssima), vale-se tambpem do uso da linguística e da semântica, mais precisamente da metáfora do acordar e do despertar: alguns acordam e vivem suas vidas tranquilas sem grandes divagações, robotizados, mecanizados por seus algoritmos biológicos, de casa para o trabalho e vice-versa. Outros, despertam para a vida em sociedade e para a complexidade das relações humanas e no trabalho. Uns, insistem em viver em séculos passados, outros já estão a anos-luz...
Etretant, como é tônica no seriado, há uma provocação ética sempre, e o próprio uso da tecnologia, seja ela biológica ou não, é colocada em xeque, com a visão do laboratório que lembra em muito cenas do filme Matrix, em que seres humanos servem de fonte de energia para as máquinas que criam uma realidade virtual, bem diversa do mundo concreto. A famosa questão da pílula azul (dos paraíso artificiais, que está lá na poesia romântica de Baudelaire) e a pílula vermelha (da crítica social).
No filme, há referências aos scanners (como no filme de David Cronenberg, como no filme Minority Report, os précogs), que permitem escanear o universo, como faz o observatório espacial Hubble.
Diante de uma catástrofe, de um meteoro em rota de colisão com a Terra, Foreman é convocado para fazer a telemetria do objeto celeste, visando sua desintegração pelos satélites em órbita, dotados de um sistema laser. Foreman discute a questão ética de seu "descongelamento" por causa de sua necessária intervenção.
É mostrado a Foreman as cenas de um apocalipse nuclear, acontecido 20 anos após seu congelamento criogênico e que só restaram 200 mil de toda a população mundial. Algo que vem ao encontro de certas teorias inusitadas e de enredos de sci-fi, como Planeta dos Macacos entre outros.
"Um velho tolo com ideias velhas", diz Foreman, ao saber da possibilidade de viajar pelas estrelas sem a necessidade de naves, mas por conta de corpos astrais. Minhas relações intertextuais me remeteram imediatamente ao filme Interestelar. E tambpem ao filme espítira Nosso Lar, inspirado em livro homônimo do médium Chico Xavier, obra psicografada, segundo o próprio, publicada pela primeira vez em 1944, em que relata uma cidade espiritual sobre as próprias cidades físicas. Nessa cidade, há o que hoje poderíamos chamar de laboratória do informática, em que seres desencarnados podem acessar via monitor imagens de seus entes queridos na Terra. Algo inimaginável em 1944, já que naquele tempo inexistia o moderno laboratório de informática, o computador pessoal, a internet e as redes sociais digitais; conceitos que hoje são corriqueiros em tempos de tecnologias digitais.
Por fim, retomando ao episódio QUARENTENA, sem querer fazer "spoiler", há uma crítica ao uso do conhecimento para determinados fins.
Neste período de quarentena mundial, por conta do Covid-19, a questão ética é uma das que mais têm sido trazidas à tona, por conta da postura de alguns [sejam governantes ou a população], algumas dessas situações que parecem uma volta a um passado distante, ou fruto de um seriado distópico, além da imaginação.
Um audiovisual para servir de provocação, debate e reflexão sobre questões como ciência, meio ambiente, mudanças climáticas, vida em sociedade, evolução humana e tecnológica e muito mais.
Em Produção Textual é possível mostrar como um texto ou um vídeo contém diversas referências diretas e indiretas que favorecem a contextualização de um tempo e espaço, remetendo a fatos do passado e caminhos para o futuro.
Abaixo, alguns vídeos sobre os filmes mencionados nesta postagem:
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