sábado, 18 de setembro de 2021

Verdadeiro amor: clipe que parece um curta numa relação intertextual da música com o cinema, da literatura com a mitologia e a filosofia




O vídeo acima, True Love [Verdadeiro amor] é um belíssimo clipe [2013] que, ao vê-lo, remeteu-me imediatamente ao clássico e longa-metragem sueco O Sétimo Selo [1957], de Ingmar Bergman e ao filme Encontro Marcado [1998], de Martin Brest, pois a protagonista das três narrativas é a própria Morte que vem buscar alguém, e, no caso do clipe, acaba por se apaixonar pela filha da idosa que deverá embarcar no barco de Caronte, o barqueiro mitológico.
Vejam só, um belo e profundo clipe da cantora Eivør, com direção de Heiðrik á Heygum, que permite um diálogo intertextual entre música e cinema, literatura, mitologia e filosofia, pois envolve questões metafísicas, literárias e filosóficas, como vida e morte, amor e paixão etc.
Um primor de vídeo, cheio de alegorias, metáforas e simbolismos, para uma aula integrada entre Literatura, Filosofia, Artes com Produção Textual, para que, a partir da leitura de imagens, escrevam sobre o que é visto e cantado. Um clipe que parece curta, e que carregarei para projeto de mesmo nome, que desenvolvo desde 2010 [detalhes AQUI].
Na narrativa visual, a moça, depois de ver a Morte levar sua mãe, seguindo a lista que o barqueiro lhe dá, pensa que será a próxima e almeja reencontrar a Morte, num sentido literal, enquanto a Morte, apaixonada pela moça, desiste de seguir sua sina e se converte em humano para realizar seu sonho de amor. Algo que me lembrou, além do filme Encontro Marcado, o longa Cidade dos Anjos, de Brad Silberling, curiosamente também de 1998 [em que o anjo igualmente desiste da imortalidade para viver um grande amor], que é remake de Asas do desejo [1987], de Wim Wenders, e, por fim, a peça de Shakespeare, Romeu e Julieta [1597] e filme de Franco Zefirelli [1968], na questão dos desencontros que levam à tragédia final. Que fica subentendida a partir do abridor de cartas e a expressão da Morte ao ver a cena.
O beijo que a moça deseja da Morte, não é o mesmo que a Morte, em seu amor romântico pensa encontrar, tanto que resolve trocar de lugar com um sobrevivente de acidente, à beira justamente da Morte, oferecendo-lhe sua função e trocando suas vestes...
Um lindo clipe, pois, ao que parece, o desejo de ambos [moça e morte], de um reencontrar o outro, possuem finalidades bem diversas: ela, depremida, quer que a Morte a leva junta da mãe [o beijo que ela suplica é bem emblemático], a Morte quer viver um grande amor, junto de sua amada. Poético, filosófico, literário, artístico e transcendental, pois a morte da Morte, tornando-se mortal é ao mesmo tempo a morte do amor, já que a moça deseja apenas morrer, não de amor, mas seduzir a Morte para levá-la ao mundo onde se reencontrará com a mãe.
Abaixo, trailers dos filmes mencionados:











Observação: Esta postagem é de autoria de José Antonio Klaes Roig, professor, escritor e poeta, além de editor do blog Educa Tube Brasil. http://educa-tube.blogspot.com José Antonio Klaes Roig ou Zé Roig, como gosta de ser chamado, possui o Prêmio de Professor Transformador [2020] e seu blog Educa Tube Brasil, o Prêmio de um dos melhores blogues educacionais do Brasil [2020], conforme selos estampados na coluna à direta desta postagem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário