segunda-feira, 20 de julho de 2015

Chicken Little (O Galinho Ingênuo, 1943): Animação atemporal da Disney




O vídeo acima Chicken Little, trata-se de curta-metragem de animação, criado por Walt Disney em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial e me foi indicado pela colega e amiga Érica Campos, educadora do Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Dentro de uma perspectiva histórica e de um contexto de guerra, este material, foi pensado como propaganda contra regimes totalitários e, provavelmente, visando criticar o nazismo e a própria propaganda fascista da época, destes regimes.
Hoje, noutro contexto, mas com uma série de movimentos neonazistas e neofascistas, mundo afora, a propaganda continua sendo uma ferramenta de desestabilização e há quem veja inclusive suas influências em nosso cotidiano.
Uma curiosa, divertida e crítica fábula moderna, em que um pintinho ingênuo é o heroi, um típico "rapaz de família", como é apresentado pela narração original, diante da raposa esperta, um vilão que lê manual (politicamente incorreto) de psicologia para influenciar as aves daquela fazenda, promovendo a desinformação e a cultura do medo, via criação de boatos; algo que remete ao ministro da propaganda nazista, Goebbles (Uma mentira contada mil vezes torna-se verdade). Na lição 2, mais desinformação numa brincadeira de telefone sem fio, em que quem conta um conto aumenta um ponto. E, por fim, o surgimento do "salvador da pátria" - o galinho ingênuo, obviamente, manipulando por outros interesses -, as marchas e/ou fugas e os escapismos que impedem de ver a realidade como ela é.
Passados mais de 70 anos, tal situação, que deveria ser tratada como peça de museu, ainda parece atual, diante da onda de conservadorismo, desinformação e ressurgimento de movimentos fascistas mundo afora.
Esta primeira versão de "Chicken Little", de 1943, logicamente, era uma propaganda anti-nazista... Hoje, ainda vivenciamos muitas vezes propagandas focadas na desinformação, a medida que aborda só um ponto de vista, não permite o contraditório, trata um tema de forma maniqueísta (heróis versus vilões) e binária (1 - 0). A vida e o mundo são muito mais complexos que visões reducionistas e/ou generalizantes dos fatos e das pessoas...
Mesmo assim, mais do que um manual de "Como desestabilizar uma Nação", como é apresentado por quem postou este vídeo no You Tube, é uma ótima animação, justamente para discutir períodos históricos, textos, contextos, imagens e mensagens, incentivando a pesquisa de alunos sobre uma perspectiva ampla e não apenas reducionista ou generalizante.
Não idolatremos nem o ingênuo galinho, tampouco a esperta raposa, mas saibamos distinguir o "joio do trigo" na própria informação que temos acesso, procurando outros pontos de vista, outros veículos de informação, buscar o histórico dos acusados e dos idolatrados. Conhecer o história de um povo e o histórico de seus atores sociais é essencial para que não sejamos iludimos, tanto como o Galinho ingênuo ou pela Raposa esperta que há a cada geração... Nem saiamos rotulando as pessoas, marcando-as com faixas de cores e sinais peculiares, hostilizando-as e as confinando em guetos, como feito no período de criação desta animação.
Conhecer a história é o primeiro caminho para não repeti-la, seja como tragédia ou farsa, bem já declarou muito tempo atrás Tomazzo di Lampedusa. Uma lição que alguns, de tempo em tempo, esquecem e é preciso rememorar.
Uma animação, em tom de fábula, é uma forma didática de auxiliar nesta rememoração do passado, seja nas aulas de História ou não, aliado com recortes de jornais, textos de livros didáticos, vídeos, filmes, etc.

2 comentários:

  1. Queria saber mais sobre esse curta. Quanta ideologia nesse clássico desenho.

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    1. Originalmente pensado como uma propaganda contra o nazismo; tornou-se , como toda obra de arte, um clássico atemporal, pois critica qualquer tipo de manipulação totalitária e fascista. Hoje, ironicamente, passamos por ecos do passado e o retorno de ideologias fascistas, o que deixa esse curta-metragem tremendamente atual. Tentarei pesquisar mais dados sobre o curta para atualização da postagem. Grato pela visita e comentário. Um abraço, Zé Roig.

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