segunda-feira, 31 de março de 2014
Planeta dos Idiotas, por Carl Sagan
O vídeo acima Planet Of The Idiots (Planeta dos Idiotas), a partir de fala de Carl Sagan, cientista, astrobiólogo, astrônomo, astrofísico, cosmólogo, escritor e divulgador científico norte-americano, de forma crítica e irônica, demonstra como o conhecimento é um processo de superação de conceitos, pré-conceitos e preconceitos na História da Humanidade e o quanto ainda estamos em processo de evolução, portando-nos muitas vezes como perfeitos idiotas, bastando ver o que fazemos ao meio ambiente e a nós mesmos, enquanto civilização consumista, individualista e tudo mais.
Muito interessante o conceito de Carl Sagan sobre os telescópios que são mesmo, de certa forma, "máquinas do tempo", pois ao olharmos para o céu, estamos vendo o brilho de estrelas, muitas delas, que já não existem mais...
Ao olharmos para o nosso passado, podemos ainda ver o brilho de educadores que nos legaram suas descobertas e podemos em cima delas planejar nosso presente e inclusive mudar nosso futuro...
Para ver, refletir e repassar.
domingo, 30 de março de 2014
De volta ao passado (Electric Dreams): série-documentário da BBC visitando as décadas de 1970, 80, 90
ANOS 1970
ANOS 1980
ANOS 1990
Os vídeos acima "Electric Dreams" (DE VOLTA AO PASSADO), fazem parte da fantástica "série-documentário da BBC que mostra como a revolução tecnológica dos anos 70, 80 e 90 transformou os lares britânicos e todas as nossas vidas. Produzida em parceria com a The Open University, a série de 3 episódios coloca a família Sullivan-Barnes (Adam, o pai; Georgie, a mãe; e os filhos Hamish, Ellie, Steffi e Jude) - e sua casa - de "volta" no tempo. Em um mês, eles passarão pelas 3 décadas passadas, no ritmo de um ano por dia, com apenas as comodidades disponíveis em cada ano".
Uma verdadeira viagem no tempo sem máquina alguma, apenas a reconstituição de época.
O documentário vai acompanhando as duas famílias, nesta espécie de reality show tecnológico, "registrando suas respostas à alteração de ritmo destas mudanças tecnológicas".
A série foi ao ar pela primeira vez no Reino Unido, em setembro e outubro de 2009. Mais tarde foi vendida para a transmissão internacional em 2010 e 2011" e descobri assistindo sua versão dublada no Canal Futura.
Um documentário que mais do que refletir sobre o avanço das tecnologias, mas para promover um diálogo entre pais e filhos, professores e alunos sobre o mundo de cada um, com suas peculiaridades. Imaginem poder mostrar a uma geração que fica ansiosa se a internet demora a conectar, se o game custa a carregar, se o fone celular está fora de área, mostrar um mundo perdido de telejogo, televisão à válvula, toca-discos, fita cassete e muito mais, recuperados não apenas pela memória visual e oral, mas pelas reconstituição de ambientes do passado na contemporaneidade.
Farto material para discutir tecnologia, educação e sociedade. Valorizar o saber coletivo, pois cada avanço é fruto de conhecimento agregado de geração à geração. Afinal, sempre digo que o verdadeiro gênio foi o homem das cavernas, que precisou inventar a roda, o fogo, os calçados, vestuário, depois a agricultura e tudo mais... Depois deles, tudo ficou mais fácil para seus descendentes, até os dias atuais...
Enfim, uma oportunidade única para fazer um experimento em menor escala na escola ou sala de aula, convidando aos alunos trazerem junto com os pais algum dispositivo tecnológico das décadas de 1970, 80 e 90, caso tenham sobrevivido em suas famílias.
Ativem as legendas e depois a tradução.
sábado, 29 de março de 2014
Maioria Oprimida: curta-metragem que é exercício de alteridade contra sexismo e machismo na sociedade
O vídeo acima Majorité Opprimée (Maioria Oprimida), trata-se de curta-metragem de Eleonore Pourriat, que descobri nas redes sociais e é um ótimo exercício de alteridade, do colocar-se no lugar do outro. Mais precisamente, colocar o homem no lugar da mulher, passando pelas mesmas situações de sexismo, machismo e violência social e sexual a que elas estão expostas por conta deles.
Imaginem uma sociedade governada por mulheres, em que os homens são vistos como sexo frágil e tratados com descaso, omissão e violência.
Um ótimo material para debater a violência, o machismo, a discriminação na sociedade. E torna-se um exercício atualíssimo, levando-se em conta pesquisa recente feita no Brasil, em que 65% dos entrevistados acreditam que a mulher que usa roupas curtas e justas, além de se expor demais, assume o risco de ser violentada. Algo bisonho, ultrajante, sem explicação, em pleno século XXI.
Para ilustrar um debate e ironizar esta pesquisa e a situação em si, encontrei esta imagem abaixo.
Posteriormente à publicação deste post, achei esta imagem abaixo, também crítica e irônica sobre o mesmo tema de violência contra à mulher.
sexta-feira, 28 de março de 2014
Professores de Física e Química dão aulas utilizando-se de música, humor e simpatia
Os vídeos acima Rap da Pilha e Equilíbrio 4 x 4, tratam-se de momentos de interação de um professor de química, cantando rap e funk com seus alunos, passando através de canções e paródias os conteúdos de sua disciplina, e descobri nas redes sociais, via portal Canal do Ensino.
Sílvio Predis ou MC Niteroi é professor de química da Escola Miguel Couto, do Rio de Janeiro, RJ, Brasil e por conta de seu talento nato para a música, seu bom humor, criatividade e simpatia cativou n]ao apenas os alunos em sala de aula, mas mais de 1 milhão de visualizações destes vídeos no You Tube e mais de 300 mil compartilhamentos no Facebook. Depois deste sucesso na rede escola e social, Predis tem sido convidado para dar aula em outros Estados e participar de programas de TV, como o vídeo abaixo:
Predis vale-se de recursos artísticos e culturais que todo professor do século XXI precisaria se valer, como bom humor, música, dança, jogos, esportes, tornando-se um arte educador no sentido mais amplo deste termo.
O que Sílvio Predis faz, apesar de criativo e divertido, não tem nada de original, pois antes dele o professor Pachecão já fazia tempos atrás, atingindo igual notoriedade, usando também da música, da paródia, do bom humor e da simpatia para passar aos alunos o conteúdo de Física (vejam vídeos abaixo). Antes dele, conheço outros casos de professores que não atingiram a fama, continuam no anonimato de suas escolas e de cursos pré-vestibulares, se fantasiando de super-herois, personagens de desenho animado, cantando e dançando para sensibilizar o aluno para o conteúdo ministrado.
Evidentemente que aquele professor que tiver este talento pra música e sabendo divulgar seus vídeos no You Tube e mídias e redes sociais poderá também fazer sucesso. Mais muito mais do que se preocupar em tornar-se um viral na internet, o bom professor é aquele que inocula em sues alunos o vírus do conhecimento, que fecunda em seus alunos a esperança no aprender significativamente...
Mas o que difere Predis, Pachecão e outros "animadores de sala de aula" é o jeito aparente espontâneo, autêntico e simpático de ser. Todos parecem, mais do que estar dando aula, estarem se divertindo muito. Mais que isso, usam suas experiências de vida para cativar o aluno, e sabem fazer o que o Educa Tube Brasil cham de "pequenas expedições ao mundo do aluno", para poder interagir melhor, conhecendo seus hábitos, gostos, gírias e tudo mais.
Não há mais como ser aquele professor, centro do saber, em que os alunos é que devem vir ao mundo do educador e não justamente o contrário. É o bom professor que deve conhecer primeiro o mundo de seu alunado, para depois pensar formas de atuação e interação, de preferência, utilizando-se do que de fato gosta, seja esportes, música, dança, jogos, literatura, arte, cultura etc.
Pachecão, em entrevistas a programas de TV (vídeos abaixo), conta um pouco de sua trajetória, de vida e de trabalho, contando fatos pitorescos como aposta que fez com seus alunos de que participaria do vestibular com eles. Fez e ficou em 1º lugar.
Pachecão nos lembra que como educadores "temos que ser raros e únicos em nossa profissão", mesmo que muitos façam coisas parecidas, o que nos diferencia mesmo é justamente esta simplicidade e autenticidade. E conta ele que era péssimo aluno e odiava física, até que um dia , num intervalo de aula, um professor deu um aula para ele que o motivou e o cativou, não pelo conteúdo em si, mas pela sua disposição em ajudar, em lhe entender e tentar fazer o seu melhor.
Para Pachecão, com o total apoio do Educa Tube Brasil: "A melhor forma de aprender é ensinando...". E ele conta que foi tornando-se educador quando começou a ensinar seus parentes, amigos e colegas de aula. Impossível ao editor deste blog não lembra-se de si mesmo, quando no ensino médio - quando nem imaginava um dia ser educador - ajudava seus colegas em exame nas disciplinas de matemática, português e mecanografia e processamento de dados, enquanto se preparava para o vestibular de Direito. Ali eu percebi e aprendi que poderia ensinar...
Por fim, quando Pachecão conta que certa vez, ele ainda aluno muito tímido subiu ao tablado de uma escola para cantar com um professor a canção Trem das Onze, e depois de ter sido aplaudido de pé, deu-se conta que ali mudara a sua vida, pois disse que subiu aluno e desceu professor, após 3 anos de cursinho vestibular e treze tentativas de passar no vestibular.
Algo que me lembrou frase de Emir Sader: "A prática teórica sem a prática política, se torna burocrática, medíocre, fechada sobre si mesma, desinteressante". E o que Predis, Pachecão e outros professores que utilizam-se da arte, da cultura, dos esportes, jogos e tudo mais nos mostram é que ser politicamente correto não é fazer belos discursos, mas ter uma prática significativa para ambos: professores e alunos.
Pachecão nos dá uma receita simples: "Ser feliz não é apenas cumprir tarefas", o que me remete aos burocratas do saber, mais preocupados com os 200 dias letivos e as 800 horas/aula. Educar esta além de aspectos discursivos, teóricos e burocráticos, requer a junção destes a questões tecnológicas, de formação continuada, de infraestrutura, apoio familiar, de sentir-se motivado e reconhecido em sua aldeia, sendo universal, ainda que particular.
quinta-feira, 27 de março de 2014
Nós, laços e dobraduras: entre a simplicidade e a complexidade do ensinar e do aprender
Os vídeos acima, fazem parte de uma série de três filmes criados por empresa para mostrar como otimizar o tempo, dando um simples nó de gravata, amarrando o cadarço de tênis e dobrando em segundos uma camiseta, que descobri na internet.
Coisas que para uns parecem simples, para outros de grande complexidade.
Assim é a vida, o trabalho, a educação e até o amor... E o grande mérito do educador é justamente mostrar a seus educandos que por mais complexo que pareça um conteúdo, ele poderá ser visto de forma simples, prática e eficiente, se utilizadas metodologia e didática eficientes, como os vídeos em questão.
Há que se pensar formas simples e eficazes de unir teoria e prática, metodologia e didática, currículo e conteúdo, quantidade e qualidade... Estes vídeos são formas criativas de propor este tipo de ações.
Muitas vezes em minha vida escolar, vi que era possível ter duas ou mais formas de explicações sobre um mesmo tema. Uma simples e outra complexa. Lembro de certa vez, um dedicado e iniciante professor de matemática no ensino médio, na disciplina de matemática financeira fazer um imenso rodeio que um criativo e experiente professor de estatística, colega seu, fez o mesmo cálculo de forma simples, direta e eficiente. É o que chamo de os atalhos da vida e do saber... Lembro-me, inclusive, de professor de matemática no ensino fundamental utilizar de brincadeira - quase piada - para mostrar as possibilidades e magias da Matemática. Ou seria MateMágica?
Se a ordem dos fatores não altera o produto, a forma de como se passa um conteúdo (simples ou complexa), pode alterar o resultado no desempenho escolar de um aluno... Deixando claro que o simples não é de forma alguma o banal. Tampouco, o complexo algo que seja considerado quase sobrenatural. Se assim o forem, há alguma didática equivocada. Aquele professor que só sabe explicar - ainda que com a maior boa vontade - várias vezes, mas sempre no mesmo jeito, não é um bom educador... Da mesma forma que aquele professor que exige de seu aluno já nos primeiros encontros o mesmo conhecimento seu, agregado por anos e anos de estudos e que cobra em uma prova algo de extrema complexidade sem a devida explicação.
Sempre digo que toda crítica deve ser antecipada por uma autocrítica, do mesmo jeito que toda avaliação deveria reproduzir posteriormente uma autoavaliação, seja do professor como do alunos.
Simplificar não é banalizar um conteúdo, mas torná-lo mais atrativo, curioso, divertido e significativo a todos...
