terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Imagine uma escola... Summerhill: Uma escola democrática e instigante



O vídeo acima, Imaginem uma escola... Summerhill , descobri no You Tube, após receber um email do professor Robert Betito, do IFRS Campus Rio Grande, RS, Brasil, com texto que falava desta fascinante e revolucionária escola, de autoria de Fátima Oliveira, cujo título é O FASCÍNIO DE SUMMERHILL, UMA ESCOLA DEMOCRÁTICA E INSTIGANTE, e que reproduzo logo abaixo:

"Criar filhos em uma sociedade cada vez mais individualista e consumista é um desafio de fritar neurônios. Penso que o antídoto está nas escolas humanistas, solidárias, que educam para a liberdade e a felicidade. Sei que sou o que sou, e gosto do que sou, graças a uma escola pautada por uma visão humanista, o Colégio Colinense.
Sou uma professora normalista que se formou em medicina. Amei estudar filosofia e conhecer os grandes pensadores da educação. Já escrevi sobre uma educadora admirável: “Maria Montessori: médica italiana fascinada pela educação” (O TEMPO, 6.11.2012). Minha neta Clarinha, de quase 4 anos, vai para uma escola montessoriana, a Upaon-Açu, em São Luís (MA), que ela amou ao primeiro olhar; e quando perguntei se gostou da escola nova, ela tascou: “Hum hum… Eu não estudei lá ainda não, vovó! Fui só passear”. E se encantou com a biblioteca…
Reverencio o educador escocês Alexander Sutherland Neill (A. S. Neill, 1883-1973), o lendário criador de Summerhill, desde que li “Liberdade sem Medo (Summerhill)”. A origem da pedagogia libertária e antiautoritária de Summerhill é a International School, em Hellerau, Dresden, Alemanha, em 1921, que migrou para o topo de uma montanha na Áustria; em 1923, foi para uma casa chamada Summerhill, em Lyme Regis, Inglaterra; e em 1927 se instalou, definitivamente, numa chácara, em Leiston, condado de Suffolk, a 160 km de Londres.
O que é Summerhill? É uma escola democrática pioneira, para crianças a partir de 5 anos e jovens até 18 anos (ensino fundamental e médio), em regime de internato, que se autorregula – as decisões são tomadas em assembleias, nas quais os votos de professores, alunos e funcionários possuem peso igual – e nenhum adulto possui mais direitos que uma criança; assistir a aulas não é obrigatório, embora ofereça a grade curricular oficial. Para Neill, o objetivo da escola é fornecer equilíbrio emocional, a principal via para a felicidade.
EX-ALUNA
A dentista Nadia Hartmann, ex-aluna de Summerhill, ficou anos sem ir à aula, até que resolveu ser dentista e “decidiu se focar e estudar para as provas”. Seus dois filhos estudam lá. Ela é a prova do que Neill pensava: “Constranger uma criança a estudar alguma coisa tem a mesma força de um governo que obriga a adotar uma religião”.
A inspiração filosófica de Summerhill foi a compreensão de Neill de que “A humanidade está doente e essa doença decorre do tratamento repressivo que as crianças recebem numa sociedade patriarcal. Inclusive nas questões ligadas à repressão sexual, em especial quando associadas a normas religiosas malcompreendidas”.
Summerhill é dirigida pela filha de Neill, que nasceu, estudou e vive lá: Zoë Readhead, instrutora de equitação. A média do número de alunos é entre 80 e 90, de vários países. Em 92 anos, nenhum caso de gravidez adolescente nem de drogadização. Zoë declarou que Summerhill ignora os diagnósticos de Transtornos de Déficit de Atenção com Hiperatividade, pois “Nós não categorizamos os alunos”.
Indagada “O que será de seus alunos quando eles deixarem Summerhill?”, disse Zoë: “Nossos formandos são muito bons em concretizar a imaginação. Eles fazem acontecer! Temos empresários de sucesso, escritores, cientistas, médicos e muitos formandos se decidem por profissões criativas” – gente que guarda Summerhill como a experiência mais marcante de suas vidas, concretizando o sonho de Neill: “Preferiria que Summerhill produzisse um varredor de rua feliz do que um primeiro-ministro neurótico”. (transcrito de O Tempo)

Imaginem, então, uma escola em que o brincar e o aprender andam de mãos dadas, e que enfrentou o governo do primeiro-ministro Tony Blair, na Inglaterra, pois este dizia que "a escola Summerhill não conseguia garantir os padrões de acomodações, bem-estar e instrução. E não fornecia uma educação adequada". Algo que lembra o documentário ESCOLARIZANDO O MUNDO, já publicado no Educa Tube.
Padrões de padronizar, pasteurizar o ensino, escolarizar pessoas para o trabalho? E educação adequada para quem? Para que tipo de "comprador" de mão-de-obra boa e barata. Convenhamos, querer fechar uma escola que atinge médias acima das nacionais, só pode ser mesmo pelo perigo que ela representa, pois ajuda crianças a questionar, desafiar o sistema, ou seja, uma ameaça ao poder constituído, que deseja uma outra Matrix social, que não seja a de educar para a vida, para a felicidade, para o bem estar.
Aparentemente, o segredo de Summerhill é o fato de ser uma escola para poucos alunos, cerca de 90, com turmas pequenas, em que os professores conseguem dar uma atendimento adequado, coisa impossível quando se tem 40, 50 alunos em sala de aula. Hoje a lógica parece ser o máximo pelo menos, máxima quantidade pelo menor custo, investimento, um professor para atender quase 50, quando o ideal e máximo deveria ser 25... Educação passou a ser uma linha de produção para futuros consumidores.
Algo que me lembra citação de Gustave Flaubert: "Há no mundo uma conjura geral e permanente contra duas coisas, a poesia e a liberdade; as pessoas de gosto encarregam-se de exterminar uma, tal como os agentes da ordem de perseguir a outra."
Summerhill trabalha com arte, cultura, brincadeiras, algo que não é valorizado pelo sistema individualista e consumista em que vivemos.
Como bem escreveu Eduardo Galeano: “Eu não acredito em caridade. Eu acredito em solidariedade. Caridade é tão vertical: vai de cima para baixo. Solidariedade é horizontal: respeita a outra pessoa e aprende com o outro. A maioria de nós tem muito o que aprender com as outras pessoas.”
Vejam abaixo outro vídeo (em inglês), com depoimento da filha de Neill, que o sucedeu em Summerhill:


Vejam também o vídeo abaixo, Escola tradicional X Summerhill School, em que mostra a diferença entre escolas tradicionais e a libertária mais famosa do mundo: Summerhill School, em Suffolk, Inglaterra, fundada por A.S. Neill. Com música True Colors, de Cindy Lauper. Visitem o site oficial da escola: www.summerhillschool.co.uk



Por fim, filme completo (legendas em húngaro, não localizei outra. Se alguém achar outra versão, socialize aqui nos comentários do blog), que conta um pouca desta escola instigante, chamada SUMMERHILL:



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