sexta-feira, 29 de junho de 2012

Escritores da liberdade (cinema, literatura e educação)





As cenas acima (no You Tube), do filme Escritores da liberdade, de Richard LaGravanese, conheci através de indicação do colega e amigo Robson Garcia Freire, educador de Itaperuna - RJ - Brasil, e editor do blog Caldeirão de ideias.
Se fosse apenas um filme, produto de ficção, já seria fabuloso por si só, pela mensagem que contém, mas sendo inspirado em uma história real, o considero fenomenal.
Ainda mais pela problemática que aborda, servindo para tratar também de metodologia e didática, e que o incluo na série de filmes cujo marcador CinEducação propõe justamente sua utilização no ambiente escolar, seja discutindo formas de interação com alunos, seja na formação docente.
Escritores da liberdade é ambientado no ano de 1994, no 1º ano do ensino médio, de uma escola de periferia estadunidense, onde a professora Erin Gruwell, iniciante no magistério, escolhe por causa de seu idealismo e do programa de integração, a referida escola, onde existe problemas com gangues de alunos de origem afro, asiáticos e hispânicos.
"A luta verdadeira deve nascer aqui, na sala de aula", diz a profª. Erin, em cena inicial.
No primeiro contato em sala de aula: testando limites, não pode ser mais desalentador. Alunos desinteressados, fruto de um sistema que não lhes oferece uma oportunidade. O choque de realidade. A lógica vigente de deixá-los sumirem (evasão, violência, desistência). Quem desiste de quem? O aluno da escola ou esta dele, primeiro? A escola é uma prisão? Tribos, gangues, disputas pelo espaço. Divisão de território no bairro, na escola, na sala de aula. Algumas questões que desfilam, enquanto a professora Erin tenta dar aula de literatura.
Quando ocorre pancadaria generalizada no pátio, atrás da professora surge um mosaico com o símbolo da paz (16 min). Apesar de contraditório e paradoxal é um tanto também simbólico, pois como tenho dito: muitas vezes a educação tem avançado enquanto teoria, mas ainda possui uma prática extremamente conservadora. Uma resistência a tudo que seja inovador. Mais pelo desconhecimento do que outra coisa. Nem tudo que é novo é de fato inovador. O datashow, por exemplo, parece-me um show datado, à medida que for somente usado para reproduzir slides de terceiros, como era feito com o antigo retroprojetor
Não bastassem todos esses problemas, o pai de Erin lhe diz que é professora em um presídio, e não dá aula pra alunos mas sim criminosos. Professor também nos EUA não é uma profissão bem remunerada, se comparada a outras. A educador, apesar de tudo, inicialmente tem o apoio do marido.
Uma das estratégias que ela utiliza é a de colocar música para os alunos. Tupac Shakur, para falar de poesia. Mas é contestada pelos jovens, que não a consideram como alguém do local. Não a veem como um igual, até pelo fato de Erin usar boas roupas, joias no trabalho.
Um dia, ela perde a paciência. E ai redistribui os alunos, mudando-os de lugar na sala, principalmente por causa de Jamal, o engraçadinho da turma. Novas fronteiras são estabelecidas. Mas os mesmos procedimentos de convivência persistem. Toda mudança requer tempo e observação, planejamento e interação.
A política da escola é não discutir o assunto (violência) em sala de aula.
Aos 29 min. (parte 3, acima), por conta de desenho de Tito, que faz caricatura de Jamal como um macaco, Erin manda que fechem os livros, e começa a falar da gangue mais famosa da história, que não apenas dominou bairros e cidades, mas países, para delírio dos presentes. Mas trata-se na verdade de descrever os atos do nazismo, que começaram assim, fazendo caricaturas de judeus como ratos e distribuindo em jornais, até chegar onde chegou. Extremamente didático este sermão que cala fundo a todos na aula, de latinos, negros a asiáticos, todos se identificam com o que a professora conta. O poder da retórica e do conhecimento de causa.
Aos 40 min., outra cena emblemática, quando no pátio, Erin percebe que os alunos vivem em guetos, propondo em sala de aula um suposto jogo. Com uma fita adesiva vermelha, divide a sala em duas e pede que a cada pergunta, os alunos deem um passo a frente, tipo: quem tem CD do Snoopy Dog; quantos viram o filme Boys in the hood; quantos moram nos conjuntos residenciais; quantos conhecem alguém que já foi preso, seja amigo ou parente... Em seguida, o questionário disfarçado, vai aumentando o grau: quantos passaram por reformatório ou cadeia; quantos sabem onde se consegue drogas; quantos estão em alguma gangue... Posteriormente, pede que fiquem na linha vermelha se perderam algum amigo por causa da violência das gangues; que fiquem na linha se perderam mais de um amigo, três, quatro ou mais... Um exercício de identidade, que a professora, mais do que tentar descobrir o perfil de sua turma, faz com que seus alunos saibam mais sobre o outro (alteridade) e descubram que todos têm coisas mais em comum do que pensam. Após essa dinâmica de grupo, Erin pede uma homenagem de todas as pessoas, aonde quer que estejam. Nada mais é preciso ser dito naquele momento.