Se "Nem tudo é tão simples assim", como mostram os vídeos, da mesma forma, nada precisa também ser tão complexo que não se possa ensinar e aprender de diversas maneiras... Há que se ensinar alunos a atar laços e desatar nós, dobrar esquinas da vida e redobrar conhecimentos de mundo da mesma forma que se faça igualmente com gravatas, cadarços e camisetSa, antes tão complexos e difíceis, até a assistência dos referidos vídeos...
Os bons professores e alunos são aqueles que sabem compartilhar suas resoluções de problemas, sejam eles simples, médios ou difíceis...
quarta-feira, 26 de março de 2014
VRUM: Aprendendo Sobre o Trânsito (jogo educacional brasileiro)
O vídeo e a imagem acima são do jogo educacional brasileiro VRUM: Aprendendo Sobre o Trânsito, que descobri através do portal UOL Educação: "(...) o game ensina a maneira certa de agir em diversas situações da vida no trânsito. O enredo do jogo acompanha um jovem que acaba de completar 18 anos e precisa tirar sua primeira habilitação. O jogador irá participar de aulas na autoescola, exames no Departamento Nacional de Trânsito (Detran) e, quando conseguir sua permissão para dirigir, vai realizar diversas missões pela cidade vivenciando o trânsito. Voltado para alunos da 6ª a 9ª séries do ensino fundamental, todo o conteúdo é baseado nas Diretrizes Nacionais da Educação para o Trânsito do Denatran".
Conforme dados no próprio portal do jogo: "VRUM - Aprendendo sobre o trânsito é um jogo digital de caráter educativo que possibilita a crianças e adolescentes absorverem as principais regras de trânsito de forma divertida e intuitiva. Seu conteúdo é baseado nas Diretrizes Nacionais da Educação para o Trânsito do DENATRAN (Departamento Nacional de Trânsito) especificamente para os alunos da 6ª a 9ª séries do ensino fundamental. O jogo utiliza estratégia de simulação em ambiente tridimensional colocando o jogador em situações da vida real como pedestre, motociclista e motorista. O jogador terá que reagir às situações seguindo as regras de trânsito enquanto cumpre missões espalhadas pela cidade fictícia de Santa Fé".
VRUM foi premiado internacionalmente: "(...) foi o único game brasileiro entre os vencedores do 2013 International Serious Play Award, prêmio que elege os melhores jogos e simuladores voltados a educação do planeta".
Quanto ao conteúdo educativo: "O jogo VRUM apresenta um amplo conteúdo educativo relacionado ao trânsito, transmitindo ao jogador, de forma divertida, mais de 30 regras de trânsito além de estimular a reflexão sobre os diversos aspectos de trânsito, com foco na construção de uma cultura de paz no espaço público e do respeito entre todos os componentes do trânsito".
É possível baixar uma versão Demo gratuita no nos links abaixo:
BAIXAKI
TECHTUDO
ZIGG
SUPERDOWNLOADS
Para baixar versão integral é necessário uma licença. Tal ativação pode ser feita pelo Manual de Instruções (clique aqui), requerendo conexão com a internet.
Para instalar o jogo, você precisa de um computador com as seguintes configurações mínimas: Processador: Dual Core de 2 GHz (ou superior); Memória RAM: 2 Gb (ou superior); Resolução de vídeo: 1024 x 768 (ou superior); Placa de vídeo (on board ou off board): 256 Mb (ou superior); Espaço livre em disco: 1 Gb; Sistema Operacional: Windows XP, Windows Vista ou Windows 7 (versões MAC-OS e Linux estarão disponíveis em breve).
Maiores informações, acesse o portal do jogo, no link abaixo:
VRUM: APRENDENDO SOBRE O TRÂNSITO - JOGO EDUCACIONAL
Um jogo que o Educa Tube Brasil recomenda, pois diferente da lógica de outros games por ai, estes se você comete infrações de trânsito é penalizado e não o contrário, como nos demais. Um jogo que educa para o bom convívio em sociedade.
terça-feira, 25 de março de 2014
A arte esquecida do debate democrático, por Michael Sandel (aula de civilidade)
O vídeo acima A arte esquecida do debate democrático, trata-se de brilhante palestra de Michael Sandel, dada ao TED (conferências de duração de 15 a 20 min sobre temas relevantes).
Conforme apresentação do vídeo: "A democracia prospera com o debate cívico, é o que diz Michael Sandel - mas, vergonhosamente, perdemos essa prática. Ele conduz um divertido exercício, com os participantes do TED, discutindo sobre um caso recente da Suprema Corte dos EUA (PGA Tour, Inc. vs. Martin) cujo resultado revela o ingrediente crítico da justiça".
O Educa Tube, pelos valores éticos, morais, filosóficos, sociais e educacionais nesta palestra, considera-a UMA AULA DE CIVILIDADE QUE TODO EDUCADOR (PAI OU PROFESSOR) DEVERIA ASSISTIR COM SEUS FILHOS/ALUNOS.
"A arte esquecida do debate democrático" é algo que de fato se tem esquecido, do hemisfério Norte ao Sul, de leste a oeste deste globo terrestre... Não se debatem mais ideias (e sim ideologias, às vezes contraditórias entre o discurso e a prática) e às vezes - não fosse a separação das telas - se bateriam uns nos outros por conta de ideias muitas vezes superficiais, sem as devidas leituras de vida e mundo, sem o devido debate por parte do acusador, inquisidor. O sujeito mal vê a ponta do iceberg surgir no horizonte de uma discussão e, sem analisar todo o resto que encontra-se submerso, já sai determinando e sendo ao mesmo tempo determinista, sem ser especialista no tema nem em coisa alguma. Tornou-se praxe nas redes sociais (digitais ou não) atirar a primeira pedra e depois se esconder atrás do muro (tela) do computador, ou bloquear quem o contrariou...
O debate é uma arte mesmo e Michael Sandel utiliza-se de uma ação movida por golfista para promover na plateia o verdadeiro debate de ideias, coisa que todo educador precisava assistir para replicar em suas aulas, não importa qual disciplina e conteúdos dê. Notem a questão do "essencial" e do "acidental", aos 10 min. do referido.
Em suma: tudo é questionável, mas o poder do amplo debate de ideias promove o consenso ou o bom senso em qualquer situação... Promover o debate entre o discurso e a prática, seja política, escolar, social... Algo que a Grande Mídia também precisava reavaliar sua postura enquanto formadora de opinião sem proporcionar às vezes o amplo debate do que é noticiado, sequer às vezes mostrando o outro lado de uma questão. Já mudei de opinião muitas vezes pela força dos argumentos de amigos e colegas sobre determinada questão. E que bom quando isto acontece, pois todos acabam ensinando e aprendendo com tal situação.
E afinal, o que é a natureza essencial da educação? A formação para a vida e o convívio social, digo eu. E a acidental? A formação para o trabalho e os desafios do mundo moderno. Qual o propósito das instituições, escolares e todas mais?
Um ótimo vídeo para ver, refletir, debater e repassar... Principalmente quando ao final do vídeo Sandel propõe uma sala de aula global, em que o educador possa utilizar-se de vídeo conferência e tudo mais...
E pensando o debate como arte, utilizo-me nesta postagem de um filme (sétima arte) em que o debate é tido como uma arte que une um professor (Interpretado e dirigido por Denzel Washington) e seus alunos, num dos grandes momentos do cinema e da educação, O Grande Desafio (trailer abaixo), que é filme (produzido em 2007) inspirado em fatos reais:
Vejam sinopse: "Melvin Thompson (Denzel Washington) é um brilhante professor e amante das palavras. Embora tenha convicções políticas que possam atrapalhar sua carreira, ele decide apostar nos seus alunos para formar um grupo de debatedores e colocar a pequena Wiley College, do Texas, no circuito dos campeonatos entre as universidades. Mas o seu maior objetivo é enfrentar a tradição de Harvard diante de uma enorme platéia. Inspirado em fatos reais."
Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-57931/
Recomendo abaixo, link para assistir o referido filme na íntegra:
O GRANDE DESAFIO
domingo, 23 de março de 2014
Vento: animação que se passa em "um Reino (Nem) Tão Tão Distante" de Nós
WIND from robert loebel on Vimeo.
O vídeo acima Wind (Vento), trata-se de curta-metragem de animação de pouco mais de três minutos que promove profunda reflexão, somente com a força de suas imagens, numa linguagem visual e simbólica avassaladora.Uma animação alemã de Rober Löbel, feita sem diálogo, exibida no Anima Mundi em 2013 e que, segundo o blog do festival, recebeu diversos prêmios e "foi o projeto de graduação de Lobel, que trabalha como designer e ilustrador em Berlim atualmente".
Um vídeo que "se passa em um mundo onde o vento é forte e incessante, mas que ninguém sabe e nem se pergunta de onde vem".
Uma animação que provoca no espectador uma outra visão sobre o mundo em que vivemos, cada qual em sua zona de conforto, mesmo que não perceba. Em que as pessoas se adaptam à força dos "ventos", mas que vez em quando alguém também chega e inverte essa lógica, ainda que por pouco tempo, como é o caso da troca de turno entre os que alimentam o mecanismo que mantém os ventiladores gigantes em funcionamento, a engrenagem da máquina social.
As pessoas se acostumam a andar contra o vento e quando este cessa ou muda de direção, muitos ficam perdidos, sem orientação... Mas o pior de tudo são aqueles que mesmo quando o mundo muda, continuam se repetindo de forma mecânica, automática, sem sequer perceber a vida ao redor... Estavam tão "viciados", robotizados naquela rotina, que sem o "vento" não sabem como se adaptar... Notem o senhor que sem o vento forte, nem percebe e continua a colocar um chapéu em cima do outro... O famoso burocrata "carimbador maluco" dos desenhos animados de minha infância...
Um vídeo que pode ser uma crítica aos valores da contemporaneidade, da propaganda maciça que estamos expostos, ao consumismo e individualismo e muito mais.
Em um mundo tão vinculado a modismos e consumismos um simples sopro, até um espirro mais forte, poderá promover um vendaval...
A troca de pessoal, entre o de barbas longas e o sem barba alguma é uma metáfora à passagem do tempo e à mudança de gerações... E se a nova geração vier a repetir os mesmos métodos de seus pais e avós para um novo tempo, de nada adiantará - pensando a educação e a didática - utilizar mecanismos sofisticados para fazer o "mais do mesmo"... Novas tecnologias requerem também novas metodologias de utilização... Senão, tudo não passará de um belo filme que "E o Vento Levou..."
Há que se valorizar o inovador e não apenas o novo, e reconhecer o mérito do clássico, do tradicional, quando estes não estiverem anacrônicos...
sábado, 22 de março de 2014
Melhores planos... de aula, de trabalho e de vida: música, educação e sociedade
O vídeo acima Best Laid Plans (Melhores planos) é uma bela canção e incrível videoclipe do cantor James Blunt e que ao assistir já na primeira de muitas vezes no You Tube, passei a vê-la como um curta-metragem musical.
Por sinal, já utilizei diversos videoclipes de Blunt, seja em postagens do blog, como em projeto literário chamado Clipes que parecem Curtas, mostrando as diversas forma de linguagem e comunicação audiovisual a alunos do ensino fundamental e médio das redes públicas aqui da cidade do Rio Grande, RS, Brasil.
O clipe inicia com alguns versos emblemáticos, um deles, justamente o refrão: "Diga-me por que todos os melhores planos desmoronam em suas mãos/ E minhas boas intenções nunca terminam do jeito que eu queria".
Curioso que associei automaticamente os "Melhores Planos" de vida aos de trabalho, justamente do planejamento de aula do professor que precisa ter a exata dimensão do período de tempo e da amplitude de espaço para atuação com um grupo diversificado de alunos de uma comunidade. Hoje, até o termo comunidade, ser comum a um lugar, encontra-se relativizado, pois nem sempre os alunos são daquele local, daquela região, nem sempre os pais estão presentes, quando chamados à escola, nem sempre a escola possui as condições ideais de infraestrutura...
Antes de retomar esta questão educacional, gostaria de analisar primeiro a linguagem visual do clipe, que inicia com um misterioso jovem de capuz no alto de um prédio de muitos andares, com uma pedra (tijolo) atada a uma extensa corda, esta amarrada ao seu pé esquerdo. Em seguida, o clipe mostra pessoas num parque girando em círculos sobre si mesmas, sem sair do lugar. O jovem de capuz, querendo talvez se desfazer de um peso morto - sua vida, quem sabe, fruto d'alguma profunda desilusão - arremessa a pedra lá do alto, enquanto a corda vai se desenrolando lentamente, num efeito visual que provoca no espectador uma tensão. Quem é esse ilustre desconhecido? Alguém que desiste dos sonhos e consequentemente da vida? Alguém com problemas emocionais? Alguém que poderia ser qualquer um, inclusive eu, tu, ele, nós , vós, eles... Todas as pessoas do singular e do plural. Hoje somos singulares quando aprendemos a conviver no plural, numa verdadeira rede social, além da digital... Mas enquanto faço essa digressão, o clipe continua tocando e tudo continua girando sem sair do lugar, sejam pessoas, moedas, máquinas de lavar, relógios, o mundo ao redor... Quando uma moça que passa na rua se aproxima de um jovem que rodopia e coloca a mão em seu rosto, parece que ele para de girar (o carinho, atenção promovem essas mudanças de curso). Enquanto isso, a pedra e o peso dos dias continuam a cair do alto do prédio. A corda que nos faz acordar... Do prédio em frente uma moça vê a suposta tentativa de suicídio e tenta ligar para alguém. No final, a surpresa: A corda era maior do que a altura do prédio, e a pedra cai antes sobre a cabeça de um sorveteiro que ali se instalara comodamente, ao lado do prédio, apenas para vender seus sorvetes...
