domingo, 27 de junho de 2021

"O Homem que Sabia Javanês": conto clássico e emblemático de Lima Barreto que é uma radiografa da alma e do jeitinho brasileiros [Direito, Literatura e Sociedade]




O vídeo acima, O Homem que Sabia Javanês, trata-se da 1ª parte do programa Direito & Literatura [episódio 207], em que o apresentador Lenio Streck [destacado advogado], "[...] recebe no estúdio o doutor de Direito e professor do Programa de Pós-graduação em Direito da IMED Fausto Santos de Moraes, e o pós-doutor em Filosofia e coordenador do Programa de Pós-graduação em Filosofia da Unisinos, Alfredo Culleton", para debaterem sobre esse conto clássico da literatura brasileira, de autoria do genial Lima Barreto.
Afonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922) foi um dos grandes escritores do Pré-Modernismo brasileiro, incorporando à sua obra uma profunda, irrevenrente e criativa crítica social e de costumes, como em "O Triste Fim de Policarpo Quaresma", em que critica o ufanismo [o patriotismo exagerado]; Recordações do Escrivão Isaías Caminha; Os Bruzundungas; Clara dos Anjos; além de diversas crônicas e contos, como o destacado nesta postagem, que considero uma radiografia da alma brasileira e da estrutura do país que mantém-se inalterada, quanto a valorização mais da aparência do que da essência, do jeitinho brasileiro, da malandragem... Algo de Macunaíma, antes de Macunaíma ter sido escrito por Mario de Andrade, já no Modernismo, em 1928.
É de Lima Barreto a frase, muito citada, de que "O Brasil não tem povo, tem público". Esta afirmação foi feita á Revista Careta, em 1922, ano de seu falecimento e da Semana da Arte Moderna, que inaugurará o Modernismo no Brasil.
De fato, se pararmos pra pensar Literatura, História e Direito, veremos que, desde que aportaram aqui as caravalas com Cabral e Caminha, primeiro escrivão que essa terra conheceu, primeiros os nativos, depois as pessoas trazidas para cá, escravizadas, e a popiulação em geral, sempre assistiu, como figurantes o desenrolar da História, tanto no Brasil-Colônia, depois Império e principalmente na República e seus diversos golpes de estado. Basta ver que durante o período, chamado democrático, e com eleições diretas, somente dois presidentes conseguiram concluir seu mandato, sendo os demais tragados pelas diversas intrigas políticas, urdidas antes nos bastidores do poder para depois chegar às ruas, quando chegaram.
A metáfora do "falar javanês" é emblemática dos famosos "Rolando Lero", personagem fictício e caricato, consagrado em programa humorístico de TV, chamado "A Escolinha do Professor Raimundo", capitaneado pelo ator e humorista Chico Anísio. Os "Rolando Lero" estão por aí, nos programas de TV, nos governos municipais, estaduais e federais, nas câmaras de vereadores e assembleias legislativas, na Câmara dos Deputados e no Senado, falando muito - com a fala propriedade que não têm - e dizendo pouco, inclusive, muitas vezes, se valendo das famosas "Fake News" com fonte de argumentação, ou seja, falácias, sofismas... Nada mais "javanês" que isso, contando com o desonhecimento do outro para se impor como falso intelectual.
Artefato artístico, histórico, sociológico, literário e peça importantíssima da memória nacional. Afinal, quantos "homens" que dizem falar javanês, internetês, juridiquês e outros jargões se impõem diante daquele que não os entende, na base da enrolação? Quantos ostentam em "Lives" uma vasta biblioteca, mais para impressionar o espectador do que de fato seja um grande leitor? Quantos fazem citações descontextualizadas para passar um verniz de intelectualidade? Quantos "javaneses" existem por essa Terra Brasilis, nas mais variadas áreas?
Para quem não conhece esse conto magistral de Lima Barreto, indico a seguir, link para sua leitura integral para sua utilização em aulas de Literatura, Língua Portuguesa, História, Sociologia, Produção Textual, entre outras:

O HOMEM QUE SABIA JAVANÊS - CONTO

Recomendo também a segunda parte do programa Direito & Literatura 207 - O homem que sabia javanês, disponível no YouTube no canal TV e Rádio Unisinos, que aborda diversos clássicos da literatura, na perspectiva do Direito.


Observação:
Esta postagem é de autoria de José Antonio Klaes Roig, professor, escritor e poeta, além de editor do blog Educa Tube Brasil. http://educa-tube.blogspot.com
José Antonio Klaes Roig ou Zé Roig, como gosta de ser chamado, possui o Prêmio de Professor Transformador [2020] e seu blog Educa Tube Brasil, o Prêmio de um dos melhores blogues educacionais do Brasil [2020], conforme selos estampados na coluna à direta desta postagem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário