terça-feira, 30 de junho de 2015

“Há quem tenha medo que o medo acabe” por Mia Couto e a "cultura do Medo"




O vídeo acima “Há quem tenha medo que o medo acabe”, trata-se de fala do escritor moçambicano Mia Couto, proferida em Conferência sobre Segurança, no Estoril, Portugal, e que descobri via facebook do colega e amigo José Carlos Antonio, educador de Santa Bárbara do Oeste, SP, Brasil e editor do blog Professor Digital.
DE fato, conforme apresentação do vida na rede social, há que se refletir a questão de que "Em tempos de conservadorismo e retrocesso, de ataque aos direitos sociais e civis, tem se tornado hábito dos porta-vozes do atraso tentar, através do medo, impor sua ignorância e seus preconceitos ao conjunto da sociedade". E neste contexto e da "ausência de uma perspectiva histórica" (termo cunhado pelo escritor e jornalista Léo Gerchmann), pensar a questão do medo e seus desdobramentos, seja na "pauta impositiva" da mídia, que só destaca notícias negativas, seja na própria estratégia de marketing, de que tragédias dão maior audiência do que boas práticas educacionais, tecnológicas e sociais etc.
Basta ver os destaques das manchetes da mídia,seja impressa, digital, televisiva, radiofônica etc, sempre dando ao leitor, espectador e ouvinte uma sensação de medo. Zapeando canais à noite, são filmes de suspense e terror, muitos clipes apelativos, desenhos animados violentos etc, que "tudo junto e misturado", criam sim, uma cultura do medo, seja em micro como em macro escala.
Muitos discutem o endurecimento das leis, vide "dimuinição da maioridade penal", como se fosse uma solução definitiva para um problema que é estrutural e não apenas pontual. E "solução final" é uma ideia que remete a atitudes fascistas, que sabemos o que a História nos legou. Devemos antes debater e muito sobre questões estruturais da sociedade e não apenas medidas pontuais que não alteram esta estrutura, ás vezes, ancestral. Desconhecer toda a conjuntura e/ou interesses escusos por trás de medidas políticas ou meramente politiqueiras, sem um amplo debate com a sociedade é promover o medo, a vingança e não a justiça. Pessoas físicas, por serem humanas, sentem a necessidade da vingança, do antigo conceito do "olho por olho, dente por dente". Pessoas jurídicas, ainda mais se de direito público, como as instituições, devem garantir o amplo direito à defesa, coibindo falsos justiceiros e medidas populistas que visam interesses políticos ou geopolíticos.
A fala de Mia Couto, por si só, já é didática e permite ampliar o debate, seja na sala de aula ou na sala de casa...

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