Diante do inexorável, algo que é inerente ao ser humano: fazer planos, sonhar, se desiludir, se decepcionar... Mas o que nos faz singulares ou plurais é a forma como diante das dificuldades e desafios da vida, sabemos calcular as decisões, promover a resolução de problemas, obtendo melhores planos para cada situação...
Não atingimos muitas vezes nosso objetivo inicial - e às vezes atingimos que nem era o nosso alvo - por um erro de cálculo, como o jovem e sua corda maior que o seu desenlace...
O bom educador, seja pai ou professor, é aquele que sabe planejar tanto uma aula como seu trabalho como extensão de sua vida, esta sempre o objetivo principal. Nem tudo é do jeito que imaginamos, planejamos. Porém, quando não se tem a dimensão exata de nosso projetos, da amplitude que queremos a eles dar, a corda sempre sobra ou arrebenta do lado mais fraco, como diz a sabedoria popular.
O Educa Tube Brasil (e seu editor) sempre tem dito o quanto sua metodologia foi com o tempo se aprimorando ao observar o método de trabalho de diversos prestadores de serviços, como mecânicos de automóveis, operários da construção civil, eletricistas, encanadores etc.
Comparo sempre a construção do conhecimento à metodologia da construção civil, em que a fundação e os alicerces, logicamente, iniciam de baixo para cima (como o ensino fundamental e o médio) e que seu acabamento vem de cima para baixo (feito a graduação e pós-graduação). Que muito aprendi com eletricistas a testar uma ligação com a caixa e fiação abertas, para ver se funciona, para que não seja preciso abrir tudo de novo, caso algo não esteja corretamente conectado, o que impedirá a passagem da corrente elétrica por aquela fiação. Pensar um melhor plano de aula e de vida, requer deixarmos o projeto em aberto, vendo como ele funciona e fazendo os ajustes necessários até que ele possa ser devida e satisfatoriamente concluído. Que a escola é de certa forma uma autoescola em que o professor ensina ao aluno a conduzir seu próprio caminho, numa coordenação além do volante e pedais. Que as tecnologias são apenas um dos veículos neste processo de ensino-aprendizagem. Muitos destes profissionais autônomos - e alguns até autodidatas - me ensinaram sem querer nem saber que estavam sendo observados, me proporcionando a possibilidade de pensar "Melhores Planos" com meus alunos e cursistas.
Assim é a vida: Repleta de desafios e de aprendizagens. Se desejamos melhores planos, devemos sempre observar o nosso entorno, nosso filho e aluno, e estabelecermos a partir disto uma adequada estratégia de interação, medindo, calculando as possibilidades para que se atinja o êxito e a corda não seja nem muito longa nem muito curta, evitando assim que nossas ações causem danos e transtornos a terceiros (como o coitado do sorveteiro, no clipe), que fazem parte de nossa comunidade.
Ouso dizer - pensando a teoria e a prática - que o aluno nunca foi e jamais será o adversário do bom professor, da boa escola e da boa educação. Pelo contrário, passa ser o seu apoiador, o colaborador, se visto (por gestores público e escolares, por professores e pais) como alguém que é o objetivo principal de uma instituição escolar... Arrisco dizer que a má educação, a má escola e o mau educador sim, foram e continuam sendo adversários de todo e qualquer aluno - usando ou não a tecnologia -, quando proíbem por proibir algo (seja boné, cabelo longo, piercing etc que fazem parte da identidade quase tribal do jovem) querendo mostrar autoridade, mas mais parecendo autoritários; quando se preocupam mais com aspectos pontuais do que estruturais, mais estéticos do que pedagógicos... Ninguém e adversário de ninguém, mas é na adversidade que os bons se destacam e os maus estacam... Na diversidade, os bons inovam e os maus se repetem, mais do mesmo, girando em círculos sem sair do lugar.
Abaixo, link para a letra original da canção e a sua tradução:
BEST LAID PLANS - JAMES BLUNT - TRADUÇÃO
sexta-feira, 21 de março de 2014
Feijoada e Sociedade: Divertida Propaganda do Conar (órgão regulador) que serve para reflexão social e educacional
O vídeo acima, intitulado Feijoada, trata-se de criativa, humorada e original propaganda criada para o CONAR - Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, órgão regulador do setor e que serve para diversas possibilidades de reflexão.
Como diz a própria propaganda: "O Conar regula a publicidade no Brasil e todos os dias recebe dezenas de reclamações, muitas são justas, outras nem tanto. Confie em quem entende."
Algo simples, direto, objetivo que mostra um casal em um restaurante, que após servida a mesa diversos pratos, põe-se a reclamar de tudo e de todos. Chamado o garçom, o rapaz pergunta e acusa de forma apressada, se ali eram a favor da segregação, já que feijão e arroz estavam em pratos separados. A moça acusa de a couve ser o único prato do gênero feminino e que, portanto, deveria estar ocorrendo machismo naquela mesa e que o paio tinha conotação sexual de mau gosto.
Obviamente que é apenas uma brincadeira, mas que reflete muito do que o Educa Tube Brasil tem assistido nas redes sociais, digitais ou não, de pessoas de forma apressada e superficial saírem fazendo acusações sérias de bullying, machismo, homofobia, racismo, sexismo e outras mais, apenas por ler o título de um artigo de opinião sem sequer ler toda matéria até o final, de alguns terem dificuldade de ler o sentido figurado, a ironia, o humor de uma piada, de um texto, de um comentário, agindo que nem criança, de forma ingênua e despreparada, acusando pessoas de crimes que não cometeram. E o pior, sem depois fazer a autocrítica, o mea culpa e se desculpar. Às vezes parece até uma histeria por parte de alguns que veem "chifre em cabeça de cavalo". Faltam leituras de livros, de vida e de mundo para estes apressadinhos de plantão e críticos de tudo e de todos.
Evidentemente que existem práticas condenáveis de bullying, racismo, machismo, sexismo, homofobia, etc. Mas desde que sejam avaliadas cuidadosamente como tal, sob pena de estarmos sendo injustos ao querermos a qualquer custo fazer justiça com as próprias mãos...
E falta, acima de tudo, diálogo, debate de ideias sem que seja preciso passar imediatamente para a ofensa pessoal, a ameaça (de bloqueio em redes sociais) e tudo mais, sem ouvir o outro lado, suas razões... Falta o chamado direito à ampla defesa, ao contraditório, a alteridade (de colocar-se no lugar do outro)... E isto está ocorrendo em todos os níveis e poderes constituídos...
Esta campanha do Conar serve para diversas aplicações no ambiente escolar, entre professores e alunos, entre pais e filhos, entre gestores e educadores, educadores e pais
A primeira reflexão: A falta da crítica e autocrítica, da avaliação e autoavaliação que tanto a publicidade, como a escola e a sociedade precisam ter, de se autorreconhecer e autorregular quando passam dos limites do bom senso e das boas normas de convívio em comunidade.
Segundo, um filme que mostra os exageros de pessoas superficiais, que reclamam de tudo e de todos, os chamados "do contra", que não têm o cuidado de antes averiguar os fatos, preferindo já iniciar uma conversa em tom de acusação.
Por fim, como diz a propaganda: "Há que se confiar em quem entende", ou seja, alguém que é especialista no tema, quem tem formação na área, quem pesquisa o assunto e não como simples leigo, sair querendo "ensinar o padre a rezar a missa", dar lição de moral em alguém sem conhecimento de causa e tudo mais que assistimos às vezes, entre estupefatos e incrédulos.
Sou exemplo vivo disto: Recentemente, via e-mail (e uma coisa que se tornou praxe, por redes sociais e emails, todos parecem promotores de justiça num tribunal!), uma aluna infrequente (vejam o detalhe!), reclamou de sua frequência (com o detalhe de não ter feito nenhuma prova nem trabalho avaliado), e alegava ter desistido por causa de supostos comentários meus em aula, com conotação homofóbica e machista. Depois de pensar muito, lembrei que tratando de teoria literária, abordando questões substantivas (características principais) e adjetivas (características secundárias) dos gêneros literários (Lírico, Épico e Dramático), comparei-os aos gêneros humanos. Como alguns tiveram mais dificuldades de compreensão da teoria, eu busquei analogia com coisas do cotidiano, e foi aí que a aluna viu homofobia (ódio a homossexuais!) e machismo...
Evidentemente que com 21 anos de Educação, com formação jurídica (bacharelado em Direito), tendo sido inclusive por 2 anos assessor jurídico na Educação, posso afirmar que tenho conhecimento do que é homofobia, machismo, racismo e que não faria tal prática, ainda mais em local público e em ambiente universitário. Mas infelizmente, como na propaganda acima, e como diz a sabedoria popular: "O apressado come cru e quente!".
Talvez, por conta destes equívocos de avaliação é que o humorismo atualmente esteja tão sem graça, pois tudo pode ser considerado racismo, homofobia, bullying, machismo se levados ao pé da letra. Mas há que se aprender a ler nas entrelinhas, de interpretar um texto em seu contexto. Um papel social de todo educador - seja pai ou professor - e que deve ser iniciado na tenra idade e dado continuação na maturidade, sob pena de, exageros à parte e outros nem tanto, que feijão e arroz em pratos separados sejam de fato considerados por algum desavisado de prática condenável de segregação... "Apartheid culinário" nunca vi, salvo na ficção, mas há quem veja coisas onde nada existe também. Portanto, como dizia minha avó: "Caldo de galinha e paciência não fazem mal a ninguém". E eu digo: "Conhecimento de causa e prudência, também".
quinta-feira, 20 de março de 2014
Querida Futura Mãe, Não Tenha Medo: Campanha sobre o 21 de março, Dia Mundial da Síndrome de Down
O vídeo acima Dear Future Mom (Querida Futura Mãe), trata-se de campanha sobre o 21 de março, Dia Mundial da Síndrome de Down e uma criativa, comovente e original resposta a uma carta de uma futura mãe que se preocupa em ser mãe de um filho com Síndrome de Down, e me foi indicado via Facebook pelo amigo, colega e irmão de profissão Robson Freire, educador do Rio de Janeiro, RJ, Brasil e editor do blog educacional Caldeirão de Ideais.
Um vídeo com 15 jovens atores com Síndrome de Down foi lançado nesta campanha, com uma mensagem tranquilizadora de esperança para uma mãe que está esperando um bebê com síndrome de Down, mostrando que um filho é o que o Educa Tube chama de "nossa pequena imortalidade".
O filme foi criado pela Saatchi & Saatchi para CoorDown - Coordenadora italiana da Associação Nacional de Pessoas com Síndrome de Down e envolveu 15 jovens e crianças de toda a Europa, atores e portadores de síndrome de Down, dentre eles a atriz Sarah Gordy que tem síndrome de Down e que apareceu em filme da BBC1 chamado Call The Midwife (A parteira), em 16 de fevereiro.
Segundo o Daily Mail On Line: "O vídeo atualmente tem sido visto por quase 1,2 milhão de vezes", e inicia com esta declaração: "No dia 9 de fevereiro, recebemos este e-mail a partir de uma futura mamãe..."
Como bem diz o vídeo: "Às vezes, será difícil. Muito difícil. Quase impossível. Mas não é assim para todas as mães? Querida futura Mãe, o seu filho pode ser feliz. Assim como eu sou. E você vai ser muito feliz".
Dificuldades toda mãe tem, mas um filho é um presente, e precisamos aceitá-lo como é, fazendo nosso papel social de incluí-lo primeiro em nosso lar, em nossa vida, depois na sociedade, na escola, no trabalho e tudo mais.
