terça-feira, 17 de novembro de 2020

Heróis (poderíamos ser): clipe que parece curta em um voo além da imaginação [e proposta de interpretação da linguagem visual]




O vídeo acima, Heroes Heroes (we could be) ou "Heróis (poderíamos ser)", tradução livre, é um daqueles "Clipes que parecem Curtas", pela sua narrativa visual semelhante a um curta-metragem com início, meio e fim e é um belíssimo audiovisual para promover uma reflexão sobre educação e sociedade.
A história cantada mostra um jovem que entra em uma espécie de sanatório ou prisão em que outros jovens mutantes, com poderes parecidos com os dos X-Men, da Marvel, são aprisionados e passam por certas experiências, algumas delas visando a "normalidade", como tratamento por medicamentos etc. Um deles é uma moça com asas de anjo, alvo principal do jovem sem nenhum poder aparente, que carrega no pescoço um cordão com uma chave. Os elementos simbólico, alegórico e metafórico estão muito presentes em todo o clipe.
Muitos jovens desconhecem seu poder, ou não sabem lidar com seus talentos naturais, precisando ás vezes de alguém que os liberte de um encarceramento, inclusive escolar, familiar e social. Muitas vezes os estranhos, os esquisitos são justamente aqueles que se dizem normais. E o que é normalidade? Ser uma dízima periódica na sociedade? Fazer as coisas de forma repetitiva, mecânica e robotizada? É essa a Inteligência Artificial que alguns desejam?
O clipe, além de muito dançante, possui cenas quase hipnóticas, que provocam no espectador uma reflexão.
E a cena final, em que o rapaz consegue fugir com a moça com asas de anjo até o terraço do prédio é emblemática demais. Os dois saltam, fugindo dos enfermeiros ou guardas, mas só ela, que possui asas, consegue voar e ele, embora a tenha ajudado na fuga, cai sobre o capô de um carro lá embaixo estacionado.
O que se pode analisar dessa narrativa visual? Que ela tinha asas e acreditava em seus sonhos, que o rapaz que a ajudou na fuga é como aquelas pesoas que acreditam em nosso sonhos, mas não no próprio potencial, por isso não conseguem voar, e os demais, que libertos daquela prisão, saem em fuga e somem no mundo...
Algo como, não basta apenas esforço, há que se ter talento? Ou não basta acreditar nos outros, têm-se que acreditar em si mesmo, que os sonhos podem se torna realidade? Ou que se acreditando no impossível ele se torna real?
Muitas vezes a sociedade tenta "encarcerar" o pensamento dos que pensam diferente, dos que estão inovando, enquandrando-os em suas caixas, salas, prisões... O diferente, o diverso sempre será visto como o estranho, o estrangeiro àqueles que se acomodam em sua zona de conforto e de suposta normalidade. Sem os anjos, de asas ou não, a humanidade não teria elevado o voo da imaginação, eis a lição que esse clipe que parece um curta nos traz.
Em 2011 formulei um projeto e o coloquei em prática, justamente com esse nome, selecionando diversos clipes que possuíam uma narativa visual, e uma palavra cantada a ser recontado pelos alunos. Abaixo, link para o referido:

PROJETO CLIPES QUE PARECEM CURTAS, UNINDO MÍDIAS, LITERATURA, MÚSICA E PRODUÇÃO TEXTUAL

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