Noutra metodologia que a professora propõe, através da observação e tentativa de interação, é a da escrita de diários pelos alunos. Mas não é obrigatória a tarefa. Quem quiser pegue seu caderno e se quiser que ela leia, deixe ao final da aula no armário, no fundo da sala. A primeira a pegar o caderno é a que quase não fala em aula.
No dia da entrega de notas, logicamente, a maioria dos pais da sala 203 estão ausentes. Das leituras dos diários, Erin descobre o motivo de cada um ser o que é fruto de famílias desestruturas, passando por diversas dificuldades. Conhecer o aluno é desafiador, e propor formas de expressão, um dos caminhos ao educador.
Um dos alunos escreve: "Ninguém liga para o que eu faço, por que vou ligar pra escola?" Toda rebeldia, no fundo, é uma forma de dizer, eu estou aqui, me vejam!
Sem recursos nem apoio, Erin começa a trabalhar em uma loja no shopping (trabalho temporário) para poder comprar material para os alunos. Compra o livro sobre um ex-integrante de gangue, promovendo de novo a identificação do aluno com o material proposto, a partir da própria vivência de cada um.
Com muita dificuldade, consegue liberação para um passeio com os alunos. É primavera, 1º ano, primeiro semestre. Visitam o museu do Holocausto, e o pai de Erin dá carona a alguns dos alunos. Mais uma vez força a identidade dos alunos com o que é retratado no local. Os jovens veem jornais de época, imagens, vídeos, réplicas de campos de concentração, de guetos. Um choque de realidade, além do tempo-espaço, pois um dos alunos, acostumado com a violência se impressiona com a história de um dos meninos prisioneiro do campo de concentração. Erin chega a trazer sobreviventes do Holocausto para falar com os alunos sobre o passado. Usar literatura e história, real e imaginário, outra estratégia da professora.
Ao poucos se cristaliza o poder da mudança. Muitos alunos adquirem o hábito da leitura e da escrita. No 2º ano, no outono, a afetividade entre professor e alunos fica evidente. Através das leituras de relatos dos próprios alunos, feitas por eles mesmos, há uma identificação de grupo, turma. Um deles diz: "Professora maluca. Ano passado foi a única pessoa que me fez ter esperança. Estou em casa."
Uma aluna afro, considerada modelo pela escola, resolve mudar de turma, por ouvir falar das aulas da professora Erin. É o reconhecimento. A Sra. Campbell, uma professora conservadora da instituição, não vê com "bons olhos" as experimentações da professora Erin, que em sua metodologia, doa o livro Diário de Anne Frank aos seus alunos. Das leituras, a identificação dos alunos com as restrições feitas aos judeus, confinados também em guetos. Uma das alunas lê o diário como se fosse um romance, com final feliz, mas quando descobre que Anne morre no campo de concentrações, se irrita, chora, se decepciona.
Erin, graças a arrecadação feita pelos alunos, traz a Srª. que escondeu Anne Frank em sua casa, em mais uma estratégia de interação, motivação e inclusão. Uma educadora que conquista o respeito e a admiração dos alunos, mas que também sofre com ressentimento de colegas conservadores, que dizem que estão há mais de 30 anos naquele método e não querem mudar. A resistência ao novo. O que vem de encontro ao que penso, que melhor ajuda quem não atrapalha. Por diversas vezes a Sra. Campbell tenta inviabilizar as ideias de Erin, sem conseguir seu intento.
Por fim, Erin e os alunos juntam os diários em um livro, conseguindo a doação de 35 computadores para que os seus "escritores da liberdade" possam organizar todo o material. Os alunos escolhem o título do projeto, que torna-se livro e inspira este filme, e posteriormente criam uma fundação (em 1999) para ajudar outros alunos na mesma situação. Uma história real, motivadora e inspiradora, que todo educador deveria assistir com seus alunos, todo pai deveria ver com seu filho. Toda a comunidade escolar deveria assistir para redefinir cada um o seu papel, enquanto professor, aluno, gestor escolar, gestão público...