De 2005 a 2007 coordenei, em parceria com professoras a Educação Especial da E.E.E.F. Barão de Cerro Largo, projeto de informática na Educação Especial, envolvendo 8 turmas: duas de surdos, duas de deficientes mentais, duas de cegos e duas de altas habilidades e foi uma das experiências educacionais, tecnológicas e sociais que mais me marcou, justamente pela diversidade de pessoas envolvidas e a complexidade de situações vividas. Aprendi e ensinei muito. Tive como meus apoiadores, além das professoras da Educação Especial, os próprios alunos, cegos, surdos, DM e altas habilidades que foram meus monitores junto aos seus colegas. Luize Dorneles, aluna cega me ensinou a utilizar o software Dos Vox com os deficientes visuais (e que atualmente cursa Pedagogia); alguns alunos em turma de inclusão, com deficiência mental aprenderam com facilidade a Língua de Sinais para poderem se comunicar com os alunos surdos também incluídos na mesma turma, e eu, o educador, contei com estes alunos como meus intérpretes também, além dos professores, para que eu pudesse ser incluído no processo de ensino-aprendizagem mútua.
Enfim, conhecer o mundo do filho e do aluno é essencial para todo o educador - seja pai e/ou professor. Não tenham medo, pois é uma experiência única, gratificante e motivadora. Às vezes será difícil, como diz o vídeo. "Mas não é assim para todas as mães?" Para todos os pais?
Aproveito esta postagem para indicar um documentário, já publicado no Educa Tube Brasil DO LUTO À LUTA, que trata justamente desta primeira descoberta que os pais têm de quem o filho possui a síndrome de Down. Recomendo. Link abaixo a primeira parte do documentário que infelizmente não consegui mais localizar ver~soa integral na internet:
DO LUTO À LUTA - DOCUMENTÁRIO SOBRE PAIS DE FILHOS COM DOWN
quarta-feira, 19 de março de 2014
O Quiosque, a Zona de Conforto e o Poder da Educação
O vídeo acima O Quiosque, trata-se de trailer do curta-metragem de animação que participou do Festival de Animação Anima Mundi (Alma do Mundo), edição de 2013, com produção da cartunista suíça Anete Melece.
Um curta que trata das pessoas que se submetem a uma rotina, muitas vezes sem se dar conta, presos à chamada "Zona de Conforto", sem arriscar, sem se expor a riscos, sem viver uma vida além de sua linha do horizonte. Que se sentem acomodadas naquela doce monotonia, até que algo os faz repensar a própria vida e mudar seus hábitos. O trailer acima mostra uma história simples e comum a muitos outros: "Olga é uma vendedora que passou anos de sua vida presa dentro do quiosque onde trabalha, simplesmente porque seu vício em doces a deixou maior que a saída. Assim, ela é forçada a viver ali, onde a única coisa que faz é ler revistas de viagem, sonhando em um dia conhecer outros lugares".
A própria Anete, segundo o blog Anima Mundi disse: "Fiz o filme esperando que o público reconheça na Olga a vida de algum amigo ou parente", conta a diretora.
Para isso, Anete utilizou "técnicas de colagem e ambientando a história com cenários em aquarela", fazendo que "os diálogos dos personagens fossem apenas sons sem palavras, universalizando a identificação com público".
A realidade local que é universal e vice-versa.
O Quiosque é a metáfora do espaço de confinamento que cada um se prende, fazendo de pequena janela a única visão que se tem do mundo lá fora. Aqueles que ficam em sua zona de conforto, normalmente estão presos em seus quiosques, como a personagem Olga, e quando se dão conta disso, nem sempre conseguem mais sair daquele diminuto espaço de convivência.
Depois de assistir ao trailer acima, o Educa Tube Brasil tentou encontrar uma versão integral na internet, mas não localizou, encontrando um belíssimo curta-metragem egípcios de 2010(vide abaixo), também intitulado O Quiosque :
O curta-metragem acima (co legendas em inglês), dirigido por Gehad Abdel Nasser, conta a história de "Um menino vê seu mundo através da janela do quiosque em que ele trabalha", que somente trabalha para ajudar seus pais, não estuda e tem o sonho de ser escritor. Hammouda, o menino, passa boa parte do tempo no quiosque, ora atendendo os clientes, ora escrevendo, desenhando e sonhando com suas histórias, até que uma menina se interessa por suas histórias e conta para sua mãe, que convence os pais do garoto a deixa-lo voltar a estudar.
Um ótimo material para tratar de trabalho infantil, sobre crianças que não tem o direito de ser apenas crianças, do papel do livro, da literatura, da escola e da imaginação na vida de uma criança e muito mais.
A educação, logicamente não é um quiosque, muito pelo contrário, mas deve ser muito mais do que uma janela para o mundo e sim uma porta para um futuro melhor. E a arte e a cultura são linguagens que favorecem estas trocas entre educadores e educandos. Saber valorizar o talento natural para alguma arte, esporte etc é papel social de todo educador, seja pai ou professor, principalmente tentando tirar alunos e filhos - e a si mesmos - da zona de conforto de de projetos e atividades que não são significativas para ambos...
O Quiosque, versão egípcia, mostra que a realidade local de lá é comum em toda parte... E o recurso do teatro de marionetes para ilustrar os sonhos do menino Hammouda, serve também para refletir entre o real e o imaginário, dentro e fora da escola.
Dois belos curtas-metragens com mesmo nome, mas com propostas diversas que permitem uma múltipla utilização no ambiente escolar e social.
A Educação emancipadora é um dos meios de vermos além da janela de nosso quiosque e de nossa zona de conforto, preparando-nos muito mais do que pro simples mercado de trabalho, mas para a vida...
terça-feira, 18 de março de 2014
É por isso que nós voamos: vídeo mostra aterrissagem de avião (Somos passageiros ou tripulantes de nosso viver?)
O belo vídeo acima This is why we fly (É por isso que nós voamos), descobri nas rede sociais e trata-se de iniciativa de piloto de avião que resolveu filmar uma aterrissagem em pouso feito no aeroporto de Queenstown, Nova Zelândia. A paisagem é deslumbrante e tem momentos de arrepiar quando o avião entra literalmente dentro das nuvens e a visibilidade é nula, somente possível se guiar por aparelhos eletrônicos na cabine de comando do capitão e das tecnologias modernas de navegação pelo ar...
Enquanto assistia ao vídeo, lembrei primeiramente de versos antigos de meu poema O amor é uma flor misteriosa, que escrevi: "Não sou passageiro desta vida/E sim, tripulante e condutor/Do meu próprio viver.../Destino?/Uma estrada bifurcada/Em nosso caminho...".
Afinal, somos passageiros ou tripulantes de nosso viver?
Como educadores, precisamos saber distinguir entre o simulador de voo e o incentivo ao voar na imaginação pelos alunos. Promover práticas que invistam na visão panorâmica de um tema e/ou conteúdo escolar, indo além da linha do horizonte do livro didático, e para isso, logicamente, não é preciso estar em um avião real, mas há que se buscar formas de sair do chão... Seja em atividades virtuais, seja em saídas de campo pelo entorno da escola.
Conhecer o mundo ao redor, e o mundo do alunado é uma das maiores e melhores viagens que o educador pode fazer para promover uma melhor interação educacional, tecnológica e social.
A música ao fundo, do vídeo em questão, é Paradise (Paraíso), da banda Coldplay, videoclipe abaixo:
Posteriormente à publicação deste vídeo, recebi o seguinte comentário, via Facebook pelo colega José Carlos Antonio, educador educador de Santa Bárbara do Oeste, SP, Brasil e editor do blog Professor Digital: "É por isso que nós ensinamos".
De fato: o verdadeiro educador é aquele que mais do que fazer decorar fórmulas, datas, nomes, regras, é aquele que faz decolar a imaginação, o interesse, o rendimento de seus alunos... Que faz o aluno se emancipar e dar asas aos seus (aero)planos, sendo também condutor de seu destino e não mero passageiro de uma viagem sem escalas e com destino incerto.
segunda-feira, 17 de março de 2014
A Terceira Onda: Fascismo na Escola (Documentário do History Channel)
)
O vídeo acima A Terceira Onda: Fascismo na Escola, trata-se de documentário do History Channel e foi indicação de Silvio Ferreira, via comentário no blog em postagem sobre o filme A Onda (1981), a respeito desta experiência real sobre o fascismo, feita por um professor de História com seus alunos, em 1967.
Vejam sinopse:
"Em 1967, Ron Jones, um jovem professor de História californiano, criou um estado fascista virtual dentro do seu instituto. O seu objetivo era afastar os seus alunos dos atrativos do totalitarismo e do sentimento de pertença a um grupo. Desta forma pôs em funcionamento uma audaz experiência social que superou as suas melhores expectativas, ou melhor, os seus piores pesadelos. Os estudantes envolvidos, 30 no princípio, passaram a ser 200. Entre eles cumprimentavam-se de uma forma específica e havia uma série de informantes que agiam como membros da Gestapo. Era, em suma, uma fiel recriação das raízes do Terceiro Reich. O grau de furor que Jones provocou serviu para distanciar os seus alunos de uma crescente onda de relativismo moral, mas à custa dos estudantes ficarem marcados na vida pela lembrança nefasta do que tinham levado a cabo. Esta experiência, denominada como a Terceira Onda, foi um simples episódio na História, mas que nos serve a todos como um alerta permanente. O relato do que ocorreu e poderia ocorrer facilmente novamente é de leitura obrigatória em escolas na Alemanha e no resto da Europa. Esta fascinante história real serviu de base para o best seller mundial A onda, a partir do qual se rodou também um filme com um titulo homônimo".
Ao final desta postagem indico os dois filmes inspirados nesta experiência real, um filmado nos EUA e outro na Alemanha, além de episódio da cultuada série Além da Imaginação, chamado Berço do Mal, em que mostra o que ocorreria, caso alguém pudesse voltar no tempo e matar Hitler. Também instigante e reflexivo.
Antes disso, o Educa Tube Brasil faz breve reflexão sobre o documentário A Terceira Onda, a partir dos apontamentos feitos durante sua assistência:
A Terceira Onda mostra que pessoas são manipuláveis, que educadores carismáticos possuem o que chamo de a pedagogia do exemplo, que pode ser tanto positiva como negativa. Que alguém articulado, confiável, inteligente pode influenciar pessoas - principalmente os jovens -, caso não se tenha a crítica e a autocrítica. Apesar da adesão maciça dos alunos à Terceira Onda, alguns alunos se rebelarem e enfrentaram aquele movimento, o que demonstra também que existem pessoas humanistas que não se deixam manipular tão facilmente.
Ron Jones procurou fazer que todos tivessem a ideia que ninguém é melhor do que ninguém, e que erros do passado podem ser repetidos no presente e até no futuro, com o agravante de que no passado não se sabia as consequência daqueles atos nefastos, como o caso da juventude hitlerista, e se envolveram numa onda de totalitarismo, racismo, intolerância, violência e tudo mais.
Mais! Que a falta de alteridade, de ser ver como o outro, de se colocar no lugar do outro, leva a situações extremas, independente da época e de quem esteja no comando da Onda. Segundo entrevista com seus ex-alunos, Jones era um professor jovem, carismático, confiável, inovador, que trazia novidades para a turma, além de convidados especiais, apresentando sempre aspectos diferentes da mesma questão. Algo que a Educação e o Jornalismo nem sempre fazem, sendo deterministas, totalizantes, generalizantes, parciais em suas abordagens.
Há dois grupos nítidos de educadores: os que fazem experiências inovadoras, que interagem com seus alunos, que mostram muitos mais que os dois lados (maniqueístas, binários de um conteúdo, notícia, fato) de uma questão... E os simuladores, que tentam repetir processos mecânicos de aprendizagem e ensino, sem maiores reflexões, contestações, provocações (seja por falta de apoio, de recursos financeiros e humanos, de se expor etc).
Segundo um ex-aluno de Ron Jones, já adulto, diz que o mesmo agiu como um ator e autor de ficção. E de fato, o bom educador não deixa de ser um ator que desempenha um papel, só que social, diante de sua plateia, a turma, escola. E poderá ser, não um autor de ficção, mas ser coautor, junto com seus alunos de uma história de vida, através de atos, projetos e atividades relevantes e significativas a todos.
Jones deixou de lado o método expositivo para, naquela experiência, abordar situações reais, sem que os alunos soubessem por onde ele os levaria. Mas no fundo, parece-me, segundo fala do próprio Ron, ele esperava que seus alunos fossem diferente dos integrantes da juventude hitlerista e da SS nazista.
Ao utilizar conceitos de força e energia, reproduzindo aula conservadora, tradicional do passado em que a disciplina era tão importante quanto o conteúdo. Evidente que impor valores e limites são papel sociais de cada educador, seja pai ou professor, mas de forma adequada. Diante da intervenção abrupta do professor, os mais novos aceitaram com facilidade, incorporando a saudação da Onda, que lembrava a do nazismo, da força através da disciplina. Distribuiu cartões em branco e três com uma cruz vermelha, como fazia o facismo, e foi aceito tal procedimento discriminatório, racista. Expulsou os discordantes. Uma das alunas criou um movimento de oposição, chamado The Breakers, que procurava justamente quebrar este movimento ondular, fazendo cartazes e os distribuindo pela escola de forma anônimo, com medo de ser descoberta e sofrer represálias...
