domingo, 16 de setembro de 2012

Esperando pelo Super-Homem (documentário sobre a educação pública nos EUA)


ESPERANDO PELO SUPER HOMEM / Waiting for Superman (2010) LEGENDA PT from Esperar Super on Vimeo.



O vídeo acima, Esperando pelo Super-Homem, que trata-se de documentário de Davis Guggenheim, que aborda a realidade da escola pública estadunidense, iniciando com o depoimento do educador Geoffrey Canada.
Uma bela produção com animações criativas, vídeos de época, imagens de satélite, dados comparativos e depoimentos que promovem profunda reflexão, não apenas sobre a realidade dos EUA, mas do Brasil e demais países sobre a educação pública e a educação em geral, que deveria ser universal, sem fronteiras nem barreiras, sejam administrativas, políticas, sindicais, religiosas etc.
A criativa animação para mostrar dados de proficiência em matemática e escrita, ilustra depoimento a seguir: "ou as crianças estão emburrecendo ou há algo com o sistema educacional" e, em seguida, mostra o itinerário do futuro de um aluno, por este sistema, usando as imagens de satélite para tal percurso.
Escolas que mais de 40% não concluem, são chamadas por Robert Balfanz, da Universidade John Hopkins, de "Fábricas de Evasão", quando os alunos são empurrados pelo sistema, passando de ano, sem o conhecimento necessário, precarizado.
Sempre me pergunto quem desiste de quem primeiro: o aluno da escola, a escola dos alunos, os pais de seus filhos, os professores de seus pupilos?
Reformadores atribuíram o fracasso escola ao bairro, o que mais ao final é mostrado que a educação pode mudar esta situação e realidade. Mas a educação de qualidade, com professores motivados e metodologias adequadas.
Outra animação interessante é a que mostra os dados sobre escola e prisão, e os custos sociais de cada uma. Mais vale o prevenir do que o remediar, o tratar as consequências e não apenas as causas, mas o sistema engessado, parece que não se reformula por si só, é um dos mais resistentes às mudanças, por conta da burocracia, do corporativismo etc.
Um documentário para refletirmos sobre a importância da escola e a escola desimportante. E a diferença entre o professor bom e o ruim, e o custo de cada um. Aqui, como lá, o bom profissional dá lucro ao sistema, e o mau profissional, ou o burocrata do saber, dá prejuízo a todos: ao aluno, à escola, à sociedade.
Outra situação curiosa é a chamada "dança dos limões"; ou seja, algo que também acontece na Terra Brasilis, da troca dos professores ruins entre as escolas, resolvendo momentaneamente a situação local, mas apenas redistribuindo o problema na rede escolar. Noutros estados dos EUA, também chama esta ocorrência de "o lixo pra frente" ou o "trote do peru".
A sala da borracha é um local onde professores respondendo processos administrativos (de inaptidão até situações gravas como abuso sexual), passam seus dias, aguardando o andamento do processo, sentados, lendo, jogando, e recebendo integralmente seus proventos. Ou como declara um dos educadores: "sistema que tem poder infinito de resistir e derrotar as reformas".
Diante de tal situação, o educador Geoffrey Canada criou uma escola no local onde tinha o pior desempenho escolar para sua experiência, com base na valorização do bom profissional.
Michelle Rhee, supervisora das escola s públicas de Washington DC, propôs mudanças mas, para ela "há uma vontade inacreditável de ignorar as injustiças que ocorrem às crianças todos os dias em nossas escolas em nome da harmonia entre os adultos". Escola em que o aluno não é prioridade, já esta cometendo um dos 7 erros da própria educação, diz o Educa Tube.
Ótima também a metáfora do "romper a barreia do som", e do preconceito, utilizando imagens históricas, do piloto que conseguiu esta façanha, contra todo o senso comum de sua própria época. Afinal, todos podem aprender, se o método for adequado, se usar música, dança, jogos, e todas as manifestações artísticas, esportivas e culturais que os jovens adoram, desde que dentro de um contexto educacional e motivador.
Enfim, um documentário que é imagem e reflexo da educação lá e aqui.... Ou como diz Rhee: "tudo se resume aos adultos, o aluno não é a prioridade na educação". Não basta dinheiro, leis, reformas, se não houver uma mentalidade de mudança.
O educador Canada sintetiza ao final: "Não existe grandes escolas sem grandes professores. (...) Ver um grande mestre é tão inacreditável como ver um grande atleta ou um grande músico." Na cena mais comovente do vídeo é o sorteio para ingresso nas escolas charter, que tem uma média de aprovação às universidades, acima da média, até superiores às das escolas privadas. Sorteio, loteria, ingresso graças a sorte, já que existem mais candidatos que vagas. Já vimos este filme antes. Não o documentário em questão, mas no filme da vida real, em nosso entorno.
Um fabuloso documentário para refletir e motivar, sim, pois, apesar dos pesares, a educação pode dar certo, se deixarmos de lado disputas de beleza, divergências políticas, sindicais, religiosas etc, em prol de uma educação de qualidade para todos, sem precisar apelar para jogos de azar.

