sábado, 22 de setembro de 2012

Nos Olhos de Quem Vê (Além da Imaginação)



O vídeo acima, Nos Olhos de Quem Vê, episódio 39 (2002) do famoso seriado The Twilight Zone (Além da Imaginação), foi mais uma de minhas garimpagens, quando procurava uma coisa e encontrei outra preciosidade no You Tube. :-))
Um vídeo do ano 2002 e reprisado recentemente na TV, que trata com delicadeza sobre a questão da identidade, da alteridade, da beleza e do ver as coisas com outros olhos...
Como diz o apresentador da série, citando ditado popular: "A beleza está nos olhos de quem vê". A própria questão da beleza, dos valores do belo, se analisarmos a história da humanidade, têm sido alterados com o passar do tempo, e mesmo assim, cada um tem a sua noção do que é belo ou não.
Existe a noção, senso comum, do que é belo, mas a beleza para um Fernando Botero é diversa da vista por Frida Kahlo, assim como de qualquer um. Enfim, como diz outro ditado popular: "Quem ama o feio, belo lhe parece". Neste curta-metragem, uma moça agradável, chamada Janet Tyler, "paciente do 307", que se considera horrivelmente feia, quer a todo custo fazer mais uma operação plástica (já foram onze cirurgias) para modificar a sua face e sentir-se igual aos demais... Toda a construção do vídeo funciona entre claros e escuros, criando um clima intenso que tem seu clímax, justamente quando o médico e enfermeiros retiram as bandagens da face da mulher e se horrorizam com o resultado: sentem-se todos impotentes e decepcionados, pois ela não mudara em nada, continuava para ela e todos os demais, ainda muito feia.
Mas ai vem a grande surpresa e sacada deste filme, que é ao se ver no espelho, a mulher aparentemente é normal, e todos os demais é que possuem rostos deformados. Mas dentro da lógica da história contada - e todo filme, como livro tem sua própria lógica -, o conceito de beleza era o oposto do que imaginamos. Como naquele mundo imaginário, todos são deformados, este é o parão de beleza para a sociedade, e quem tem um rosto diverso - para nós considerado belo -, é o horroroso, por ser diferente e muito dos demais. Trata-se de outro conceito - além do de beleza - que é o de identidade, não individual, mas social, de grupo. A moça sem bandagens é muito diferente e não possui nenhuma identidade com aquela sociedade, e por conta disso, quer se mutilar - mesmo sem saber -, tornando-se uma igual, perante àquele mundo estranho. Quantas pessoas, nos dias atuais não se mutilam, querendo ter o rosto e corpo da Barbie ou de outra personalidade? Quantos homens não querem ter o físico do seu atleta ou herói preferido?
Ao final, a mulher, apresentada a um outro igual, um rapaz que possui a mesma "deformidade", descobre que assim como ela, existem outros, que vivem reclusos, para não chocar à sociedade.
Se pensarmos na questão da inclusão e da educação, este vídeo se presta a tal reflexão, pois os deficientes, sejam físicos, mentais, auditivos, visuais já foram considerados aberrações, confinados em guetos, não podendo conviver com a dita sociedade perfeita, bela e contraditória.
Pensar conceitos de beleza e identidade é levar em conta a questão do diferente, do outro. Mas, afinal, não somos todos diferentes, uns dos outros? Nem mesmo os gêmeos idênticos, são de fato iguais, além desta roupagem que chamam de corpo, cada um com uma alma tão diferencial...
Este curta-metragem, de apenas 21 minutos, penso que é uma "beleza" para tratar de educação, inclusão, educação especial, diversidade, alteridade e sociedade no ambiente escolar e na comunidade. Um filme que nos faz refletir sobre nosso conceito de belo e de identidade. E também sobre regimes totalitários que confinam o diverso em guetos.

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