Enfim, em 1967, não havia ainda a internet, o microcomputador, as redes sociais digitais, e os alunos confiavam naquele educador que dizia que o movimento tinha se ampliado, sendo reproduzido em milhares de escolas pelo país. Sem poder comprovar a maioria aceitou como a verdade cabal, até que o próprio professor resolveu mudar a direção do experimento e convocar a todos para uma reunião onde mostrar o líder máximo da Terceira Onda. A cena final dos filmes abaixo é avassaladora. Recomendo assistirem a ambas as versões, pois são ótimas.
Naquela época os EUA viviam momentos como a guerra do Vietnã, a campanha dos direitos civis, as mortes de líderes políticos, artísticos e culturais. O mundo pós Guerra Mundial e envolvido na chamada Guerra Fria era também binário e maniqueísta (dividido entre americanos e russos, direita e esquerda, bem e mal, sim e não etc). No mundo atual, ainda vivemos momentos binários, em que até sociedades ditas evoluídas e democráticas adotam expedientes totalitários de suspensão das liberdades civis por conta de ataques terroristas. Os próprios ataques às vezes "justificam" ações de Terror contra países supostamente patrocinadores destas ações. Um ciclo vicioso que ainda estamos presos, mesmo no século XXI, e que é o campo de batalha ideal para o surgimento de novos líderes carismáticos que podem propor uma "Quarta Onda", se não estivermos dispostos a fazer a crítica e a autocrítica, não só dos atos de terceiros, mas os nossos próprios...
Abaixo, as duas versões de A Onda (a alemã, de 2008):
Sinopse:
"A Onda (título original: Die Welle) é um filme alemão de 2008 dirigido por Dennis Gansel e estrelado por Jürgen Vogel, Frederick Lau, Jennifer Ulrich e Max Riemelt. É inspirado no livro homônimo de 1981 do autor americano Todd Strasser e no experimento social da Terceira Onda. O filme foi produzido por Christian Becker para a Rat Pack Filmproduktion. Obteve sucesso nas bilheterias alemãs e depois de dez semanas, 2,3 milhões de pessoas haviam assistido ao filme".
Fonte: Wikipedia
http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Onda_%28filme%29
A seguir, A Onda, versão estadunidense, de 1981:
)
Sinopse:
"O filme "A Onda", de 1981, mostra uma experiência real vivenciada por alunos de uma escola em Palo Alto, nos EUA, que acompanhando uma proposta de seu professor de história, reproduz o perigo de uma doutrina. A Onda, um movimento criado por este professor, foi inspirado nas rotinas utilizadas por Adolf Hitler com o povo alemão, durante a segunda guerra mundial. A pergunta de uma aluna em sala de aula, motiva esse professor a recriar a mesma experiência em menor escala".
Por fim, episódio O Berço do Mal, do seriado de TV Além da Imaginação:
Sinopse: "Andrea Collins (Katherine Heigl) descobre que tem um incrível dom - ela tem o poder de viajar no tempo. Decide voltar alguns anos com o objetivo de matar Adolf Hitler quando bebê, para impedir a II Guerra Mundial. Só que Andrea logo perceberá que sua tarefa não será tão simples assim".
O episódio acima, sem ser determinista, mostra que independente de quem fosse, estava fadado a alguém ser o führer, pois não se trata de uma pessoa mas de um momento e sentimento históricos que levaram a isso. Se não fosse Adolf Hitler, seria outro que chegaria ao poder e em nome deste e dos valores xenófobos, racistas, eugênicos e tudo mais que estavam em voga e na "onda" daquele tempo, levariam ao mesmo movimento. Particularizar, tornar pessoal algo que é muito mais amplo e universal, é limitar o nosso campo de visão, como se eliminando uma peça do jogo, evitasse que a partida de xadrez político, histórico e social findasse ali. Ainda que tenha toda a complexidade de um jogo de xadrez, a vida é muito mais amplo, complexa e surpreendente que qualquer jogo ou simulação do viver, como bem soube o educador Ron Jones e seus alunos, envolvidos profundamente na Terceira Onda... O poder vicia, é afrodisíaco e o professor pode perceber bem isso, durante sua experiência. E se a sociedade não tiver mecanismos de avaliação e autoavaliação, crítica e autocrítica, poderemos em qualquer tempo, mais do que simular, repetir erros com conhecimento de causa, o que é muito pior... Afinal, uma coisa é criar algo perverso sem saber para onde vai, outra sabendo da existência, não dar-se conta de sua reprodução e seguir adiante, tornando uma pequena onda em um maremoto social.
Tal experiência serve para nos mostrar que ainda estamos aprendendo a viver e a conviver, e que vez em quando, ainda fazemos coisas irracionais, fruto das inúmeras manipulações que estamos sujeitos, além do tempo e do espaço que habitamos. Coisas "Além da Imaginação"...
Para ampliar o tema, sugiro conhecer um pouco da história familiar de Hitler, vide documentário abaixo, do NatGeo:
O vídeo acima A Terceira Onda: Fascismo na Escola, trata-se de documentário do History Channel e foi indicação de Silvio Ferreira, via comentário no blog em postagem sobre o filme A Onda (1981), a respeito desta experiência real sobre o fascismo, feita por um professor de História com seus alunos, em 1967.
Vejam sinopse:
"Em 1967, Ron Jones, um jovem professor de História californiano, criou um estado fascista virtual dentro do seu instituto. O seu objetivo era afastar os seus alunos dos atrativos do totalitarismo e do sentimento de pertença a um grupo. Desta forma pôs em funcionamento uma audaz experiência social que superou as suas melhores expectativas, ou melhor, os seus piores pesadelos. Os estudantes envolvidos, 30 no princípio, passaram a ser 200. Entre eles cumprimentavam-se de uma forma específica e havia uma série de informantes que agiam como membros da Gestapo. Era, em suma, uma fiel recriação das raízes do Terceiro Reich. O grau de furor que Jones provocou serviu para distanciar os seus alunos de uma crescente onda de relativismo moral, mas à custa dos estudantes ficarem marcados na vida pela lembrança nefasta do que tinham levado a cabo. Esta experiência, denominada como a Terceira Onda, foi um simples episódio na História, mas que nos serve a todos como um alerta permanente. O relato do que ocorreu e poderia ocorrer facilmente novamente é de leitura obrigatória em escolas na Alemanha e no resto da Europa. Esta fascinante história real serviu de base para o best seller mundial A onda, a partir do qual se rodou também um filme com um titulo homônimo".
Ao final desta postagem indico os dois filmes inspirados nesta experiência real, um filmado nos EUA e outro na Alemanha, além de episódio da cultuada série Além da Imaginação, chamado Berço do Mal, em que mostra o que ocorreria, caso alguém pudesse voltar no tempo e matar Hitler. Também instigante e reflexivo.
Antes disso, o Educa Tube Brasil faz breve reflexão sobre o documentário A Terceira Onda, a partir dos apontamentos feitos durante sua assistência:
A Terceira Onda mostra que pessoas são manipuláveis, que educadores carismáticos possuem o que chamo de a pedagogia do exemplo, que pode ser tanto positiva como negativa. Que alguém articulado, confiável, inteligente pode influenciar pessoas - principalmente os jovens -, caso não se tenha a crítica e a autocrítica. Apesar da adesão maciça dos alunos à Terceira Onda, alguns alunos se rebelarem e enfrentaram aquele movimento, o que demonstra também que existem pessoas humanistas que não se deixam manipular tão facilmente.
Ron Jones procurou fazer que todos tivessem a ideia que ninguém é melhor do que ninguém, e que erros do passado podem ser repetidos no presente e até no futuro, com o agravante de que no passado não se sabia as consequência daqueles atos nefastos, como o caso da juventude hitlerista, e se envolveram numa onda de totalitarismo, racismo, intolerância, violência e tudo mais.
Mais! Que a falta de alteridade, de ser ver como o outro, de se colocar no lugar do outro, leva a situações extremas, independente da época e de quem esteja no comando da Onda. Segundo entrevista com seus ex-alunos, Jones era um professor jovem, carismático, confiável, inovador, que trazia novidades para a turma, além de convidados especiais, apresentando sempre aspectos diferentes da mesma questão. Algo que a Educação e o Jornalismo nem sempre fazem, sendo deterministas, totalizantes, generalizantes, parciais em suas abordagens.
Há dois grupos nítidos de educadores: os que fazem experiências inovadoras, que interagem com seus alunos, que mostram muitos mais que os dois lados (maniqueístas, binários de um conteúdo, notícia, fato) de uma questão... E os simuladores, que tentam repetir processos mecânicos de aprendizagem e ensino, sem maiores reflexões, contestações, provocações (seja por falta de apoio, de recursos financeiros e humanos, de se expor etc).
Segundo um ex-aluno de Ron Jones, já adulto, diz que o mesmo agiu como um ator e autor de ficção. E de fato, o bom educador não deixa de ser um ator que desempenha um papel, só que social, diante de sua plateia, a turma, escola. E poderá ser, não um autor de ficção, mas ser coautor, junto com seus alunos de uma história de vida, através de atos, projetos e atividades relevantes e significativas a todos.
Jones deixou de lado o método expositivo para, naquela experiência, abordar situações reais, sem que os alunos soubessem por onde ele os levaria. Mas no fundo, parece-me, segundo fala do próprio Ron, ele esperava que seus alunos fossem diferente dos integrantes da juventude hitlerista e da SS nazista.
Ao utilizar conceitos de força e energia, reproduzindo aula conservadora, tradicional do passado em que a disciplina era tão importante quanto o conteúdo. Evidente que impor valores e limites são papel sociais de cada educador, seja pai ou professor, mas de forma adequada. Diante da intervenção abrupta do professor, os mais novos aceitaram com facilidade, incorporando a saudação da Onda, que lembrava a do nazismo, da força através da disciplina. Distribuiu cartões em branco e três com uma cruz vermelha, como fazia o facismo, e foi aceito tal procedimento discriminatório, racista. Expulsou os discordantes. Uma das alunas criou um movimento de oposição, chamado The Breakers, que procurava justamente quebrar este movimento ondular, fazendo cartazes e os distribuindo pela escola de forma anônimo, com medo de ser descoberta e sofrer represálias...
Enfim, em 1967, não havia ainda a internet, o microcomputador, as redes sociais digitais, e os alunos confiavam naquele educador que dizia que o movimento tinha se ampliado, sendo reproduzido em milhares de escolas pelo país. Sem poder comprovar a maioria aceitou como a verdade cabal, até que o próprio professor resolveu mudar a direção do experimento e convocar a todos para uma reunião onde mostrar o líder máximo da Terceira Onda. A cena final dos filmes abaixo é avassaladora. Recomendo assistirem a ambas as versões, pois são ótimas.
Naquela época os EUA viviam momentos como a guerra do Vietnã, a campanha dos direitos civis, as mortes de líderes políticos, artísticos e culturais. O mundo pós Guerra Mundial e envolvido na chamada Guerra Fria era também binário e maniqueísta (dividido entre americanos e russos, direita e esquerda, bem e mal, sim e não etc). No mundo atual, ainda vivemos momentos binários, em que até sociedades ditas evoluídas e democráticas adotam expedientes totalitários de suspensão das liberdades civis por conta de ataques terroristas. Os próprios ataques às vezes "justificam" ações de Terror contra países supostamente patrocinadores destas ações. Um ciclo vicioso que ainda estamos presos, mesmo no século XXI, e que é o campo de batalha ideal para o surgimento de novos líderes carismáticos que podem propor uma "Quarta Onda", se não estivermos dispostos a fazer a crítica e a autocrítica, não só dos atos de terceiros, mas os nossos próprios...
Abaixo, as duas versões de A Onda (a alemã, de 2008):
Sinopse:
"A Onda (título original: Die Welle) é um filme alemão de 2008 dirigido por Dennis Gansel e estrelado por Jürgen Vogel, Frederick Lau, Jennifer Ulrich e Max Riemelt. É inspirado no livro homônimo de 1981 do autor americano Todd Strasser e no experimento social da Terceira Onda. O filme foi produzido por Christian Becker para a Rat Pack Filmproduktion. Obteve sucesso nas bilheterias alemãs e depois de dez semanas, 2,3 milhões de pessoas haviam assistido ao filme".
Fonte: Wikipedia
http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Onda_%28filme%29
A seguir, A Onda, versão estadunidense, de 1981:
)
Sinopse:
"O filme "A Onda", de 1981, mostra uma experiência real vivenciada por alunos de uma escola em Palo Alto, nos EUA, que acompanhando uma proposta de seu professor de história, reproduz o perigo de uma doutrina. A Onda, um movimento criado por este professor, foi inspirado nas rotinas utilizadas por Adolf Hitler com o povo alemão, durante a segunda guerra mundial. A pergunta de uma aluna em sala de aula, motiva esse professor a recriar a mesma experiência em menor escala".
