quarta-feira, 9 de maio de 2012

Quase deuses: o mestre aprendendo com o aprendiz (cinema e educação)



O belo e motivador filme Quase Deuses (trecho motivacional acima) conheci, graças indicação, via Facebook da coleg'amiga Márcia Cristina Alves, educadora do Rio de Janeiro - RJ - Brasil e representante do Rioeduca.net na 9ª CRE.
Quase Deuses (link ao final desta postagem para versão completa) é um desses filmes que tenho destacado com palavra-chave CinEducação para indicar aos educadores filmes que ainda que não sejam diretamente destinados à educação, pelo seu conteúdo relevante, podem ser adaptados, ora para formação de professores (como o referido acima), ora para atividades com alunos.
Quase Deuses conta a histórica verídica do jovem negro Vivien Thomas (1910-1985), que tem um nome feminino pois a mãe queria uma menina e mesmo nascendo um garoto, não muda o nome escolhido antes do nascimento. Thomas, que é carpinteiro, é contratado para limpeza do Laboratório de Cirurgias Experimentais Vanderbilt, onde o médico-pesquisador Alfred Blalock (1899-1964), faz cirurgias experimentais em cachorros.
É um tempo de segregação racial, em que o médico, homem de seu tempo, apesar disso, procura inserir o jovem que mostra ter uma incrível facilidade para a medicina, tornando-o seu ajudante. Com muita persistência, dedicação, estudo e força de vontade, aliada ao talento natural, Vivien, de auxiliar, passa a ser mais que colaborador, logo, desenvolvendo em parceria com o médio Blalock um método inovador na cirurgia, visando a primeira operação em ser humano, o que ocorre com uma menina que tem o que chamam de doença do "Bebê azul", por causa de complicações cardíacas, no bombeamento do sangue. Nos momentos mais delicados da operação o próprio médico chama seu auxiliar para guiá-lo naquele pioneiro percurso. A operação é um sucesso no Hospital Johns Hopkins, mas quem ganha os louros da fama, mundo afora, é o médico branco, enquanto seu parceiro negro torna-se invisível. Somente já na velhice a instituição concede a Viven Thomas o título de Doutor Honorário. Reconhecimento em vida.
Uma das frases emblemáticas é a que o médico se dirige aos demais colegas, que acham que a operação com a bebê é arriscada demais para ser tentada em seres humanos. Blalock diz: "Onde você vê riscos eu vejo oportunidades". Atualmente, na educação vive-se essa duplicidade: uns veem riscos, outros oportunidades. Mas toda profissão requer esses riscos controlados. E mais que tudo, necessário faz-se aprender com o poder do aprendiz, como o filme bem retrata, pois o médico, reconhece em seu auxiliar alguém capaz, com quem pode contar. Unir a teoria do mestre e a prática do aluno é um grande exercício de humildade e cumplicidade para o educador do século XXI. Afinal, o jovem domina a máquina, mas falta-lhe a experiência de vida. No filme percebe-se bem que as ideias são do médico mas a execução é do auxiliar. O mestre tem a ideia de como fazer, mas não sabe ao certo como fazer, enquanto o aprendiz, o mais jovem, descobre um jeito de por tudo em prática. Mais ou menos o que Oscar Niemeyer criava e Lúcio Costa calculava para por de pé desenhos ousados, na construção de Brasília. Ou como Hans Donner fazia com suas vinhetas e seus auxiliares efetivavam a partir da computação gráfica. Ideia e execução são duas faces de uma mesma moeda e devem andar juntas no ambiente escolar, seja qual for o nível de estudo. Unir teoria e prática.
Quando fui assessor jurídico na educação, contei com o apoio de um estagiário do último ano do curso de Direito que muito me ensinou novos conceitos e visões para quem já estava formado no Direito há mais de uma década. Aprendi muito com ele, mas também ensinei ao jovem que poderia ser meu filho, o caminho das pedras, daqueles que já viveram e passaram por muitas estradas... Um diálogo entre gerações...
Um filme para ver, refletir e repassar...
Abaixo, link para versão integral do referido filme, encontrada no You Tube:

QUASE DEUSES

Um comentário:

  1. Sua descrição do filme está perfeita!! E suas comparações estão de acordo, lembrar Niemeyer foi muito bom meu amigo... Abçs

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