segunda-feira, 5 de março de 2012

Escola da Vida (cinema e educação)


A Escola da Vida é um daqueles filmes despretensiosos que encantam justamente por isso...
A história começa com a narração de Dylan, um aluno que tem o pai e o avô como professores da escola. O avô, chamado de Norman "Tormenta" Warner, por 43 anos consecutivos ganhou o prêmio de Professor do Ano. De repente, acometido de mau súbito, vem a falecer. Eis ai a grande chance de Matt Warner, o filho, que viveu todos esses anos à sombra do pai. Porém, dois meses depois, chega o professor substituto de História, chamado Michael De Angelo, ex-aluno da instituição, que com seu jeito irreverente, criativo e original, conquista rapidamente o carinho, a atenção, o respeito e a admiração de todos, de alunos a professores.
 Matt, professor de Ciências, vê ameaçado o seu sonho de tornar-se Professor do Ano. Sr. D, como é chamado, não se importa com prêmios, se diverte com as aulas, encenando episódios da História Norte-Americana. Veste-se de Lincoln para representar a Guerra Civil Americana no pátio da escola, ora se traveste de Indiana Jones para falar de arqueologia e civilizações antigas... Uso o farto imaginário do aluno em seu proveito, promove mudanças na distribuição das cadeiras e classes na sala de aula, colocando os alunos em círculo e ele se colocando no centro, numa poltrona giratória.
Motivador, Sr. D brinca com os alunos, usando a linguagem e o conhecimento de mundo, mas principalmente o mundo do aluno. Enquanto isso, Matt é mais tradicional, e a cada gracejo de um aluno, manda-o para a direção.
Conciliador, o Sr. D percebe que certo aluno é gago e tímido e ao apresentá-lo aos demais, diz que todos são diferentes e especiais. Por dominar o conteúdo tenho o domínio de classe, calcado em metodologia e didática adequadas àquele público. O Sr. D. brinca, faz piada, se diverte, mas tabém fala sério... E pergunta a turma: Quanto tempo nós temos? A resposta a questão, amigos - diz ele -, não está no relógio. Não muito - continua -, é esse tempo que nós temos, conclui, promovendo a reflexão do alunado. E estabelece a seguir um pacto com a turma: De agora em diante, cada minuto, cada segundo é valioso. Estabelecer esse acordo, ora expresso, ora tácito com o aluno é importante, desde o início de uma atividade, projeto, ano letivo...
 Com Matt, alunos colam, com Sr. D. , ele brinca, escrevendo a palavra "Cola", na sola do sapato, na janela de persiana e outros locais da sala de aula, durante a prova, de uma forma bem humorada... Enquanto isso Matt continua a levar alunos para a direção da escola e contesta a avaliação do Sr. D., mesmo este recebendo uma premiação externa.
Quando Sr. D. adoece e precisa se afastar da escola - substituído pela Sra. Hunt -, Matt vê ai a oportunidade de recuperar o terreno perdido, rumo ao cobiçado prêmio de Professor do Ano, e passa a imitar os recursos utilizados pelo seu "adversário". Porém, imitar não é inovar... para ser criativo, tem que ser original, ou acreditar profundamente no que faz. Sem o mesmo jeito natural do Sr. D., Matt não consegue colher mesmos frutos. Mas eis que, ao saber da gravidade da doença do professor, Matt muda... Começa a ser mais autêntico e a falar com o coração aos alunos... Diz que todos tem um pedaço de cada professordentro de si, basta procurar. Aos poucos os alunos começam a conhecer um novo professor... Matt chega a reconhecer que existem professores que transformam outros professores com seu jeito de ser... E começa a pedir ajuda aos alunos para as atividades em sala de aula... Para mudar é preciso querer mudar...
Mas a cena mais emblemática de todo filme e que resume esse choque de gerações e de metodologias e didáticas é quando o prof. Matt, como o Sr. D., resolve ajudar ao time de basquete da escola, sem ter muito conhecimentos da tática do esporte. Tem boa vontade, entusiasmo, consegue motivar a turma, mas quando lhe perguntam o que fazer quando perderem a bola, diz, depois de alguns segundos: façam a Defesa Fred Astaire. Mas o que é Fred Astaire?, pergunta um dos alunos. Evidentemente que Matt utiliza seu imaginário de quando ainda era aluno para trabalhar com alunos que jamais ouviram falar deste famoso ator e dançarino do cinema... Não tinha significação alguma aquela expressão para os alunos. Já o r. D. usava expressões, frases, se vestia como Indiana Jones, Luke Skywalker (da série Guerra nas estrelas) e outros personagens do imaginário do aluno... Não são os alunos que devem ir para "Em algum lugar do passado" de seu professor, mas sim, este ir "De volta para o futuro" de seu alunado... Enfim, didática e metodologia que levem em conta o conhecimento prévio do aluno, seu imaginário, seu mundo e linguagem são as ideiais...
O final do filme? Bom, assistam, pois embora o filme tenha um tom humorado e descompromissado, trouxe grandes reflexões e lições a este educador...

Um comentário:

  1. Os educadores sempre fazem reflexionar aos seus alunos, e por isso um tem que ter muito cuidado com as coisas que fala na aula, no meu caso nas aulas de musica que dou numa escola.

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