sexta-feira, 22 de janeiro de 2021
"Orbitar para sempre": genial curta de sci-fi sobre a transcendência do amor, além do tempo e do espaço (espécie de Romeu & Julieta sideral)
O vídeo acima, Orbit Ever After (Orbitar para sempre), descobri nos vídeos correlatos do YouTube e é uma belíssima história de amor, em tons de ficção científica, com ares rústicos, sobre orbitar em torno da Terra e entrecruzar-se com a garota de seus sonhos, e muito mais.
“Orbit Ever After" é um belíssimo curta de Jamie Magnus Stone, estrelado por Thomas Brodie-Sangster (Nigel), Mackenzie Cook (Pai), Bronagh Gallagher (Mãe), Bob Goody (Avô) e Naomi Battrick (A Garota). [ativem as legendas e a tradução nos ícones na parte inferior direita da janela de exibição]
Confesso que quando comecei a ver o curta, diversas imagens intertextuais me vieram à mente, da Família Robinson, ao ver aquele satélite orbital, em forma de cabana rústica, habitada por uma família curiosa. Uma mãe racional e seca, um pai emotivo e sem iniciativa, um avô sonhador e humorado que lembra um Quixote. Já Nigel e a Garota, do início e principalmente no final, me remeteram ao clássico de Shakespeare "Romeu e Julieta", versão sideral.
Que o amor transcende fronteiras do tempo e espaço, isso é notório, mas essa versão espacial é inusitada e vai cativando o espectador pelos detalhes.
Nigel é um jovem catador de lixo espacial que se apaixona por uma jovem que vive também noutra satélite em ruínas, e em órbita retrógrada a dele. A garota de seus sonhos cruza o céus, e a cada reencontro eles vão trocando olhares, até que numa das passagens a garota arremessa uma espécie de manuscrito metalizado. Uma mensagem que será decodificada tardiamente, já que sua mão esconde do filho e só conta o segredo, quando o jovem parte ao encontro de sua amada, sem saber de todo o conteúdo da mensagem.
O final é duplamente romântico, criativo e originalíssimo, pois "Romeu e Julieta" do céu, ao reentrarem no planeta, tornam-se um só, uma estrela cadente. Algo que me fez lembrar de versos de Camões, de Pessoa e outros poetas, quanto a questão que Nigel diz que trocaria tudo por apenas dez segundos diante de sua amada. Sua vontade foi realizada e recordei também de versos da canção "Sementes, do escritor Mario de Andrade, musicada pelo cantor Raimundo Fagner (vide clipe ao final desta postagem): "Quem gasta no amor vinte anos/ Menos amor na alegria/ Do que quem ama um só dia/ E morre de desenganos".
Um curta genial em todos os sentidos, e com um final comovente e duplamente roântico por isso: a estrela cadente ilumina um casal da Terra, ele emoção e romantismo, ela razão e praticidade. Ou seja, os ciclos que se reiniciam, como órbitas, como círculos concêntricos na água. Afinal, quantas pessoas vivem em órbitas retrógradas, seja na família, na escola, no trabalho e na sociedade?...
A seguir, imagem e link do portal DUST, onde constam diversos curtas-metragens inspiradores, sendo que alguns deles já foram indicados neste blog educacional, com uma relfexão e proposta de utilização em questões como linguagem, leitura crítica e escrita criativa:
DUST - portal de curtas-metragens
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