Por fim, episódio O Berço do Mal, do seriado de TV Além da Imaginação:
Sinopse: "Andrea Collins (Katherine Heigl) descobre que tem um incrível dom - ela tem o poder de viajar no tempo. Decide voltar alguns anos com o objetivo de matar Adolf Hitler quando bebê, para impedir a II Guerra Mundial. Só que Andrea logo perceberá que sua tarefa não será tão simples assim".
O episódio acima, sem ser determinista, mostra que independente de quem fosse, estava fadado a alguém ser o führer, pois não se trata de uma pessoa mas de um momento e sentimento históricos que levaram a isso. Se não fosse Adolf Hitler, seria outro que chegaria ao poder e em nome deste e dos valores xenófobos, racistas, eugênicos e tudo mais que estavam em voga e na "onda" daquele tempo, levariam ao mesmo movimento. Particularizar, tornar pessoal algo que é muito mais amplo e universal, é limitar o nosso campo de visão, como se eliminando uma peça do jogo, evitasse que a partida de xadrez político, histórico e social findasse ali. Ainda que tenha toda a complexidade de um jogo de xadrez, a vida é muito mais amplo, complexa e surpreendente que qualquer jogo ou simulação do viver, como bem soube o educador Ron Jones e seus alunos, envolvidos profundamente na Terceira Onda... O poder vicia, é afrodisíaco e o professor pode perceber bem isso, durante sua experiência. E se a sociedade não tiver mecanismos de avaliação e autoavaliação, crítica e autocrítica, poderemos em qualquer tempo, mais do que simular, repetir erros com conhecimento de causa, o que é muito pior... Afinal, uma coisa é criar algo perverso sem saber para onde vai, outra sabendo da existência, não dar-se conta de sua reprodução e seguir adiante, tornando uma pequena onda em um maremoto social.
Tal experiência serve para nos mostrar que ainda estamos aprendendo a viver e a conviver, e que vez em quando, ainda fazemos coisas irracionais, fruto das inúmeras manipulações que estamos sujeitos, além do tempo e do espaço que habitamos. Coisas "Além da Imaginação"...
Para ampliar o tema, sugiro conhecer um pouco da história familiar de Hitler, vide documentário abaixo, do NatGeo:
domingo, 16 de março de 2014
O Gigante: curta-metragem de animação que "trata dos percursos da vida, do que é feito o crescer"
O Gigante Trailer from Sparkle Animation on Vimeo.
O vídeo acima O Gigante, trata-se trailer de curta-metragem de animação, parceria entre Brasil, Portugal, Inglaterra e Espanha, que participou do Festival Anima Mundi 2013 e "narra a trajetória de um gigante que transporta no coração uma menina". Foi indicação via Twitter do colega e amigo Robson Freire, educador do Rio de Janeiro, editor do blog Caldeirão de Ideias.Segundo o blog Anima Mundi, para O Gigante: "O seu coração é uma janela imensa através da qual a garota descobre e decifra a realidade".
Ainda de acordo com apresentação do vídeo pelo Anima Mundi: "O filme tem direção dos portugueses Luís da Matta Almeida e Júlio Vanzeler, cujo conto inspirou o roteiro do curta, assinado por Nélia Cruz. A produção executiva ficou por conta do brasileiro Igor Pitta Simões, que administrou o orçamento de R$ 240 mil, dos quais R$ 40 mil sairam do edital do Fundo Municipal de Cinema de Florianópolis."
E vejam que fato curioso que vem ao encontro do que o Educa Tube Brasil tem destacado em diversas postagens: a importância da troca de experiências, da colaboração de professores e alunos e cooperação entre educadores, pois para este blog e seu editor, o futuro da educação e da sociedade é a articulação, interação e integração de maquinários e usuários, de educadores (pais e professores) e alunos e filhos, em torno de projetos educacionais, de trabalho e de vida.
Por conta disto, conforme o Anima Mundi: "Cada vez mais comum entre grandes ou pequenas produções, as etapas da animação foram dividas entre os países parceiros. Assim, os R$ 200 mil restantes vieram de leis culturais do Portugal, Espanha e Inglaterra, que se dividiram entre direção, produção, desenvolvimento, animação e desenho de animação 2D, sonoplastia e trilha sonora".
Dividir despesas, experiências, certezas e dúvidas é o futuro da educação e da sociedade neste século XXI.
Afinal, a Educação, enquanto escola, instituição e sistema de ensino é o gigante que precisa ouvir mais seu coração de menina, o educando, ávido por colaborar, aprender e ensinar...
O Gigante, apresentado pelo Anima Mundi como "animação [que] fala sobre como apresentar os filhos ao mundo", também pode ter esta dupla perspectiva do adulto ser apresentado a este Admirável Mundo Novo - dominado pelas TIC, Mídias e redes sociais - através dos olhos, coração e mente de seus filhos e alunos (a menina dos seus olhos). Para interagir com o aluno é tão fácil, basta conhecer o seu mundo e trazê-lo para o mundo da Educação. Deste diálogo entre gerações, ambos poderão se beneficiar, ensinando e aprendendo mutuamente; pois não há gigante que não precise dar voz ao coração, nem meninas e meninos que não aprendam com a visão de quem já tem uma experiência de vida e que é maior, tanto em idade como em estatura física...
Nos tornamos gigantes quando aprendemos com simplicidade e humildade a compartilhar nossas descobertas...
sexta-feira, 14 de março de 2014
Idosa se desespera com vírus em pen drive e passa álcool na casa (tecnologia, educação e sociedade)
O engraçado vídeo acima Passou álcool na casa por causa do vírus no pen drive, trata-se de depoimento de senhora idosa a seus familiares (ouve-se a voz de uma jovem - talvez neta - dizer baixinho para que ela olhe para a câmera) e serve para refletir sobre a tecnologia na educação e na sociedade.
Conforme notícia da Revista INFO: "Uma senhora ficou desesperada quando descobriu que seu pen drive tinha sido infectado por um vírus. Quando percebeu que nada resolvia seu problema, jogou seus 300 CDs no chão e limpou tudo com álcool. Para completar a faxina, ainda espalhou cloro pela casa toda, inclusive debaixo da cama.
O medo do vírus foi tão grande que a senhora começou a sentir dormência nas mãos, dor nas costas e no pescoço. Achou que também tinha sido infectada pelo vírus e procurou o hospital".
Pelo semblante e simplicidade da idosa, considero um vídeo autêntico de um depoimento de vida, que resume muito o que temos assistido nessa transição entre os nativos e imigrantes digitais. Aqueles que parecem já nascer conectados a um cabo USB ao invés de um cordão umbilical e aqueles que por força da sociedade, já que tudo esta sendo informatizado, acabam aderindo ás novas tecnologias por vontade própria ou por imposição profissional e/ou social.
A senhora idosa chama-se Lurdes, sua filha Rita, e moram em Nazaré, Bahia, mas é uma situação que poderia ocorrer em qualquer parte do país. Dona Lurdes gosta de música e deve ter algum familiar que baixa e grava músicas em pen drive e CD. Da mesma forma, conheço muitos educadores que - quando eu era formador em Núcleo de Tecnologia Educacional - tem resistência, outros receio, alguns até pavor das TIC, mídias e rede sociais, temerosos diante de um computador, um notebook, um tablet, como se estivessem diante de uma bomba-relógio, como medo de se cortar o fio errado (azul, vermelho, verde, preto, branco ou amarelo?) ou apertar certa tecla do teclado, faço tudo voar pelos ares.
Exageros à parte, alguns educadores (da ativa e aposentados) me confessaram que não gostavam das tecnologias, que eram seus filhos e netos que manipulavam TV, DVD, computador e outros meios eletrônicos no ambiente familiar e que no ambiente escolar precisavam muito de um "Severino", o faz-tudo que toda escola tem, que vai lá na sala de vídeo e liga TV, aparelho de som, liga computadores e que resolve problemas de funcionamento de tais equipamentos.
Outros educadores estão se adaptando às mudanças tecnológicas, pensando também mudanças metodológicas. Outros educadores, mais jovens já nasceram neste novo contexto tecnológico e estão aprendendo e criando novas metodologias de interação com seu alunado. É um processo dinâmico e continuado... Há que se pensar a conexão das gentes (professores e alunos) além das tecnologias de ponta, calcado em teoria e prática adequadas ao que se propõe utilizar, seja no processo de ensino-aprendizagem, seja na convivência social.
Há que se desmistificar as TIC, mídias e redes sociais em ambos os ambientes (educacional tecnológico e social), pois não são nem bicho-de-sete-cabeças, impossíveis de se enfrentar; tampouco, varinha mágica que apenas com um simples apertar de botão e tudo se resolve.
Como sempre o Educa Tube Brasil declara: novas tecnologias requerem novas metodologias de utilização que não seja apenas a mera substituição de um retroprojetor por um datashow e a manutenção do show datado da educação. Pensar o notebook e/ou tablet e sua mobilidade, utilizando-o apenas em ambientes fechados, estáticos como a sala de aula e o laboratório de informática, sobre uma mesa e ligado a um cabo de energia à parede é repetir o famoso jargão: "Trocar seis por meia dúzia".
Ferramentas móveis requerem atividades que exijam do educador e de seu alunado uma certa mobilidade, temporal e espacial. Sem isso, tudo será apenas simulação de tecnologia aplicada à educação, de modernidade e de inovação. E toda simulação possui seus passwords. Passar de fase sem levar o conhecimento da vivência, logo poderá proporcionar o Game Over ou o susto que a senhora idosa, de forma divertida, descontraída, nos relatou...
quinta-feira, 13 de março de 2014
Alunos e Educadores Coletores e Fabris: Uma Odisseia no Tempo e Espaço da Educação
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O vídeo acima Primeiro Engenheiro, trata-se de cena do filme 2001: Uma Odisseia no Espaço, dirigido e produzido em 1968 por Stanley Kubrick (um ano antes do homem ir à Lua) e é um dos melhores filmes já feitos, pois mescla com perfeição o moderno com o clássico, o antigo e o novo, o antiquado e o inovador. Há cenas no filme dessa passagem dos primeiros primatas ao passeio em órbita, da música clássica à tecnologia dos satélites. Mas no caso específico desta postagem, o referido vídeo é meramente ilustrativo de uma fabulosa postagem feita em sua página do Facebook pelo colega José Carlos Antonio, educador educador de Santa Bárbara do Oeste, SP, Brasil e editor do blog Professor Digital, que reproduzo na íntegra (com imagem e texto), logo abaixo, sobre o que ele denomina "alunos-coletores e alunos-fabris", que serve também de reflexão sobre "professores-coletores e fabris":
ALUNOS-COLETORES E ALUNOS-FABRIS, POR JOSÉ CARLOS ANTONIO
A escola ainda não sabe ensinar seus alunos a "aprenderem como se aprende". Mas podemos lhe ensinar isso também. #Educação
Nossos alunos são "alunos-coletores" e nem chegaram ainda ao estágio de "alunos-fabris".
Deixei seis exercícios como tarefa para uma dada classe na semana anterior a do carnaval. Uma aluna "X" me manda um e-mail ontem, onze dias após a entrega da tarefa e a três dias da data de entrega, por intermédio do meu "plantão de dúvidas online", dizendo que não sabia fazer nenhum deles. Simples assim. Sem dúvidas, sem propostas de resolução, sem marcas de qualquer percurso anterior na busca de soluções.
Respondi dando novas instruções sobre o que ler, estudar e observar para que se tenha uma ideia sobre como fazê-los. Não tive nenhum retorno ainda... Desconfio que não terei e que a aluna "abandonará" a tarefa e ficará à espera de "respostas" coletadas de mim ou de outra fonte.
Não, isso não é uma crítica à aluna, mas sim ao sistema de ensino que a convenceu de que "resolver problemas é coletar respostas certas e entregá-las ao professor".
Em outra classe, outra aluna "Y", também tinha que resolver vários problemas. Para um deles ela encontrou uma resposta no Google que pensou que serviria e a entregou. Ficou brava quando descobriu que a resposta encontrada não era a do problema proposto e que o que ela deveria fazer era "construir uma solução para o seu problema" e não buscar uma resposta pronta, que nem sempre existe (na verdade, em situações realistas, elas quase nunca são encontradas "prontas").
Outra aluna "Z", da mesma classe da aluna "Y", propôs uma solução para o problema em classe. Verificamos que era uma solução possível e que, portanto, já não tínhamos mais um problema, pois agora tínhamos uma solução: o caminho para a resposta. A aluna "X" se rebelou de vez, pois agora já não tinha mais um problema e ainda tinha uma resposta que não servia antes e menos ainda serviria agora. Ela concluiu que seu trabalho de pesquisa fora inútil e que questões desse tipo, que exigem a construção de soluções, não são boas questões.
Que culpa tem a aluna "Y"? Nenhuma! Foi isso que ela aprendeu que era "aprender": dar respostas certas, encontradas já prontas, seja lá qual for a forma como elas são obtidas. E se não servirem como respostas é porque o problema está na pergunta ou em quem a faz.