6 comentários:

  1. Show de documentário! grata por este post

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  2. Cara Vanderleia. Que bom que gosto. Eu também acho ótimo para uma reflexão sobre educação no sentido universal e atemporal. Grato pela visita e comentário. No marcador documentários, existe aqui no blog outros ótimos materiais que amigos e colegas socializam comigo suas descobertas preciosas. Um abraço Zé Roig.

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    1. Eu recomendo este documentário.Faz a gente repensar as nossas práticas tao ultrapassadas e errôneas

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  3. Uma pergunta a mais... Para quê uma educação de qualidade no mundo ultracompetitivo em que vivemos? Afinal mesmo que todos recebam uma boa educação poucos vencerão. O capitalismo não é um ganha-ganha mas um jogo de soma zero. O objetivo não declarado de uma boa educação em nossa sociedade é pertencer a uma minoria de classe média vencedora envolta num mar de pobres precarizados. Talvez seja isso que desmotiva inconscientemente alunos e professores acomodados. O professor tem que ser bom criativo motivador. Pra quê? Pra educar alunos-engrenagens eficientes para a lucratividade. A educação é uma peça da máquina capitalista.

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  4. ESEQUIAS DE OLIVEIRA22 de maio de 2023 às 16:31

    Este documentário nos confronta como educadores. Nos consegue apresentar uma situação que pode ser vista no Brasil nas diversas esferas da sociedade e seguimento estudantil. sensacional.

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  5. Sobre o vídio "Esperando pelo Super Homem". Já vimos antes que "a educação é uma necessidade básica do ser humano. E a educação cristã explora o conhecimento em suas várias vertentes com uma diferença: é que não descansa em conceitos, os mais diversos que sejam, acriticamente. Ela visa firmar-se em princípios fundamentais, sustentados pela cosmovisão cristã. Como já se disse: "quando se alega contradição entre a Bíblia e a ciência saiba-se que ou a Bíblia está certa e a pretensa ciência errada; ou a interpretação da Bíblia está errada e a ciência está certa; ou, na outra hipótese, ambas estão erradas, i.é, a interpretação da Bíblia e a pretensa ciência. O que é improvável é que os dois estejam certos. Assim, quando a apresentação do vídeo explora a espera do Super Homem, sob crítica do produtor o qual visou a realidade da educação de Escola Pública estadunidense e bem ancorada crítica crítica do educador Geaffrey Canada, com vastas incursões
    possíveis na realidade educacional de outros países, como o Brasil, quando admitido o dilema: "ou as crianças estão 'emburrecendo', ou há algo errado com o sistema educacional", tentando-se demonstrar que é o sistema que padece de melhor desempenho. Quando os alunos não prosseguem, por falta de aproveitamento, como destacou José Antônio Klaes, a respeito: "quem desiste de quem?" Bom notar a boa conclusiva do educador Canadá: "Não existem grandes escolas sem grandes professores". Acresce que a grande maioria dos exitosos, por
    meio de boas escolas, ficam de fora pela carência de vagas para os absorver no nível superior... Finalmente as duas perguntas basilares sobre a Crise do Sistema Educacional: "Impossível consertar? Possível consertá-lo?" São duas visões que surgem na discussão. Por primeiro, "NÃO" por sorteio de loteria, para o acesso; e: segundo - "NÃO" por esperar pelo Super Homem. Mas, sim à intervenção para corrigir deficiências do processo, ou seja, por meio de medidas de gestão e por meio de uma filosofia diferenciadora das hipóteses que mascaram as palhas causadoras da crise do sistema. Aí está. Geraldo Ventura da Silva

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