terça-feira, 13 de setembro de 2016

Seymour Papert e Paulo Freire debatem Tecnologia, Educação e o Futuro das Escolas




O vídeo acima Seymour Papert and Paulo Freire Debate Technology and the Future of Schools (Seymour papert e Paulo Freire debatem Tecnologia e o Futuro das Escolas), encontrei na rede social e é ótimo material para uma provocação educacional. Não consegui identificar o ano deste vídeo, mas provavelmente seja em meados dos anos 1990, já que Freire faleceu em 1997.
Segundo apresentação do vídeo: "Papert diz que as escolas vão murchar e morrer; Freire faz algumas importantes contra-argumentos".
O vídeo é dividio em duas partes: na primeira a fala de Papert, na segunda a de Freire.
Seymour Papert, falecido em 31/07/2016, "foi um matemático e proeminente educador estadunidense nascido na África do Sul. Lecionava no Massachusetts Institute of Technology (MIT)", e no vídeo em questão, debatendo educação e tecnologia com o também conhecido educador brasileiro Paulo Freire, fala dos três estágios da aprendizagem, do aprender e do ensinar. Comenta a fascinação das crianças pelas máquinas.
De fato. As crianças, por serem intuitivas, sabem operar as máquinas, sejam quais forem, com mais desenvoltura que os adultos, que foram ensinados em casa ou na escola a seguirem primeiro padrões pré-estabelecidos de conduta, que muitas vezes inibem essa intuição embora a maioria dos equipamentos eletroeletrônicos atuais tragam em si conceitos intuitivos e interativos como mobilidade portabilidade, convergência, conexão, multifuncionalidade etc. A atual geração, eminentemente audiovisual intuitiva e interativa independente de manual de instruções. Por sinal nem utiliza algum. Consegue manipular games escritos em língua estrangeira (japonês, coreano, inglês, alemão) quando sequer foi alfabetizado na língua portuguesa. Por experimentação, erro e acerto, acaba descobrindo a função de cada botão, de cada item de um menu digital após alguns minutos de interação e intuição digitais.
A escola precisa ser mais do que programadora de códigos binários (1 - 0 sim e não) de seus alunos. Precisa promover a intuição e interatividade de seus professores também usando ou não tecnologias eletroeletrônicas, e focando mais na metodologia adequada para a realidade local e escolar, do que investindo em TIC para fazer o mais do mesmo que pode ser feito de forma convencional.
No vídeo, Papert fala de fitas de videotapes, uma mídia já peça de museu que são as fitas VHS que foram substituídas pelo CD, depois o DVD e o Blue-Ray, que será substituído por armazenamento em nuvem etc.
Paulo Freire fala de história, tecnologia e cultura, mas como destaca, cultura de classe, já que nem todos tem acesso à tecnologia (pelo menos naquele tempo). Pra Freire não é ainda uma constatação de que a escola vá desaparecer, mas que está péssima. Prega que nós, educadores,, modifiquemos a escola. Mudá-la radicalmente, que nasça dela, de um corpo que não corresponda mais a verdade tecnológica do mundo, nasça um novo ser. De pôr a escola à altura de seu tempo. Mas não significa soterrá-la mas refazê-la. Ou seja, reinventá-la...
Apesar de passados, pelo menos, uns 20 anos deste debate, muita coisa evidentemente mudou em termos tecnológicos, como o acesso à informática e à internet, do surgimento de novas mídias como o tablet, o smartphone, jogos eletrônicos cada vez mais sofisticados, e o alunado tem acesso a quase todos esses recursos fora da escola, mas na sala de aula ainda há certa relutância de escolas e educadores na utilização de equipamentos que fazem parte do cotidiano do aluno extraclasse.
Independentemente disso, e do uso ou não das tecnologias eletroeletrônicas na sala de aula há quase um senso comum da necessidade de a escola se reinventar sob pena sim, de comprometer o próprio sentido da educação, que é de formar indivíduos com criticidade, preparados para uma leitura de mundo que antecede a própria palavra, parafraseando Freire.
Mais que processos mecanicistas de ensino,, calcados na memorização e robotização dos alunos, precisamos de projetos de ensino-aprendizagem humanistas que discutam a relação da escola frente à sociedade, e desta frente ao mundo. Não há que se falar de escola preparatória para o trabalho pois isso é competência do ensino profissional. Escola de educação básica, pelo menos deveria ser, preparatória para um mundo em transformação, em que a própria escola precisa, sim, se reinventar e sair de parâmetros fundados no século XIX para um mundo que não existe mais, e tentando chegar ao século XXI e a um mundo que está em constante reconstrução. Para isso se faz necessário criar espaço para o debate, para avaliação e autoavaliação entre gestores públicos, gestores escolares, educadores, educandos e comunidade escolar. Uma gestão democrática da educação sem amarras nem retrocessos, tipo certos movimentos antagônicos que pretendem colocar a escola na contramão do próprio processo tecnológico, pedagógico, sociológico e filosófico, cerceando a autonomia da escola e do educador.
Cada vez mais o pensamento de Seymour Papert, de Paulo Freire e outros se fazem necessários. Cada vez mais a Pedagogia da Autonomia se faz presente no cotidiano escolar, quando alunos sabem manusear qualquer tipo de tecnologia atual, mas necessitam da experiência de vida da bagagem emocional e da formação educacional do professor nessa interação entre gerações, onde todos podem aprender e ensinar uns com os outros. Algo bem freireano!
E como o Educa Tube Brasil sempre defende: Novas tecnologias requerem novas metodologias.

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