terça-feira, 6 de dezembro de 2022
Inteligência artificial e memória humana: reencontro de décadas entre um ex-soldado e sua esposa por meio da tecnologia
O vídeo acima, intitulado "Idoso se emociona ao ver foto de esposa falecida há 30 anos 'se mexer' com ajuda de aplicativo", vi primeiro no Tik Tok e depois procurei-o no YouTube. Trata-se de algo comovente e ao mesmo tempo preocupante. Comovente pois mostra um idoso, Jake Larson, veterano de guerra, que conforme indica a apresentação do referido vídeo no YouTube, "[...] ficou famoso por publicar vídeos contando histórias sobre a Segunda Guerra Mundial, com ajuda da sua neta, [que] posta vídeos regularmente na rede social. Mas 'o viral' veio depois que Papa Jake publicou um vídeo no momento em que vê uma foto que faz sua esposa falecida há 30 anos 'se mexer' por meio de um aplicativo desenvolvido para smartphones".
Preocupante, pois além da questão sentimental e justamente por conta disso, tais situações, não apenas com idosos, mas pessoas de boa fé que creem em tudo que veem nos meios digitais, torna-se passível de análise. O tal aplicativo deve ser como alguns que dão animações a fotos antigas, por meio de Inteligência Artificial, e existem outros mais sofisticados, chamados DeepFake, em que é sobreposto a face de alguma celebridade, além de sua voz, para fazer vídeos, de simples brincadeira a notícias falsas em tempos eleitorais ou não.
Tem-se visto Fake News toscas prosperarem entre idosos e pessoas crentes - além do sentido religioso -, que acreditam em tudo que recebem por email, WhatsApp, Facebook etc. Uma alfabetização digital para evitar manipulações, cada vez mais é fundamental. Sem falar também no componente emocional e o impacto que a manipulação de imagens poderá ocasionar em pessoas que confundem simulação com realidade.
Jake, inicialmente, acreditava que estava vendo a imagem da esposa se mexer, sem perceber se tratar de uma edição, de um efeito artificial.
Filmes como Ex Machina, Her, O Homem Bicentenário, AI, entre outros, já trataram de passagem sobre esse efeito "Caverna de Platão", em que as pessoas confundem as sombras como a realidade, mais que isso, há que se pensar no impacto emocional e social da Inteligência Artificial no cotidiano, com a sua cada vez maior popularização em aplicativos para smartphones. Asquestões a ética, moral e filosófica e suas implicações deverão ser debatidas e demilitadas também.
Recentemente, dois casos chamaram a atenção, envolvendo questões tecnológicas e emocionais no que tange ao uso da AI: Primeiro, do jovem que após 8 anos da morte de sua noiva ou namorada, através da AI e de suas conversas de bate papo, por meio de um algoritmo, tem conversado com "ela" com frequência, como se fosse com a pessoa que já não existe mais. o Segundo caso é de mãe em que foi criada uma realidade virtual, simulando a voz e os movimentos da filha também morta, causando uma emoção naquela mãe, como se a menina estivesse de fato à sua frente. Imaginem, então, tal situação se tornando corriqueira com a convivência de pessoas com seres autômatos. Já existem diversas séries tratando disso, como Humans e Better Than Us, Black Mirror, Além da Imaginação, etc.
Se a memória é que nos faz humanos, lutando contra o esquecimento, ser humano também é aceitar que o esquecimento faz parte da vivência humana. Entre a memória humana e a inteligência artificial, há mais coisas que possa supor nossa vã tecnologia, parafraseando William Shakespeare.
Abaixo, uma das história de guerra de Jake Larson:
Observação:
Esta postagem é de autoria de José Antonio Klaes Roig, professor, escritor e poeta, além de editor do blog Educa Tube Brasil. http://educa-tube.blogspot.com
José Antonio Klaes Roig ou Zé Roig, como gosta de ser chamado, possui o Prêmio de Professor Transformador [2020] e seu blog Educa Tube Brasil, o Prêmio de um dos melhores blogues educacionais do Brasil [2020], conforme selos estampados na coluna à direta desta postagem.
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