E a aluna "Z" que resolveu o problema em sala? Porque não o resolveu em casa, quando poderia ter feito o mesmo raciocínio que fez em sala? Talvez porque tenha aprendido o mesmo que as alunas "X" e "Y" e somente agora lhe tenha caído a ficha de que ela mesma pode resolver seus problemas; que não precisa ser uma "aluna-coletora" e pode evoluir para uma nova raça de alunos: o "aluno-fabril", aquele que aprende a construir ferramentas (cognitivas) para resolver problemas práticos.
O ano sempre começa com uma multidão de Xs e Ys, alunos-coletores que, aos poucos, vão migrando para a espécie aluno-fabril dos Zs. É preciso ter paciência, persistência, metodologias diversas, didáticas e práticas inovadoras e, claro, um pouco de sorte para acompanhar essas transformações no tempo próprio de cada um, sem entrar em desespero. E, enquanto isso, professor... tome pragas e maldições.
Mas essa estória toda não é um desabafo, ela serve apenas para ilustrar nosso problema educacional: é preciso lutar muito para evoluir a nossa escola, que produz o aluno-coletor, para outra que produza o aluno-fabril. Imagine então a dificuldade que será criar uma escola que poderá leva-lo a tornar-se um aluno-sapiens-sapiens?
Mas é justamente isso que fazemos nós, os professores: transformamos pessoas e escolas!
Posteriormente, após comentários em sua página, José Carlos fez estes complementos:
Os professores coletores foram alunos coletores e agora reproduzem novos alunos coletores que, futuramente, podem vir a ser outro professores coletores. É preciso ir quebrando o ciclo, minando a estrutura, "transformando aos poucos". Por isso a escola é a rocha mais inercial que eu conheço.
Onde alguns veem abandono outros veem liberdade de cátedra; onde uns veem problemas outros veem desafios... Eu sempre fui do time desses "outros", por isso posso me dar ao luxo de não perder meu tempo reclamando de quem, de fato, não me governa.
BREVE REFLEXÃO DO EDUCA TUBE BRASIL:
Como bem afirma Rubem Alves: "O que marca o nascimento de um educador é ter olhos para ver o que nunca se viu." Ou se viu, não soube expressar de forma contundente e clara como faz José Carlos Antonio, em seu texto.
É público e notório que precisamos urgentemente reinventar a roda, a escola e a sociedade, para sair desse modelo de linha de produção, mecanicista e de memorização, que mesmo com o advento das tecnologias da informação e da comunicação ainda esta alicerçado no processo coletor de dados e não transformador de informação em conhecimento mútuo entre professores e alunos.
Há que se pensar e trabalhar o moderno e o clássico, e não o velho e o novo, mas o inovador e o antiquado nessa odisseia escolar, em que precisamos cada vez mais ver ela em 3D, ou seja, em suas três dimensões básicas: educacional, tecnológica e social.
Algo que vai além da discussão entre nativos e imigrantes digitais, mas de conteúdos e atividades relevantes ou descartáveis. Uma odisseia no Tempo e no Espaço Escolar que requer uma profunda reflexão.
Mais do que datashow, há que se pensar o "show datado" da mudança de equipamentos e tecnologias, mas a manutenção das mesmas metodologias para resolução de problemas tão complexos. O maior problema da educação só poderá ser resolvido pela própria educação. Não são problemas pontuais mas estruturais, que envolvem formação docente, capacitação continuada, infraestrutura, remuneração, plano de carreira, reconhecimento social, troca de experiências, avaliação e autoavaliação, crítica e autocrítica. Algo que o texto de José Carlos Antonio nos oferece, nos propõe e nos instiga...
Aproveito para recomendar, além do blog PROFESSOR DIGITAL, do colega José Carlos Antonio, outro belo texto, link abaixo:
A escola nativa digital e seus professores órfãos pedagógicos
O vídeo acima Primeiro Engenheiro, trata-se de cena do filme 2001: Uma Odisseia no Espaço, dirigido e produzido em 1968 por Stanley Kubrick (um ano antes do homem ir à Lua) e é um dos melhores filmes já feitos, pois mescla com perfeição o moderno com o clássico, o antigo e o novo, o antiquado e o inovador. Há cenas no filme dessa passagem dos primeiros primatas ao passeio em órbita, da música clássica à tecnologia dos satélites. Mas no caso específico desta postagem, o referido vídeo é meramente ilustrativo de uma fabulosa postagem feita em sua página do Facebook pelo colega José Carlos Antonio, educador educador de Santa Bárbara do Oeste, SP, Brasil e editor do blog Professor Digital, que reproduzo na íntegra (com imagem e texto), logo abaixo, sobre o que ele denomina "alunos-coletores e alunos-fabris", que serve também de reflexão sobre "professores-coletores e fabris":
ALUNOS-COLETORES E ALUNOS-FABRIS, POR JOSÉ CARLOS ANTONIO
A escola ainda não sabe ensinar seus alunos a "aprenderem como se aprende". Mas podemos lhe ensinar isso também. #Educação
Nossos alunos são "alunos-coletores" e nem chegaram ainda ao estágio de "alunos-fabris".
Deixei seis exercícios como tarefa para uma dada classe na semana anterior a do carnaval. Uma aluna "X" me manda um e-mail ontem, onze dias após a entrega da tarefa e a três dias da data de entrega, por intermédio do meu "plantão de dúvidas online", dizendo que não sabia fazer nenhum deles. Simples assim. Sem dúvidas, sem propostas de resolução, sem marcas de qualquer percurso anterior na busca de soluções.
Respondi dando novas instruções sobre o que ler, estudar e observar para que se tenha uma ideia sobre como fazê-los. Não tive nenhum retorno ainda... Desconfio que não terei e que a aluna "abandonará" a tarefa e ficará à espera de "respostas" coletadas de mim ou de outra fonte.
Não, isso não é uma crítica à aluna, mas sim ao sistema de ensino que a convenceu de que "resolver problemas é coletar respostas certas e entregá-las ao professor".
Em outra classe, outra aluna "Y", também tinha que resolver vários problemas. Para um deles ela encontrou uma resposta no Google que pensou que serviria e a entregou. Ficou brava quando descobriu que a resposta encontrada não era a do problema proposto e que o que ela deveria fazer era "construir uma solução para o seu problema" e não buscar uma resposta pronta, que nem sempre existe (na verdade, em situações realistas, elas quase nunca são encontradas "prontas").
Outra aluna "Z", da mesma classe da aluna "Y", propôs uma solução para o problema em classe. Verificamos que era uma solução possível e que, portanto, já não tínhamos mais um problema, pois agora tínhamos uma solução: o caminho para a resposta. A aluna "X" se rebelou de vez, pois agora já não tinha mais um problema e ainda tinha uma resposta que não servia antes e menos ainda serviria agora. Ela concluiu que seu trabalho de pesquisa fora inútil e que questões desse tipo, que exigem a construção de soluções, não são boas questões.
Que culpa tem a aluna "Y"? Nenhuma! Foi isso que ela aprendeu que era "aprender": dar respostas certas, encontradas já prontas, seja lá qual for a forma como elas são obtidas. E se não servirem como respostas é porque o problema está na pergunta ou em quem a faz.
E a aluna "Z" que resolveu o problema em sala? Porque não o resolveu em casa, quando poderia ter feito o mesmo raciocínio que fez em sala? Talvez porque tenha aprendido o mesmo que as alunas "X" e "Y" e somente agora lhe tenha caído a ficha de que ela mesma pode resolver seus problemas; que não precisa ser uma "aluna-coletora" e pode evoluir para uma nova raça de alunos: o "aluno-fabril", aquele que aprende a construir ferramentas (cognitivas) para resolver problemas práticos.
O ano sempre começa com uma multidão de Xs e Ys, alunos-coletores que, aos poucos, vão migrando para a espécie aluno-fabril dos Zs. É preciso ter paciência, persistência, metodologias diversas, didáticas e práticas inovadoras e, claro, um pouco de sorte para acompanhar essas transformações no tempo próprio de cada um, sem entrar em desespero. E, enquanto isso, professor... tome pragas e maldições.
Mas essa estória toda não é um desabafo, ela serve apenas para ilustrar nosso problema educacional: é preciso lutar muito para evoluir a nossa escola, que produz o aluno-coletor, para outra que produza o aluno-fabril. Imagine então a dificuldade que será criar uma escola que poderá leva-lo a tornar-se um aluno-sapiens-sapiens?
Mas é justamente isso que fazemos nós, os professores: transformamos pessoas e escolas!
Posteriormente, após comentários em sua página, José Carlos fez estes complementos:
Os professores coletores foram alunos coletores e agora reproduzem novos alunos coletores que, futuramente, podem vir a ser outro professores coletores. É preciso ir quebrando o ciclo, minando a estrutura, "transformando aos poucos". Por isso a escola é a rocha mais inercial que eu conheço.
Onde alguns veem abandono outros veem liberdade de cátedra; onde uns veem problemas outros veem desafios... Eu sempre fui do time desses "outros", por isso posso me dar ao luxo de não perder meu tempo reclamando de quem, de fato, não me governa.
BREVE REFLEXÃO DO EDUCA TUBE BRASIL:
Como bem afirma Rubem Alves: "O que marca o nascimento de um educador é ter olhos para ver o que nunca se viu." Ou se viu, não soube expressar de forma contundente e clara como faz José Carlos Antonio, em seu texto.
É público e notório que precisamos urgentemente reinventar a roda, a escola e a sociedade, para sair desse modelo de linha de produção, mecanicista e de memorização, que mesmo com o advento das tecnologias da informação e da comunicação ainda esta alicerçado no processo coletor de dados e não transformador de informação em conhecimento mútuo entre professores e alunos.
Há que se pensar e trabalhar o moderno e o clássico, e não o velho e o novo, mas o inovador e o antiquado nessa odisseia escolar, em que precisamos cada vez mais ver ela em 3D, ou seja, em suas três dimensões básicas: educacional, tecnológica e social.
Algo que vai além da discussão entre nativos e imigrantes digitais, mas de conteúdos e atividades relevantes ou descartáveis. Uma odisseia no Tempo e no Espaço Escolar que requer uma profunda reflexão.
Mais do que datashow, há que se pensar o "show datado" da mudança de equipamentos e tecnologias, mas a manutenção das mesmas metodologias para resolução de problemas tão complexos. O maior problema da educação só poderá ser resolvido pela própria educação. Não são problemas pontuais mas estruturais, que envolvem formação docente, capacitação continuada, infraestrutura, remuneração, plano de carreira, reconhecimento social, troca de experiências, avaliação e autoavaliação, crítica e autocrítica. Algo que o texto de José Carlos Antonio nos oferece, nos propõe e nos instiga...
Aproveito para recomendar, além do blog PROFESSOR DIGITAL, do colega José Carlos Antonio, outro belo texto, link abaixo:
A escola nativa digital e seus professores órfãos pedagógicos
terça-feira, 11 de março de 2014
Instruções Para Um Dia Ruim (mais que um vídeo motivacional)
O vídeo acima Instructions For A Bad Day (Instruções Para Um Dia Ruim), trata-se de um vídeo motivacional com texto e música do artista canadense Shane Koyczan e as imagens são do documentário Life in a Day (Vida em um dia), de Kevin Macdonald, e trata-se ótimo material para dinâmica de grupo, e breve manual de boa convivência social.
Como destaca Susel 320, nos comentários do vídeo: "A entonação da narração parece com a do ultimo discurso de Charles Chaplin", no filme O Grande Ditador (1940), veja cena ao final desta postagem.
Entretanto, o Educa Tube Brasil lembrou-se de versos de Petrarca (1304-1374), imortalizados em poema de Fernando Pessoa: "Navegar é preciso; viver não é preciso". O leitor ingênuo interpretará tais versos com algo pessimista, em que a navegação é mais importante do que a vida, quando na verdade, os versos falam de que os antigos navegadores necessitavam de instrumentos de precisão (astrolábio, sextante, bússola...) para sua navegação, enquanto o viver é mais impreciso e não basta atualmente radar, sonar, GPS para que tenhamos orientação e saibamos de onde viemos e para onde iremos...
Não existe manual de bem viver, mas podemos sim, através da experiência própria e de terceiros, por acertos e erros, aceitarmos as "Instruções Para Um Dia Ruim", tentando ver e enxergar as coisas em sua multiplicidade ao nosso redor, sem maniqueísmo e radicalismos. Afinal, como bem Shane relata "o surdo escutará com os olhos, o cego verá com as suas mãos" e todos poderão sempre exercitar seu poder de visão, além dos sentidos, com sensibilidade e maturidade.
Dias ruins todos temos e ainda teremos, mas saber viver e conviver com eles é algo que apenas aqueles que enfrentam as diversidades e adversidades da vida poderão superar...
