quinta-feira, 10 de abril de 2014
Nem tudo é o que parece. Não julgue tão rápido (publicidade, educação e sociedade)
O vídeo acima Nem tudo é o que parece - Não julgue tão rápido, descobri por acaso no You Tybe e trata-se de brilhante campanha publicitária, vencedora do Leão de Ouro de Cannes em 2005, feita para uma companhia hipotecária, indicando que a empresa, apesar das aparências do cliente, não o julga precipitadamente. Fantástica mensagem, ainda mais quando se percebe a grande precipitação que as pessoas estão envolvidas nas redes sociais, acusando, julgando e condenando outras pessoas por conta de certas imagens e postagens, muitas vezes sem ler as legendas ou o texto que as acompanha e já fazendo juízo de valor sobre assuntos que não domina.
A apresentação do vídeo no You Tube esclarece: "Não julgue tão rápido, procure ver o contexto. Um homem comendo cocô de cachorro, uma prostituta recebendo dinheiro, um enfermeiro matando um paciente, uma mulher fazendo sexo no avião e o namorado matando seu gato podem ser na realidade, um brownie que caiu no chão, um pai dando dinheiro para a filha, um enfermeiro matando uma mosca com um desfibrilador, uma mulher apertada para ir no banheiro enrolada com a turbulência e um gato atrapalhado sujo de molho de tomate".
A educação precisa incorporar os princípios básicos e eficazes da boa publicidade, passando uma mensagem em poucos instantes e imagens, de forma criativa, original e bem humorada. Vídeos como este e muitos outros que existem no ciberespaço servem mais do que dinâmica de grupo ou motivação, mas de fonte de debate crítico sobre textos e contextos sociais.
Tenho, como educador e pesquisador, percebido o grande clima de animosidade que existe nas redes sociais, justamente pela precipitação de alguns, que teimam em seguir a lógica da repressão policial em tempos de ditadura: "Meter o pé na porta! Atirar primeiro e depois fazer as perguntas..."
Percebo um fenômeno que denominei de "profunda superficialidade" por parte de estressados, apressados, fundamentalistas e patrulheiros de plantão, que são aquelas pessoas que se julgam acima do bem e do mal, que fazem a crítica antes da autocrítica, que tem uma visão binária do mundo (1 - 0; sim - não; certo - errado; falso- verdadeiro; preto - branco; homem - mulher, etc), sem ser especialista em coisa alguma, mal lendo o enunciado até o final, e se assim o faz, não sabe interpretar corretamente o sentido irônico, crítico, humorado de uma escrita...
Há muita mentira e sofismas circulando nas redes sociais, e as pessoas curtem e compartilham sem uma cuidadosa checagem. Há um apedrejamento virtual de certas figuras políticas e celebridades na base do achismo, da fofoca, do boato com roupagem de manchete, furo jornalístico, quando na verdade é apenas isso, um furo, um erro de avaliação...
Desde os tempos bíblicos - o Cristo nos ensinou - que é mais fácil jogar pedra do que olhar-se no espelho. Depois da vidraça quebrada, de uma pessoa apedrejada no sentido literal ou figurado, nem sempre se tem possibilidade de recuperar uma amizade, um coleguismo, um amor...
Somos todos humanos e o erro faz parte da aprendizagem, mas se é para errar que não seja sempre com as mesmas coisas e pessoas; que os erros nos sirvam de lição para tentar checar antes informações, reler um texto, antes de sair acusando, xingando, julgando, condenando, bloqueando pessoas, seja nas redes sociais digitais ou não... Afinal, como educadores - sejamos pais ou professores -, quando curtimos, compartilhamos e criticamos algo, somos também formadores de opinião...
Um ótimo material para tratar de alteridade, publicidade, educação e sociedade em tempos de redes sociais online e off line. E também para pensar um pouco sobre as falsas polêmicas da web e as precipitações de juízo de valor (sobre o que desconhecem) de uns pelos outros...
Grande sacada Zé! As vezes, nós mesmos cometemos certos deslizes. Gosto daquela história da mulher que criticava os lençóis mal lavados da vizinha todos os dias. E de repente ao olhar pela janela diz: até que enfim ela os lavou direito! Aí, o marido, pela primeira vez a responde: Não! Eu e que lavei a vidraça!!!
ResponderExcluirOI, Jenny. Muito interessante esta história da mulher, os lençóis, a vidraça e o marido. Uma boa ideia do que é educar o olhar (a criticidade) para ver e enxergar as coisas além de nosso próprio umbigo. Adorei. Um abraço, amiga. :-))
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