terça-feira, 28 de maio de 2013

Os Primeiros Tempos: A Educação pelos Jesuítas (documentário da Univesp TV)






Acima, vídeo Os Primeiros Tempos: A Educação pelos Jesuítas (em duas partes), que descobri no You Tube, via Univesp TV e que é um ótimo material para tratar de história, educação, tecnologia e sociedade. Conheçam a rede (de vasos comunicantes) montada pelos jesuítas (e sua tecnologia para difundir ideias) no século XVI. Interessante este vídeo, pelo valor histórico e educacional.
Conforme apresentação do vídeo, no You Tube:
"A Univesp TV foi a Portugal investigar o caminho feito pelos jesuítas que vieram para as novas terras da coroa portuguesa logo no início da colonização. Com eles começou a educação no Brasil. Mas foi mesmo isso que eles vieram fazer aqui? Como eram os famosos colégios que os jesuítas fundaram por toda colônia? Os índios frequentavam esses colégios?"
O Educa Tube recomenda este vídeos a todos os educadores para debaterem e refletirem sobre educação, história e tecnologia, desde os seus primórdios no Brasil".

Algumas ideias colocadas em prática há mais de 400 anos ainda são e estão atuais, como o fato dos jesuítas aprenderem a língua (o dialeto do nativo) de integrar sua cultura (o gosto pela música e o canto) em suas atividades de catequese e educação (inculturação, ou seja, adoção destes hábitos nativos ao fazer educacional e religioso); de estabelecer os chamados "vasos comunicantes", de trocas entre todas as experiências destes religiosos mundo afora, algo semelhantes a atual rede social, e de estabelecer uma sistematização e uma espécie de relatório de atividades anual, chamado Ratio Studiorum, conjunto de normas, servindo como diretrizes e princípios nos colégios jesuíticos, mundo afora.
É inegável o papel fundador de Manoel da Nóbrega e José de Anchieta, na educação brasileira, bem como, posteriormente, o do Padre Vieira na arte, cultura e história nacional.
Os jesuítas comparavam os indígenas brasileiros como uma folha de papel em branco, onde poderiam intervir, moldando-os, o que na prática nem sempre se efetivou. Atualmente, podemos comparar os "nativos digitais", usando uma terminologia e nomenclatura moderna a pendrives e HD (internos ou externos) quase vazios, se comparados com a bagagem de vida, trabalho, conhecimento de seus pais e professores... Entretanto, para a devida interação, há que se aproveitar esta analogia para não cometermos os mesmos erros, ou aprender com estes, propondo formas de dialogar com este choque de gerações... Pais e filhos, professores e alunos precisam dialogar e conhecer o dialeto tribal do outro, pois é isto mesmo que ocorre no dia-a-dia... O pré-conceito ocorre na maioria das vezes pelo desconhecimento dos hábitos e cultura do outro. Conhecer o outro é essencial para estabelecer estratégias (didáticas e metodológicas) adequadas de interação.
Um vídeo, não apenas para professores de História, mas para todos os educadores do século XXI, que também desejam conhecer o dialeto dos "nativos digitais", de estabelecer com eles trocas, através da música, dança, arte, cultura; de utilizar trabalhar em rede, dentro e fora da escola.

Anos atrás (1999/2000), achei fragmento incompleto de um belo texto do Padre Antonio Vieira, célebre por suas posições em defesa dos indígenas, onde comparava a vida dos escravos negros num engenho de cana-de-açúcar ao martírio de Cristo. Após longa e infrutífera pesquisa pelo texto original, somente no ano de 2008 (antes de criar o Educa Tube e enquanto estava cursando os créditos do Mestrado em Letras), ao iniciar a leitura de “História Concisa da Literatura Brasileira”, de Alfredo Bosi (p.51), que me deparei (me reencontrei) ao acaso com o fragmento original, tão procurado, que segue logo abaixo:

“Em um engenho sois imitadores de Cristo Crucificado: porque padeceis em um modo muito semelhante o que o mesmo Senhor padeceu na sua cruz, e em toda sua paixão. A sua cruz foi composta de dois madeiros, e a vossa em um engenho é de três. (...) Cristo despido, e vós despidos; Cristo sem comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado, e vós maltratados em tudo”. “Eles mandam, e vós servis; eles dormem e vós velais; eles descansam, e vós trabalhais; eles gozam o fruto de vossos trabalhos, e o que vós colheis deles é um trabalho sobre outro. Não há trabalhos mais doces que os das vossas oficinas; mas toda essa doçura para quem é? Sois como as abelhas, de quem disse o poeta: “Sic vos non vobis mellificatis apes”. (N.T.: Verso latino atribuído a Virgílio: “Assim vós, mas não para vós, fabricais o mel, abelhas”).

O belo fragmento acima faz parte do Sermão XIV do Rosário, pregado pelo Padre Vieira em 1633 à Irmandade dos Pretos de um engenho de açúcar baiano, quando o sacerdote comparou os sofrimentos de Cristo aos dos escravos, justamente a uma platéia de escravos negros, que sonhavam com a liberdade que precisaria de mais de dois séculos para se concretizar.
Em quatro séculos nem sempre a ética e a poética andaram de mãos dadas. A massa trabalhadora deste país-continente, independente da cor da pele, como vivendo numa Divina "Colméia" Humana - antes em sua maioria rural, hoje urbana - continua a produzir o mel dia-a-dia, no aguardo da melhor distribuição de renda para a maioria da população.
Como disse Emir Sader: "Um projeto que deve ser de Nação e não apenas de governo", pois governos passam, são temporários, mas educação é algo secular, milenar, sempre será uma necessidade universal e atemporal...

Vejam abaixo também, a Linha do tempo da História da Educação no Brasil:

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