sábado, 6 de outubro de 2012

Ensina-me a viver (Harold e Maude): cinema e educação



O vídeo acima, trata-se de comentários do crítico Marcelo Janot sobre o filme "Ensina-me a viver", de 1971, com direção de Hal Ashby.
O filme, com título original de Harold e Maude, conta a história de dois personagens: um jovem milionário de 20 anos (Harold) que vive com a mãe e tenta simular o suicídio por diversas vezes para chamar a sua atenção e uma idosa (Maude), que às vésperas de completar 80 anos tem uma alegria imensa de viver.
O que ambos tem em comum? Gostarem de ir a funerais e em um desses se encontram e tornam-se amigos inseparáveis. Maude ensina a Harold a beleza da vida nas pequenas coisa do viver, como a cantar, dançar e a tocar um instrumento musical. Desperta no jovem a alegria de viver. Em uma das falas, Maude diz: "Arrisque-se e faça o seu melhor possível", em contraponto à mãe de Harold que em outra cena preenche pelo filho um questionário, com os supostos gostos do rapaz, na opinião da própria mãe. A educação tem ainda disso, de questionários de perguntas e respostas, de certo e errado, de falso e verdadeiro, quando a vida lá fora é bem mais complexa que isso. Quantos pais não fazem o mesmo, preenchendo o tema de casa para seus filhos, achando que com isso estarão os ajudando, quando na verdade estão lhes tirando a iniciativa, a responsabilidade, sem impor valores nem limites...
Harold vai visitar o tio militar, indicado pela mãe, como modelo a seguir, por ter sido heroi de guerra, mas são personagens de mundos diversos. A mãe do rapaz promove encontros com garotas, para ver se alguma delas agrada ao rapaz, que por ser excêntrico, não arranja namorada.
Ensina-me a viver trata desse choque de gerações, tão comum na educação, e que sintetizo em outra frase de Maude a Harold: "com a sua engenhosidade e a minha experiência..." De fato, com a engenhosidade do aluno e a experiência do professor, ambos ensinam um ao outro a viver. A verdadeira educação é esta que proporciona que engenhosidade e experiência convivam em um mesmo espaço, cada qual valorizando no outro o que lhe falta ou lhe complementa. O filme é para mim uma metáfora do ensinar a viver e a conviver com as diferenças, sejam de sexo, idade, classe social, experiência de vida e tudo mais. Do estimular a independência e a autonomia. Afinal, a atual geração que liberdade, mas nem sempre independência, estando muitos ainda vivendo com os pais e sustentados pelos mesmos. Os pais da atual geração querem dar aos filhos tudo o que não puderem TER, e muitas vezes fazer com que eles sejam tudo o que não puderam SER. Mais do que BENS materiais, é preciso passar como educadores (sejamos pais ou professores), valores éticos e morais e limites sociais. Pois, se os educadores não ensinarem seus filhos/alunos a viver, será a Dona Vida a severa professora para muitos deles. Para refletir e repassar...
Mais um filme que incluo na série cinema e educação e que pode ser acompanhada neste blog, através do marcador CinEducação.
Abaixo, vídeo com canção tema de Ensina-me a viver, na voz de seu autor Cat Stevens, que também é o responsável pela belíssima trilha sonora do filme.

Abaixo, link do referido filme, para baixá-lo em duas partes no formato winrar (compactado):

ENSINA-ME A VIVER (download, parte 1 e 2)

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