Quanto a fala de Chaplim, abaixo, feita em 1940, mesmo passadas mais de sete décadas, continua avassaladoramente real e às vezes brutal. E gosto de destacar algo que Chaplim falava no contexto industrial e que hoje vivemos num contexto escolar e social: “Mais do que máquinas, precisamos de humanidade... Mais do que inteligência, precisamos de afeto e ternura.”
Assim também deveria pensar o bom educador, que mais do que máquinas (seja datashow, notebook, tablet, modem), precisamos de inteligência e conteúdo adequado, afeto, diálogo, troca de experiências, dentro em fora do ambiente escolar... Além de boa remuneração, plano de carreira, capacitação continuada, infraestrutura, precisamos de apoio familiar, de gestão escolar, de reconhecimento social...
segunda-feira, 10 de março de 2014
A pedagogia do exemplo e do afeto entre pai e filha: entre a tela e o espelho
O vídeo acima The Lilly Ann workout (O treino de Lilly), descobri por acaso na internet e trata-se de atividade física entre Lilly Ann e seu pai Michael Stansbury, filmada, provavelmente diante de um notebook ou tablet (as novas telas ou espelhos digitais) e demonstra o que chamo de "As Pedagogias do Afeto e do Exemplo".
Percebe-se nos primeiros segundos que o pai aciona a gravação do vídeo, enquanto a menina já se encontra a postos para iniciar a série de exercícios que simulam o "apoio" ou flexão de peito e braços.
É a bebê que comanda o show, enquanto o pai apenas reproduz seus movimentos, num espelho invertido. Entretanto, a criança é que esta repetindo ações que o pai deve ter feito noutras oportunidades. Espelho e reflexo, um do outro.
Esta consciência de que somos ao mesmo tempo espelho e reflexo de nossos pais e repassamos aos nossos filhos, deveria todo educador - seja pai ou professor - ter em mente a cada interação com seus filhos e alunos, pois nossas ações e contradições são percebidas e refletidas a todo momento pelos mais jovens.
Não importa a quantidade mas a qualidade do tempo que despendemos aos filhos e alunos, sabendo valorizar as pequenas coisas do cotidiano e de cada um. Exemplo disso é a ação do pai, aos 37 segundos, quando diz que ama a filha e ela retribui o carinho com um toque de mão em seu braço. Um bebê que nem sabe falar ainda, mas que imita os gestos de seus pais.
O pai se espelha na filha e esta em seu pai. Este carinho e afeto são fundamentais para o desenvolvimento motor e emocional da criança. Pequenos momentos de atenção como este são preciosos em uma lida diária entre trabalho, estudo, casa... E se todos os pais se dessem conta disso, talvez, muitos problemas de relacionamento, bullying, drogas, violência, depressão, poderiam ser evitados...
Entre telas e espelhos, que possamos como educadores projetar em filhos e alunos valores e limites de bom convívio social.
domingo, 9 de março de 2014
A História de Minha Vida: Uma Única Direção? (música, fotografia e educação)
O videoclipe acima Story of My Life (A História de Minha Vida, em versão legendada em inglês e espanhol), da banda One Direction (Uma Direção), do álbum Midnight Memories (Memórias da Meia Noite), foi indicação de meu filho Allan, de 9 anos, fã desta banda que foi criada nestes programas de talentos da TV. O curioso é que os integrantes da banda, quando competiram de forma individual, não foram classificados, mas posteriormente, reunidos em um grupo vocal, por um dos produtores do programa, obtiveram um sucesso mundial.
O clipe é criativo por unir fotos do passado, dos familiares de cada um dos jovens integrantes da One Direction, com poses atuais com sua família, unindo fotografia, música, arte, história, memória, em uma atividade com múltiplas possibilidades de ser replicada no ambiente educacional.
Penso que professores e alunos poderiam reunir fotos antigas, de quando criança e depois tentar fazer o mesmo que a banda, tirando novas fotos com seus familiares, como uma forma de conhecimento mútuo professor-aluno-comunidade. De a comunidade conhecer melhor a escola e a escola conhecer melhor sua comunidade... Ações simples e criativas como esta promovem a interação tecnológica, educacional e social. Editar fotos e vídeos em colaboração entre professores e alunos e divulgar o resultado à comunidade escolar poderá ser uma bela iniciativa de recuperar memória e história daquela região.
Quando o professor conhece um pouco mais a realidade local de sua escola e de seu alunado, pode pensar e estabelecer estratégias adequadas de inclusão pedagógica, tecnológica e social. Quando a comunidade conhece melhor seu filho, enquanto aluno - vendo sua criatividade -, o professor deste, pode melhor apoiar as ações escolares. Quando a escola conhece melhor alunos, professores, funcionários e comunidade, consegue pensar e executar melhor seu papel social.
Educar não é focar em apenas uma direção, um só recurso e um grupo específico: só o aluno! É lógico que o alunado é o objetivo principal de uma escola, da gestão escolar, dos professores e funcionários, pois sem eles, não haveria a necessidade das escolas... Entretanto, há que, enquanto gestor público e escolar, pensar a escola como o local em que convergem ou deveriam convergir alunos, professores, funcionários e pais.
Fotografar, documentar, divulgar o que acontece no interior da escola, não apenas quando esta comemora cinquentenário, centenário é uma necessidade da vida atual, tornando de fato e de direito a escola como uma das maiores redes sociais que todos passam, interagem e se formam...
Fotografar é muito mais do que congelar bons momentos. Foto, significa luz, e grafar, escrever. Portanto, fotografar é escrever com luz, é iluminar um momento especial para sempre... Entre perdas e ganhos, seguimos em frente com nossas recordações...
Um videoclipe que pode servir para trabalhar o idioma: inglês/português, bem como, para uma reflexão sobre o papel da escola e da família na formação do aluno, na história de sua vida... Na memória da própria educação e da sociedade.
sábado, 8 de março de 2014
Como você se define? por Lizzie Velasquez ao TED e O que podemos aprender com “a mulher mais feia do mundo”
O vídeo acima Como você se define? , que descobri no portal Hypeness, com o curioso título de "O que podemos aprender com 'a mulher mais feia do mundo'?”, trata-se de conferência feita ao TED por Lizzie Velasquez, que tem 24 anos e nasceu no Texas, Estados Unidos, mas com uma condição rara: por mais que coma, seja o que for, não consegue ganhar peso e nunca pesou mais de 29 quilos em toda a sua vida.
Lizzie é deficiente visual, e enxerga só por um olho (que nem meu pai, o artista plástico Zeméco, que mesmo cego de um, continuou a pintar telas, nos mostrando sua visão do mundo ao redor).
O diagnóstico médico de nascimento de Lizzie foi avassalador: que seria incapaz de falar, andar, engatinhar sozinha. Os pais aceitaram a filha como era e fizeram o seu melhor para amá-la e cuidá-la. O apoio familiar é essencial sempre.
A menina, por questões lógicas de aparência - e não essência -, sofreu bullying sempre. Vista e tratada como um monstro pelas outras crianças da escola... Uma criança diferente, mas igualmente gente como qualquer outra.
Porém, os pais lhe disseram acertadamente que a síndrome não definiria quem ela era... Papel fundamental dos primeiros educadores: apoiar, motivar e mostrar os valores humanos, sabendo distinguir entre a aparência e a essência das pessoas e das coisas. Saber valorizar o que deve ser valorizado.
Diante de tamanha pressão, Lizzie sonhava em acordar de manhã e ser diferente. Ser aceita pelo grupo como uma igual, e muitos jovens, por causa deste sentimento de "tribo" acaba adotando trajes, penteados, adereços, acessórios, até utilizando drogas legalizadas (bebidas alcoólicas, cigarros...) ou não, para não parecer "careta", diferente...
Lizzie assumiu a condução de sua vida e decretou: "Você é pessoa do banco da frente do carro, você define sua vida", e "Escolher ser feliz ou infeliz..."
Diante das humilhações, como o vídeo de 8 segundos sobre ela, com 4 milhões acessos You Tube, em que a intitulavam de "A mulher mais feia do mundo", Lizzie decidiu usar esta negatividade ao seu favor se motivando e decidindo ser palestrante motivacional, escrever um livro e fazer faculdade em Estudos de Comunicação, pela Faculdade Estadual do Texas, em San Marcos, seguindo carreira. Fez tudo isso em 8 anos. Diz, inclusive, que "tentou usar experiências da vida real, enquanto estudava, e professores não aceitavam..." Eis um grande problema da educação, ficar estacionada na teoria e não avançar na prática da realidade local, da realidade universal...
Hoje, mais do que nunca, vivenciamos na TV e no mundo ao redor, o culto exagerado à beleza exterior, em que o parecer é mais importante do que o ser, principalmente ser humano e feliz... E os reality shows provam bem isso, quando mostram apenas pessoas jovens, belas, com corpos e rostos perfeitos... Nenhum espaço para alguém típico ou diferente, como Lizzie, somente estereótipos do homem musculoso e da mulher top model e capa de revista.
Afinal, pensando em tudo que Lizzie nos fala, o que nos define? Já pensou nisso? Já pensou em seu conceito de beleza? De vida e de felicidade?
Para conhecer mais um pouco da história de vida de Lizzie Velasquez, veja o vídeo abaixo "The Woman Who Can't Gain Weight" (A mulher que não consegue ganhar peso), com legendas em inglês:
Abaixo, discurso motivacional de Lizzie Velasquez, com legendas em espanhol:
quinta-feira, 6 de março de 2014
O Cérebro Nosso de Cada Dia: Descobertas recentes da neurociência
A imagem acima é do portal O CÉREBRO NOSSO DE CADA DIA, que traz descobertas recentes da Neurociência (com vídeos, jogos, artigos, livros, rádio, imagens etc) e que foi "elaborado com o apoio da FAPERJ e do CNPq, pela equipe de Suzana Herculano-Houzel, neurocientista do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, empenhada desde 1999 em trazer ao público não-especializado os conhecimentos que a neurociência gera sobre o ser humano e examinar como eles se aplicam ao nosso dia-a-dia".
Ótima iniciativa que tem apoio e divulgação do Educa Tube Brasil.
Abaixo, link para o referido portal:
O CÉREBRO NOSSO DE CADA DIA: Descobertas recentes da neurociência
quarta-feira, 5 de março de 2014
Caça-palavras reciclado e outros jogos educacionais feitos de sucata (educação, sustentabilidade e sociedade)
O vídeo acima Caça-palavras reciclado, foi indicação via Facebook do colega e amigo Alexsandro Oliveira , educador e advogado de Rio Grande, RS, Brasil e trata-se de ótima iniciativa que envolve educação, sustentabilidade, história, memória e sociedade.
Uma ideia simples e de fácil execução, que só depende de material reciclado e permite diversas possibilidades, desde jogos de caça-palavras, da memória (usando diversas imagens, recortes, desenhos, figuras no interior das tampinhas de garrafa plástica), de dominó, até conhecimentos de geometria, biologia, história etc.
A criatividade que fará a diferença. Além do fato de poder o professor contextualizar a questão ambiental e também histórica, das crianças que até o surgimento dos brinquedos eletrônicos, criavam com ajuda dos pais os próprios brinquedos artesanais, utilizando um conhecimento passado de pai para filhos, confeccionando pipas, carrinhos de lata de leite em pó e de óleo de cozinha, pernas de pau, telefone sem fio com cordão e latas etc.
Materiais que são jogados no lixo, podem servir para diversos projetos educacionais, sem falar em prestar um serviço ao meio ambiente, através da reciclagem. Vídeos ilustrativos, mostrando de forma didática a receita que une brincadeira, educação, sustentabilidade, reciclagem e sociedade.
Vejam abaixo mais alguns criativos vídeos, alguns deles apresentados por professores e alunos:
terça-feira, 4 de março de 2014
Anel Inteligente: leitor manual de livros impressos e digitais para cegos
FingerReader - Wearable Text-Reading Device from Fluid Interfaces on Vimeo.
O vídeo acima Finger Reader (Dedo Leitor), trata-se de um anel inteligente que lê livros impressos e digitais em tempo real para cegos (que não usem braille). Uma eficaz tecnologia social, ainda em fase de protótipo, desenvolvido por pesquisadores do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachussets).
De fácil utilização, como demonstra o vídeo acima, como bem apresenta o portal The Secret: "FingerReader (algo como: dedo leitor), basta apontá-lo para um livro ou leitor de e-book, como o Kindle, que o anel scanneia todo o espaço ao redor e lê em voz alta, em tempo real e, se o usuário quiser, ele faz a tradução simultânea do conteúdo. O produto ainda vibra quando chega ao final e começo de uma linha, e possui um algoritmo capaz de detectar se o usuário se afastou da linha base do texto, ajudando a manter um movimento de scanneamento em linha reta".
Mais uma das inúmeras possibilidades das tecnologias assistivas, que um dia poderão ser incorporadas ao cotidiano escolar e social.