terça-feira, 1 de dezembro de 2015

O que é uma aula? por Gilles Deleuze




O vídeo acima O que é a aula?, trata-se de breve reflexão do filósofo Gilles Deleuze e descobri via blog Arqueologia Escolar, do professor Amílcar Bernardi.
Deleuze define de forma magistral o que é uma aula. Para ele, não tem "o objetivo de ser entendida totalmente", pois é "uma espécie de matéria em movimento". Eu diria, como um livro aberto, que o leitor, embora dependa de um narrador para seguir um percurso, este leitor também é coautor à medida que interage com a obra, que possui ressignificações a partir da bagagem cultural de quem lê.
Educar, lembra citação de Paulo Freire em a Pedagogia do Atonomia, quando declara que "é ter a consciência do inacabamento", tal qual um livro aberto também.
Uma aula, por melhor que seja dada, não pode querer ser totalizante de um tema, isso é impossível. O papel de um educador é o de incentivar o espírito crítico, a autonomia na pesquisa, o trabalho em equipe, a resolução de problemas... O papel do educador é de um provocador dessas atividades, não apenas o de alguém que transfere informações. O bom educador incentiva a emancipação do aluno.
Ao comparar a aula com uma peça musical, Deleuze remete a questão do professor como um mestre,m o maestro que conduz a uma sinfonia, em que cada aluno é de fato um músico, com seu talento dentro de uma orquestra. Ao maestro cabe essa intermediação, essa condução musical, educacional.
Quando diz que cada aluno pega o que lhe convém em uma aula, é justamente essa consciência da impossibilidade de totalização de conteúdos e de abrangência total de um grupo heterogêneo. Não cabe ao professor aprovar a todos, muito menos reprovar. Isso é consequência natural de um processo de ensino-aprendizagem. Mas o bom educador disponibiliza abordagens que permitam a criticidade do aluno, e aquele que se sentir sensibilizado, com certeza, poderá dar esse salto para o futuro.
Educar não é nem pode querer ser a simulação de uma linha de produção, em que o objetivo principal é a aprovação do aluno, mas sim oferecer a este alunado seu melhor.

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