domingo, 7 de fevereiro de 2021

Alienação, desinformação e manipulação da realidade: cena emblemática de "Merlí: Sapere Aude" (Ouse ser sábio), "spin off" do seriado Merlí sobre Filosofia




O video acima, cena de episódio do seriado catalão "Merlí: Sapere Aude!"(Merlí: Ouse ser sábio), foi indicação da minha amiga Ana Maria F. P., de São Paulo, via Facebook. É um seriado derivado de outro (spin off de Merlí), cujo tema também é filosofia, tendo como protagonista uma professora de Filosofia, tal qual Merlí, da Netflix, em que um professor maduro e irreverente, utiliza-se de métodos pouco convencionais para falar de conceitos filosóficos com seus alunos do ensino médio.
Merlí: Sapere Aude (Sapere Aude, "Ouse ser sábio", em latim, tradução feita pelo colega e amigo José Antonio Orlando, do incrivel blog Semióticas) é drama adolescente espanhol/catalão criado por Héctor Lozano, com estréia em 5 de dezembro de 2019, pelos serviços de streaming. Se Merlí original tem como cenário uma escola de en sino médio, Sapere Aude mostra o ingresso de umd esses alunos na Universidade de Barcelona, no curso de Filosofia, até tonar-se professor.
A cena em questão, que trata de "alienação", foi divulgada pela página do Professor Quintela, no Facebook, e, através de comentários dos usuários, consegui localizar o nome da série e o vídeo no YouTube.
Alienação é o resultado da desinformação, que com o tempo, a partir da manipulação de dados e tudo mais, gera diversos pré-conceitos que levam aos preconceitos, ao medo, e, por conseguinte, ao ódio, intolerância e discriminação.
Por estas e outras coisas que é importante as aulas de Filosofia e Sociologia no currículo escolar, para que o aluno adquira senso crítico, estudo os principais pensadores, suas ideias e conceitos, que tenham um percurso da Filosofia, da Antiguidade à atualidade, perceba os grandes debates que surgiram, levando a sociedade a avançar em conceitos como ética, moral, cidadania, justiça, equidade e outros mais.
A cena em questão serve a diversas questões filosóficas, éticas, morais e sociais, como a aceitação do diferente ou "atrasado" pelo grupo, concordando com a opinião da maioria, mesmo que seja contrária aos sentidos. Uma espécie de Reality Show, programa em que confina pessoas em um ambiente para intrpretar papíes, nem sempre em acordo com a lógica e o bom senso, mas mais com a meta de atingir uma preçiação milionária. O fins justificam os meios? Nicolau Maquiavel, lá na filosofia renascentista dizia que o Prícipe (ou governante) deveria fazer o mal de uma só vez em o bem em parcelas, pois a população acabaria se esquecendo da maldade, relembrando as benesses em conta-contas. Em sua filosofia política, o pensador florentino, como um coach do renascimento, indicava aos governantes que, para chegar ao poder e manter-se lá, seria necessário utilizar uma série de estratégias políticas e sociais. Dentre elas a administração de problemas, visando um fim maior, mesmo que tivesse que utilizar de meios discutíveis.
O participante de um reality show pensa sem esse embasamento filosófico, mais na questão mundana, pratica, objetiva e residual: ganhar um milhão, jogando o jogo e tentando eliminar os potenciais adversários. Maquiavélico? Sim, no sentido pejorativo dessa expressão.
Sapere aude (ouse saber ou ouse ser sábio), foi expressão utilizada pelo filósofo Immanuel Kant, que inspirou o seriado:



Kant, sobre a realidade, dizia que as pessoas pessoas precisam de filtros para perceber o real, como uma espécie de óculos, em que a cor das lentes reproduz a ideologia que o usuário tem. se a lente for verde, veremos um mundo esverdeado, se for vermelha, avermelhado e assim por diante, o que me remeteu a cena do seriado "Merli: Sapere Aude", acima apresentada.
Já Hegel indicava que a realidade é o que é, mas só será compreendida em sua plenitude, com o passar do tempo, da maturidade, da experiência de vida, quado a pessoa for idosa. Vale-se da metáfora da coruja, símbolo da sabedoria, que do alto de um monte ou uma árvore conseguem enxergar tudo num ângulo de 360 graus, visto que ela consegue girar o pescoço em torno de si.
Seja através de óculos, binóculos, telescópios, microscópios, ou pela sabedoria atingida pela vivência e experiência, o ser humano só compreenderá a realidade se souber identificar as fontes de manipulação da realidade: a ilusão de ótica, a paleidolia, o discurso político, a edição de imagens de um programa televisivo, as fake news etc.
Como dizia Paulo Freire em A pedagogia da Autonomia: "A leitura de mundo antecede a leitura da palavra". Saber ler o mundo ao redor são habilidades e competências cada vez maiores nesse século XXI, em que a tecnologia da Deep Face, por exemplo, consegue colcoar o rostro de qualquer celebridade num video, editando sua aparência, voz e tudo mais. Mas para o leitor crítico de imagens e palavras, este sempre poderá desconfiar dos próprios sentidos: muitas das frases e citalões atribuídas a Clarice, Lispector, Luis Fernando Veríssimo, Arnaldo Jabor, Carlos Drummond de Andrade, quem leu os originais, saberá indetificar, pelo estilo peculiar de escrita de cada um, o real e o falso. Assim é a vida, a partir da experiência que se adquirie e o senso crítico que a Filosofia, a Sociologia, a Literatura, o Cinema, as artes e a cultura, em geral, nos proporcionam. Eis a lição!
Como escreveu em verso, Beto Guedes, na canção "Sol de Primavera"; "A lição sabemos de cor, só nos resta entender".
Abaixo, Trailer oficial de Merlí: Sapere Aude:



Indico a seguir, também um comentário sobre as duas séries, àqueles que não conhecem uma ou ambas:



Observação:
Esta postagem é de autoria de José Antonio Klaes Roig, professor, escritor e poeta, além de editor do blog Educa Tube Brasil. http://educa-tube.blogspot.com
José Antonio Klaes Roig ou Zé Roig, como gosta de ser chamado, possui o Prêmio de Professor Transformador [2020] e seu blog Educa Tube Brasil, o Prêmio de um dos melhores blogues educacionais do Brasil [2020], conforme selos estampados na coljuna à direta desta postagem.

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