sexta-feira, 29 de janeiro de 2021
O Duplipensar: alienação e realidade em cena antológica do filme O Substituto que cita o livro 1984, de George Orwell [Cinema, Literatura e Filosofia]
O vídeo acima, Duplipensar, é uma cena antológica do filme O Substituto (Detachment, 2011), com o ator Adrien Brody, que interpreta um professor substituto Henry Barthes, extremamente crítico, em uma escola pública dos EUA, que promove debates intensos sobre a condição humana com seus alunos, nas aulas de Literatura.
Detachment pode ser traduzido livremente por "distanciamento", "separação", entre outros termos e isso indica muito da postura inicial do professor substituto, naquela escola de periferia, com problemas de aprendizagem e relacionamento.
O Duplipensar ou duplopensar: "[...] é o ato de aceitar simultaneamente duas crenças mutualmente contraditórias como corretas, muitas vezes em contextos sociais distintos. É relacionado, mas diferente da hipocrisia e da neutralidade. Duplipensar é notável pela falta de dissonância cognitiva, ou seja, o sujeito não tem ciência alguma da contradição entre suas crenças. George Orwell foi quem inventou o conceito de 'duplipensar' em seu romance Mil Novecentos e Oitenta e Quatro, como "o poder de manter duas crenças contraditórias na mente ao mesmo tempo(...)" [Wikipédia]. Conforme sinopse do filme dirigido por Tony Kaye: "Apesar do dom de se apegar aos alunos, Henry escolhe ser professor substituto para manter distância, mas essa barreira fica prestes a ser rompida ao começar a trabalhar numa problemática escola pública."
Barthes é um professor que estimula a leitura, a criticidade e a imaginação de seus alunos, para além das palavras e textos, ams principalmente para os contextos em que essas se inserem. NUma de suas falas, captadas na referida cena, trata da questão de cultivar a consciência, a partir da reflexão sobre o livro 1984, de George Orwell e o papel da mídia na manipulação da informação, pedindo que seus alunos fujam do senso comum.
Hoje é fácil identificar que muitos dos problemas de desinformação e proliferação de Fake News é justamente o chamado senso comum, ou seja, aquela ideia vaga e superficial que todos têm sobre tudo, sem se aprofundar em nada. Muitos querem discutir com especialistas na área, querendo literalmente contestar quem tem formação e qualificação, a partir de leituras superficiais de livros e textos ou notícias falsas. O senso comum é um dos grandes problemas que leva ao medo, ódio e intolerância. O senso comum, a grosso modo é aquela opinião que cada um tem sobre algo que conhece apenas superficialmente.
Para fugir disso, somente uma leitura crítica de textos mais longos e complexos poderá permitir que um aluno ou até mesmo um professor fuja do senso comum, da banalidade e das notícias falsas; e do que a personagem do professor substituto chama de "holocausto intelectual".
Como bem destaca postagem do portal Netmundi.org: "[...] não precisamos apenas de leitura, mas também ler com desconfiança. Sem isso, iremos apenas reproduzir ideias sem o filtro da crítica pessoal. O professor do filme sugere o livro 1984 de George Orwell. Essa obra nos apresenta um quadro de alienação, medo e ansiedade impostos por um regime totalitário. A partir da perspectiva do autor, várias comparações pessoais podem ser feitas, ampliando a capacidade de interpretar nossa própria realidade".
Para complementar esta postagem, indico a resenha virtual abaixo, do livro/filme 1984:
Além disso, indico também o vídeo "Use Esse Conhecimento Para Deixar de Ser Manipulado | 1984 Lições de Orwell" que une Literatura, Cinema e Filosofia:
Sobre esse duplipensar da ficção trazido ao mundo real, cabe lembrar aqueles que defendem a ideia de que não existiu a ditadura de 1964. Ou seja, um 1984 da ficção na realidade, querendo reescrever a história, apagando a realidade. Esse tipo de pessoa quer ensinar aos alemães o que foi o Nazismo, por exemplo; querem contestar ideias, pesquisas, projetos e escritos de quem dedicou uma vida à pesquisa, na base do achismo e do ouviu dizer. E quando esse tipo de pessoa chega ao poder, quer impor suas ideias descoladas do real às instituições. Mera coincidência com a ficção orwelliana?
O livro 1984, escrito em 1948 (um espelhamento) e publicado em 1949, na verdade, não se tratava apenas de uma distopia, remetendo a um futuro assustador, mas uma dura crítica no pós-guerra ao Nazismo e ao Stalinismo vigente ao tempo de produção da obra. Todo texto tem seu contexto e isso fica nítido quando se lê o livro com esse olhar mais crítico e contextualizado. Todo planod e leitura tem que ser considerado como duplo: entre a histporia linear que conta e a história verticalizada e crítica que traz à tona pela leitura mais sensível e associativa. A intertextualidade entre ficção e realidade está em cada obra literária e cinematográfica.
Indico a seguir, o trailer do filme O SUBSTITUTO, que é uma produção comovente e provocadora que todo educador, seja pai ou professor, deveria assistir:
Por fim, recomendo mais dois vídeos, com caráter educacional, o primeiro: "O Substituto e a postura docente | Professor na tela", que é um ótimo material para reflexão:
O segundo: "Um vídeo para professores e Alunos (cenas do filme: O Substituto)":
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