sexta-feira, 11 de abril de 2014
A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte (além de cultura e educação)
O vídeo acima Menina deu moedas pra músico de rua e olhem a surpresa, encontrei no You Tube e trata-se de mais um desses flash mob (movimentações relâmpago), muito comum na Europa e em algumas capitais, mundo afora, em que pessoas se reúnem com o objetivo de fazer apresentações em praças, estações rodoviárias, ferroviárias, aeroportos e todos os locais de grandes aglomerações humanas, levando arte e cultura, desde apresentações sinfônicas - como a do vídeo em questão - como de peças de teatro, dança, etc.
O que diferencia este flash mob de outras tantas? Nada em especial, apenas o insight que tive ao ver a surpresa da menina e a alegria de outras crianças, jovens, adultos e idosos com a beleza do espetáculo, em que os músicos não estão trajados à caráter, sem pompa e circunstância de um teatro. E por isso mesmo, lembrou outras duas canções brasileiras, das décadas de 1970, 1980.
A primeira, que me inspirou o título desta postagem é Comida, vídeo abaixo e link para a letra AQUI, da banda Titãs, que falava justamente dessa necessidade do povo, não apenas de comida, mas uma gama de coisas, dentre elas a arte e a cultura, para lhe dar subsistência, não apenas física, mas ética, moral, social e espiritual.
Sempre digo que não é que o povo goste apenas de músicas de gosto discutível. Não se pode gostar de algo que desconhece ou que está inacessível, restrito a lugares pequenos e caros. Ópera, música, clássica, teatro e muito mais, quando vão aonde o povo está, são bem vistas e bem vindas. E o flash mob acima é a prova cabal disto. Ninguém pode gostar de algo que lhe é negado pela grande mídia e a ditadura do mau gosto. Ditadura no sentido de que, por melhor que seja o ritmo, o estilo musical, ficar 24 horas por dia, 7 dias por semana, 30 dias por mês , 365 dias ao ano, apenas vendo e ouvindo as mesmas coisas é uma tortura. Não estou emitindo juízo de valor, apenas constatando a pouca diversificação da grade de programação das televisões, por exemplo.
A segunda canção que me lembrei foi Nos Bailes da Vida, de Fernando Brant e Milton Nascimento (logo a seguir e link para letra AQUI), que trata desta questão de "todo artista ir aonde o povo está"... E digo mais, não apenas o artista, mas principalmente o educador do século XXI, que precisa pensar outras formas de interação além da sala de aula, ainda no formato do século XIX e da formação expositiva, centralizada no professor, do século XX.
E este é o papel do educador moderno: fomentar discussões, incentivar a análise crítica sobre um contexto, mostrar outras formas de arte, fontes históricas etc Não ficar restrito apenas ao livro didático e seu "estudo dirigido", aos cadernos amarelados pelo tempo, à cultura massificada pelos meios de comunicação, que visam audiência e lucro acima de tudo... E as crianças e jovens são um mercado consumidor a ser explorado e às vezes manipulado por agressivas campanhas publicitárias.
Pensando esta bela e ainda atual canção, sob ponto de vista educacional: "Cantar era buscar o caminho/ Que vai dar no sol/ Tenho comigo as lembranças do que eu era/ Para cantar nada era longe, tudo tão bom". E de fato, educar é buscar um caminho que faça a informação gerar conhecimento, e neste processo, as lembranças do que fomos é algo essencial neste diálogo com o aluno. Cantar e educar levam ao duplo encantamento do ouvinte... A arte é um agregador, que possibilita diversas formas de expressão de um conteúdo educacional, pois a verdadeira arte é a expressão máxima de uma sociedade.
"Foi nos bailes da vida ou num bar/ Em troca de pão/ Que muita gente boa pôs o pé na profissão/ De tocar um instrumento e de cantar/ Não importando se quem pagou quis ouvir/ Foi assim" e assim deve agir o bom professor, diferentemente do simples burocrata do saber, que se importa mais com planos estéticos, carga horária, vestuário, número de dias letivos, sem interagir de forma lúdica, afetiva, experimental com seus alunos, sem se importar se quem pagou ou não, quis ouvir. O educador moderno deve fazer seu melhor e aqueles alunos que não são cativados pela arte, cultura, experiências de vida e boa metodologia e didática, jamais será tocado, encantado, e ai não é culpa da Educação Escolar, mas da formação familiar, da falta de limites e valores...
Entretanto, o Educa Tube Brasil sempre lembra que esta geração é eminentemente audiovisual, e saber utilizar de recursos que envolvam imagens, vídeos, música, dança, teatro, esportes e todo tipo de forma de arte e cultura poderá ser uma boa forma de encantá-la.
Imaginem chamar para reunião os pais, e ao invés de só expor reclamações e receios - que são reais e contundentes -, vez em quando promover algum tipo de flash mob (mobilização relâmpago) com os alunos, mostrando a seus progenitores e/ou responsáveis, os talentos natos de seus filhos para a arte, cultura e educação, de uma forma criativa, original e simples.
O aluno precisa ser acordado, despertado, encantado para as múltiplas formas de passar um conteúdo, seja ele qual for, desde que com humor, criatividade, colaboração (entre os próprios alunos e o professor) e cooperação (entre outros professores e suas turmas). Não é simples, não é fácil, requer trocas de experiências, planejamento, ensaios, mas quem disse que educar é algo simples? Nem tudo se aprende de forma autodidata. A visão e experiência de um professor sempre será necessária para qualificar um projeto, uma atividade, uma vida escolar, pois sejam "Nos Bailes da Vida" e nos caminhos do conhecimento, todos aprendemos e ensinamos uns aos outros...
Então, diante de flash mob's e outras mobilizações em prol da educação, ficam as perguntas que não querem calar, pois se "Bebida é água!/ Comida é pasto!/ Você tem sede de que?/ Você tem fome de que?.../ A gente não quer só comida/ A gente quer comida/ Diversão e arte/ A gente não quer só comida/ A gente quer saída/ Para qualquer parte.../ A gente não quer só comida/ A gente quer bebida/ Diversão, balé/ A gente não quer só comida/ A gente quer a vida/ Como a vida quer.../ A gente não quer só comer/ A gente quer comer/ E quer fazer amor/ A gente não quer só comer/ A gente quer prazer/ Prá aliviar a dor.../ A gente não quer/ Só dinheiro/ A gente quer dinheiro/ E felicidade/ A gente não quer/ Só dinheiro/ A gente quer inteiro/ E não pela metade..." (fragmento canção Comida, dos Titãs).
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