sábado, 18 de outubro de 2025

Por que fazemos arte? A arte como último refúgio, segundo o escritor Ailton Krenak [literatura, filosofia e sociedade]




O vídeo que intitulei de "A arte como último refúgio" me foi indicado pela colega e amiga Gô Butierres, professora de arte de Rio Garnde RS, Brasil, a partir de postagem de Thais Polimenti no Instagram, destacando recorte de fala do escritor e intelectual indígena Ailton Krenak, recentemente eleito para a ABL - Academia Brasileira de Letras.
Krenak, autor de belíssimos livros como "Ideias para adiar o fim do mundo", "A vida não é útil", "Futuro ancestral", "O amanhã não está à venda", entre outros, com sua sabedoria ancestral nos brinda com preciosidades, como no vídeo em questão, ao dizer que "a arte se tornou o último refúgio daqueles que querem compartilhar sua generosidade com o mundo". De fato, Friedrich Nietzsche, no século XIX já dizia que "A arte existe para que a realidade não nos destrua", relacionando a arte como uma espécie de válvula de escape para a brutalidade da vida, dizendo também em A Gaia Ciência: "temos a arte para não morrer ou enlouquecer perante a verdade". Gaia, por sinal, é um mito antigo de que a Terra funciona como um imenso ser vivo.
O escritor e poeta brasileiro Ferreira Gullar disse algo similar: “A arte existe porque a vida não basta”. Vai além da ideia de refúgio ou de remédio contra a alienação, mas de que podemos reinventar o mundo por meio das mais variadas manifestaçõe artíticas e culturais, em especial a poesia. O conceito de literatura é a ilusão do real, do fingimento poético de Fernando Pessoa, entre a dor sentida, mas não vivida.
Enfim, em tempos do Inteligências Artificiais, o que é "Humano demasiado humano", parafraseando título de outro livro de Nietzsche? Seria a IA uma simples simulação do humano, ou uma arte subvertida pelo lucro, antes de tudo, sem respeito aos direitos autoriais e á prórpia humanidade presente nas produções pseudoartpisticas feitas por máquinas que plagiam o humano, fazendo paráfrases digitais? Algo que remete a alegoria da caverna em Platão e do experimento, chamado de quarto chinês, justamente para testar se as máquinas poderiam pensar como nós.
Desliguem os cabos, o canal de comunicação da IA com a internet, com os bancos de dados que armazenam toda a produção da genialidade humana e a IA será apenas uma caixa [de Pandora?] vazia...
Os algoritmos podem simular, imitar muita coisa humana, mas jamais saberão, além dos códigos de programação o que é de fato amar e ser amado, perder um ente querido, a dor física e a emocional, sentir depressão ou ter prazer estético com um simples entardecer ou nascer do sol, de uma lua cheia brilhando no céu, de daqnçar na chuva, e toda o paradoxo de ser humano, ora um poeta, ora um serial killer.
Como dizia o poeta e filósofo romano Terêncio (195/185 – 159 a.C.): "sou humano e nada do que é humano me é estranho", pois, como humanos tudo que fazemos faz parte da condição humana: amar e odiar, ser justo ou injusto, fiel ou traidor, dependendo da situação, do contexto, de diversos fatores.
Como bem destaca Krenak, a arte é de fato um refúgio, um abrigo, um caminho, um portal para outra dimensão, sem esquecer que é também um meio de evitar a prpopria alienação, desinformação e manipulação do mundo. Ler imagens, letras, palavras, ideias são atos de resistência ética e residência poético-filosófica sempre!

Observação:
Esta postagem é de autoria de José Antonio Klaes Roig, professor, escritor e poeta, além de editor do blog Educa Tube Brasil. http://educa-tube.blogspot.com José Antonio Klaes Roig ou Zé Roig, como gosta de ser chamado, possui o Prêmio de Professor Transformador [2020] e seu blog Educa Tube Brasil, o Prêmio de um dos melhores blogues educacionais do Brasil [2020], conforme selos estampados na coluna à direita desta postagem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário