segunda-feira, 18 de maio de 2015
"A caneta é mais poderosa que a espada": Discurso da menina Malala em defesa da Educação
O vídeo acima, Discurso de Malala na ONU, descobri via Twitter da colega Christiane Angelotti, editora de literatura em São Paulo, SP, Brasil.
Trata-se de, como indica o título, de discurso em defesa da Educação, na Organização das Nações Unidas (ONU), em 2013, pela menina paquistanesa Malala Yousafzai - Prêmio Nobel da Paz em 2014 -, "que desafiou os radicais islâmicos do Talibã por querer estudar, quase pagando com a vida por isso, [e] se tornou símbolo da luta pela liberdade e pelos direitos da mulher".
Malala, que sobreviveu a um atentado, destaca que "A caneta é mais poderosa que a espada", algo que remete à figura do poeta e dramaturgo espanhol Federico Garcia Lorca, fuzilado pelas forças do general Franco, aos 37 anos, "por causar mais danos com a sua pena do que outros com a arma, com os canhões". A pena com tinteiro, equivalente à caneta, arma dos poetas, com com palavras causam estragos àqueles que cultuam a força dos canhões e não das ideias.
Talvez, por isso mesmo, a educação seja tão combatida por governos autoritários, desde sempre, pois emancipa as pessoas, faz com que estas se libertem de tiranos, farsantes, intolerantes e demagogos.
O exemplo de Malala, não é apenas o da defesa da Educação, em sentido geral, mas do direito das mulheres e crianças a terem autonomia, independência e liberdade para fazer suas escolhas, sem precisar depender da autorização ou proibição de quem quer que seja.
Malala é uma das "crianças que mudaram o mundo" e abaixo, um breve histórico de vida desta menina:
"9 de outubro de 2012. Ao sair da escola, a estudante paquistanesa Malala Yousafzai, à época com 15 anos, estava prestes a embarcar no ônibus de volta para casa quando foi alvejada com tiros por membros do Talibã, grupo fundamentalista que é contra a educação feminina.
Malala foi escolhida como alvo pois era a autora do blog “Diário de uma estudante paquistanesa” desde 2009, quando tinha 11 anos. Publicava textos sobre a sua vontade de estudar em um país onde, só por ser mulher, a dificuldade do acesso à educação era ainda maior. Escrito sob um pseudônimo, o nome de Malala rapidamente se tornou conhecido, já que a garota não tinha receio em defender publicamente a educação de mulheres.
Após sobreviver ao ataque, Malala se tornou ativista e transformou-se num símbolo da causa pela educação feminina no mundo. Seu prestígio é tamanho que a paquistanesa acaba de receber o Prêmio Nobel da Paz de 2014. 'Este prêmio é para todas as crianças cujas vozes precisam ser escutadas', afirmou".
Defender o direito à Educação remete a questão da defesa da formação continuada de professores e alunos, que vai muito além do simples direito à informação. Sem falar no direito de criança ser criança, combatendo o consumismo a que estas vêm sendo bombardeadas a cada dia... Pela não violência, sim, e uma crítica construtiva a filmes, jogos, clipes, desenhos animados que exploram a violência pela violência, sem contextualizar nada, numa pirotecnia digital apenas, visando lucro e audiência.
Mala é uma sobrevivente e seu exemplo serve de motivação a todos aqueles que sobrevivem a morte de seus sonhos, mas que podem tornar a lutar por cada um deles, junto a outros. Já dizia Mahtma Gandhi: "Seja a mudança que desejas para o mundo".
"Percebemos a importância da luz quando vemos a escuridão", disse Malala, completando que "percebemos a importância de nossa voz quando somos silenciados" e que quando ela estava, na cidade paquistanesa de Swat, "Percebemos a importância de livros e lápis quando vemos as armas". E completa ao citar um sábio: A caneta é mais poderosa que a espada".
Que a Educação precisa se reinventar, isso é quase senso comum, mas que dar vez e voz àqueles que podem contribuir para esse debate, é o caminho, não apenas da educação, mas da sociedade.
De fato: uma caneta, um giz, um quadro ou um tablet podem ser mais poderosos que todas as armas de destrição em massa, desde que possamos cada vez mais compatilhar em rede nossas experiências, denunciar os maus tratos, o desrespeito, a falta de dignidade, nos associando uns aos outros contra todo tipo de opressão. Seja física (spray de pimenta, bombas de gás, cães, cassetetes e tudo mais), sejam outras dissimuladas como a não divulgação da realidade em jornais impressos ou telejornais. Dar vez e voz a esta sociedade, rompendo com essa Matrix digital é também um dos grandes desafios da atualidade para alunos, professores, pais e toda uma comunidade.
A rede social, seja digital ou não, é uma forma de unir forças, divulgar fatos, propor soluções...
O bom professor é o revolucionário das ações, muito mais do que das palavras, e ações pedagógicas concretas que deem sentido ao ato de educar, podem ser mais poderosas que qualquer armamento.
A educação gratuita e obrigatória deve ser uma luta de todo educador, um direito universal a ser garantido sempre a cada criança, combatendo o trabalho infantil e todo tipo de abuso. Realmente, o conhecimento é uma arma que nos protege dos falsos herois, dos salvadores da pátria; pois o conhecimento nos proporciona o discernimento do discurso meramente protelatório de uma prática efetivamente inovadora. Em plena Idade Mídia - em que as tecnologias da informação e da comunicação, as mídias e redes sociais nos aproximam -, convivemos também com práticas medievais, no sentido da violência contra mulheres crianças e idosos, mundo afora. Defender e valorzar a educação é sair da Idade das Trevas rumo à Idade da Luz. O analfabetismo político, já nos disse Bertold Brecht, que é a mãe de todos os males de uma sociedade.
Abaixo, documentário sobre a vida de Malala Yousafzai, para uso não apenas como reflexão e motivação, mas para ampliar um debate, na prórpia escola, sobre o papel social do educador e da própria educação:
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