O Educa Tube sugere também a leitura do artigo Escritores da Liberdade: Palavras que emancipam, (link abaixo) de autoria do prof. João Luís de Almeida Machado Doutor em Educação pela PUC-SP; Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP); Professor Universitário e Pesquisador; Autor do livro "Na Sala de Aula com a Sétima Arte – Aprendendo com o Cinema" (Editora Intersubjetiva) e editor do portal VITHAIS.

ESCRITORES DA LIBERDADE: PALAVRAS QUE EMANCIPAM

Bem como, indica link abaixo para o download do filme Escritores da Liberdade, via blog Baixar Filmes Completos:

ESCRITORES DA LIBERDADE

Assistam também O Diário de Anne Frank, clássico de George Stevens, abaixo:



Sinopse do filme no You Tube:

A épica adaptação para as telas assinada por George Stevens de um dos mais comoventes documentos surgidos após a 2ª Guerra Mundial: o diário de uma garota judia de treze anos de idade, chamada Anne Frank. Para escapar aos horrores da perseguição nazista, Otto Frank (Joseph Schildkraut) escondeu sua esposa (Gusti Huber) e suas duas filhas, Anne (Millie Perkins) e Margot (Diane Baker) em um sótão desocupado em Amsterdã por dois anos. Lá, também escondidos, estavam o Sr. e Sra. Van Daan (Lou Jacobi & Shelly Winters), seu filho Peter (Richard Beymer) e um dentista, o Sr. Dussel (Ed Wynn).
Em seu diário, Anne registra as dificuldades e medos das pessoas à sua volta que tentavam viver uma vida normal mesmo confinados no minúsculo sótão, estando todo o tempo sob ameaça de serem descobertos pela Gestapo.
O estresse e a tensão quase insuportável da situação são habilmente expostos neste filme marcante e tocante.

14 comentários:

  1. ESSE FILME E MUITO RUM TA BOM PARA VOCES EM?

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  2. EU SOU PATRICIA FERNANDES ARAUJO, DE 11 ANOS A MINHA PROFESSORA ANTONIA[TU] AMANHA DIA 18/07/20013 VAI PASSAR 45 PERGUNTAS EU NAO VOU SABER RESPONDER NEM MEIA POR EU NAO SOU INTELIGENTE.

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  3. EU SOU LINDA COM OS MEUS DENTOS DE COELHO!KKKKKKKKK!!!!!!!!!!!!!

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  4. EU ACHEI O FILME INTERESATE MAS UM POUCO DIFICIL PARA 45 PERGUNTAS, MAS ISSO PARA MIM NAO E NADA ATE POR QUE EU UMA ALNA BRILANTE A MAIS INTELIGENTE, DIFERENTE DESSA TAL PATRICIA QUE FALOU AI QUE TIPO E BURRA COME QUE PODE UM COISA NE? MAS ELE PUBLICANDO QUE E BURRA AI SIM DA PARA VER QUE E MESMO NE GENTE? POR QUE, QUE UM PESSOA AI FALAR DELA MESMO ASSIM? MAS TAMBEM EU CONHOSO ESSA MENINA. E QUEM DISSE AI QUE OS DENTES DELA E DE COELHO TA CERTO MESMO OU SE ISSO FOI ELA QUE ECREVEU ELA DISSE A VERDADE!!

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    1. Pra quem fala que é inteligente você está escrevendo muito mal
      BEIJOCAS

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  5. há gente ai SO tem burro porque ate essa menina ai disse que e muito inteligente não e nada porque olha SO TAO 'inteligente' que e que escreve as palavras eradas como que ela POS ai [alna,come,interesate e conhoso] eu acho que ela queria por assim [aluna, como, interessante e conheço] e depois ela fala mal dos outros e esquece dela como e que pode uma coisa dessa ne?? e não vem falar que e a mais inteligente porque você e a outra e tudo a mesma coisa BURRAS!!! dentes de coelho a outra e você...

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  6. eu sou patrícia Fernandes araujo irma da paloma. a minha irma paloma deixou eu namorar pq ela tinha descuberto q eu estava namorando, mas so q isso não foi um problema para mim foi ate melhor pq ela descobriu e emvez de brigar comigo ela foi e e deixou eu namorar mossa isso ta e muito bom namorando nelsson aquele palito de dente mas o importante e que eu amo ele!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  7. o coitada que primeiro não sabe nem escrever, escreve tudo erado. o minha filha e quem e que esta querendo saber da sua vida pessoal ninguém ne??? eu mesma sou uma delas. e me diz ai come que e namorar um palito igual Nelson que ridículo.

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  8. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKK CONCORDO COM VOCE

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  9. Boa Noite...

    Olá: José Antonio!

    Estou buscando ajuda ou informações sobre publicações de livros ou adaptações de textos teatrais, estou a pouco tempo escrevendo poemas, pensamentos e roteiros para teatro. Pela gentileza gostaria de saber se qual é o sindicato ou parte responsável que cuida sobre adaptações teatrais para que eu possa enviar os meus trabalhos para serem publicados. Por gentileza me ajude sobre esta duvida.

    Fico por aqui. Obrigado

    Marcello Chiarizzi
    marcellochiarizzi@gmail.com

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    1. OI, Marcelo, desculpe-me a demora em responder, pois não recebi notificação de teu comentário. Infelizmente não tenho essa informação. Se souber te repasso. Um abraço, Zé Roig

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  10. quero saber uma das historias contadas pelos sobreviventes de holoscausto

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    1. Aqui tem um vídeo com depoimento de uma sobrevivente.
      http://educa-tube.blogspot.com.br/2016/01/uma-aula-de-humanismo-de-uma.html

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