quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Trem veloz e câmera super lenta: jogando com a percepção de tempo (e breve reflexão sobre a educação)




O vídeo acima Stainless, 42 Street (excerpt), trata-se de uma série de vídeos, intitulada de "Inoxidável", a partir de nova técnica de filmar pessoas esperando o trem, criada pelo atista e fotógrafo húngaro Adam Magyar, e descobri no portal Hypeness.
A técnica consiste em: "Dentro de um vagão, munido de uma câmera de alta velocidade, Magyar capta a multidão de uma forma incrível, jogando com a percepção de tempo, uma vez que nos mostra o trem andando (e sabemos como ele anda rápido) ao mesmo tempo que as pessoas parecem congeladas. Pode parecer confuso (e é um pouco), mas olhando os vídeos você entende na hora. Magyar esteve em Nova York, nos EUA, Berlim, na Alemanha, e Tóquio, no Japão (na estação de Shinjuku, a mais movimentada do mundo), captando a 100.000 frames por segundo os grupos de pessoas que se aglomeravam nas plataformas. O resultado consegue mesmo criar essa sensação estranha de ver movimento por entre pessoas imóveis".
O resultado é de fato é fascinante, surpreendente, hipnotizante de ver o segundo o próprio autor é como “uma fila interminável de esculturas vivas reunidas na mesma linha de metrô, na mesma direção, com a mesma intenção de tomar o trem para ser pego e levado pelo fluxo urbano. Todos os seus movimentos abrandaram, eles estão graciosos e inoxidáveis, prendendo a respiração esperando o trem chegar à estação”.
Parece aquele efeito Matrix, do cinema. E o mais curioso é que apenas uma criança, aos 2 minutos do vídeo filmado na Alexanderplatz, Alemanha (vídeo logo abaixo), pela agitação natural, parece que tem vida, em torno de tantas estátuas vivas. A criança, por sinal, se estimulada através da arte e cultura, esporte e brincadeiras, pode dar grandes saltos para o futuro.
Alguns educadores, ao não se atualizarem, parecem muito com seres estáticos numa plataforma à espera de um futuro que nunca chega, com os pés enraizados no passado.
Como educador, percebo que em alguns casos, a educação avançou demais como discurso progressista, mas ainda com uma prática conservadora. Algo que tem a ver como o "paradoxo do Curupira": olhos voltados ao futuro, pés virados para o passado.
E esta impressão, ironicamente, tem a ver com o próprio processo de captação destas imagens, feita por Magyar, pois segundo o próprio, teve diversas dificuldades para tornar-se realidade, "como o fato de seguranças dos metrôs e trens não permitirem o uso do seu equipamento fotográfico". Lembra-me escolas e professores que, por receio e/ou desconhecimento, proíbem o fone celular na sala de aula, quando este pode ser uma ótima ferramenta de interação, se usada dentro de um propósito educacional, afinal, um smartphone pode filmar, gravar áudio, conectar-se à internet, baixar aplicativos os mais criativos e diversos, etc.
Os avanços tecnológicos são como o trem veloz, mas sua utilização efetiva, no ambiente escolar, de forma criativa e pedagógica, e não apenas recreativa, ainda são lentos como a imagens em questão. Um grande desafio para a educação do século XXI acelerar este processo entre os que continuam no passado e os que adentram o futuro... Entre os que 5 anos antes da aposentadoria já desaceleram e são refratários a tudo que é novo, e àqueles que utilizam as TIC, mídias e redes sociais apenas como uma novidade.
Afinal, como bem falou recentemente Pierre Levy, filósofo francês: "Precisamos programar cabeças para construir o conhecimento coletivo". Levy faz uma projeção: "O futuro terá combinações de metadados. Assim, eles serão capazes de relacionar conhecimentos a partir de conexões semânticas. A partir daí criamos uma uma inteligência coletiva e reflexiva". Para tanto, precisamos nos desprender de certos conceitos e reorganizar nossa forma de ver e ser neste novo mundo. Para o filósofo: "A educação ficou travada em um momento anterior da comunicação" e neste contexto, os vídeos, aqui disponibilizados vão ao encontro desta situação.
Um ótimo material visual para assistir, refletir e debater a questão do tempo-espaço na escola, família e sociedade.
Abaixo, mais alguns vídeos de Adam Magyar:





Abaixo, link para conhecer mais sobre a técnica fotográfica criada por Adam Magyar:

EINSTEIN'S CAMERA

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