segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A Caverna de Platão: o mito atualizado



O vídeo acima, sobre a Caverna de Platão e as imagens, traz depoimento do escritor português José Saramago e do cineasta alemão Wim Wenders, foi indicação indireta da coleg'amiga Rute Vera Maria Favero, educadora de Porto Alegre, RS, Brasil.
Trata-se de depoimento, como o próprio título indica, de atualização do famoso mito da Caverna de Platão, em que prisioneiros acorrentados, e tendo uma fogueira às suas costas, viam apenas sombras e imaginavam que o mundo era apenas isso.
Saramago e Wenders tratam dessas imagens e da nova concepção de Caverna no mundo atual.
Ótimo material para refletir sobre as diversas cavernas midiáticas, posando de reality show e outras mais no contexto escolar e social.
Como disse Saramago: "As imagens que nos mostram a realidade, substituem a realidade, pois vivemos num mundo audiovisual, olhando em frente, vendo sombras e acreditando que essas são a realidade."
Para Wenders: "A maioria das imagens que vemos estão fora de contexto". E que estas imagens "não tentam nos falar algo" e sim vender algo.
Pensando em imagens e, mais precisamente, em imagens em movimento, como as da TV, cinema, vídeos diversos, de fato, muitas delas não tem significado algum, além da pirotecnia, dos efeitos visuais, sem nenhuma história por trás.
Para Wenders, o excesso de imagens nos faz incapazes de prestar atenção. Percebo mesmo, que nunca se fotografou tanto tudo, nunca se publicou tanta imagem nas redes sociais, nem sempre com algum significado.
E se as imagens não nos tocam mais, no sentido de emocionar, presos que estamos a esta banalização do visual, da moldura, mais do que o conteúdo, passamos a nos portar como pessoas insensíveis às imagens mais cruéis, presentes em filmes, jogos, vídeos, clipes etc.
Apesar disso tudo, todos sabemos que esta geração é audiovisual, e o Educa Tube tem mostrado diversas possibilidades de motivação, utilizando diversos recursos audiovisuais pelo educador com seus alunos, desde que feitos dentro de uma proposta educacional. Saber utilizar as imagens dentro de um planejamento eficaz, é um grande desafio a este novo profissional: o mídia educador.
Muitas imagens e vídeos estão disponíveis na rede, para uso na íntegra ou em parte, seja já pronta, ou que podem ser editadas, via slides, vídeos etc.
Sair da Caverna de Platão é possível e reconhecer outras imagens ao redor é papel social do educador, junto ao seu alunado.
Quanto ao termo cegueira, utilizado por Saramago, o Educa Tube prefere referir-se a "falta de visão", em um sentido mais filosófico do que fisiológico e/ou neurológico, pois cegueira em si é uma deficiência visual apenas, que não impede a percepção das coisas em seu entorno; enquanto que o sentido de "cegueira" empregado, tanto ao vídeo como ao livro remete ao fato de "ver e não enxergar", num sentido mais simbólico, metafórico e crítico-social do que propriamente visual.

O vídeo acima trata-se de fragmento do documentário JANELA DA ALMA (2001), vide abaixo:

6 comentários:

  1. Fukuyama desenvolveu uma linha de abordagem da História, desde Platão aos dias de hoje. Ele menciona que com o fim da guerra fria chegamos ao fim da história. Mas será que o pensador estava certo?

    A releitura de Saramago e Wenders questiona o sentido da história e da existência. Se há um questionamento, então não há um fim da história como também não há uma resposta definitiva para a existência. Mas minha concordância para por aqui, de adiante vou ter a ousadia de discordar do mago Saramago.
    “E se fossemos todos cegos?” Mas estamos cegos. A ideia de Saramago é a ideia de cegueira, mas uma cegueira que vai além das barreiras da Caverna, porque não há justificação, em Platão havia.. É uma cegueira motivada pela liquidez que forma a pós-modernidade (que me perdoe os habermasianos). A Alegoria platônica prevê uma saída do cavernícola, mas o que encontramos no tempo descrito por Saramago é um aprisionar perene, não há saída, existem apenas voz destoantes. O que encontramos é um aprisionamento pela ausência da autonomia do pensar – o autônomo é visto como destoante pela grande massa. E este aprisionar demonstra-se na necessidade de conexões em mesmas fontes: um grande canal de televisão, um único buscador, a rede social mais acessada, os modismos... não há busca, há condicionamento, temos uma quantidade de informações, mas fidelizamos a busca, o ver, o acessar e o pesquisar. Não discordo dos argumentos, apenas discordo do uso do texto platônico da forma como foi feito.

    E perguntar-se o que somos, para que somos, qual a nossa existência nesta enxurrada de imagens não é um estar ou tornar-se um cavernícola, mas é uma constatação da desvolorização de conceitos éticos, é um desnortear moral e é a forma líquida de nosso tempo. Tão líquida que até a caverna desmancha-se.

    p.s.: deixei este post e o comentário também em meu blog, o FILOSOFANDO (albiofabian.blogspot.com)

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    1. Ótima contribuição para o debate, ainda mais vinda de um filósofo, caro Albio. Nos propõe novos questionamentos e reflexões. Grato pela visita, que retribuirei no FILOSOFANDO. abrs,

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  2. Isso é parte do documentário A janela da Alma, criaturas, sobre a visão (ou a falta dela)! Não tem nada a ver com a Alegoria da caverna!
    Muito irônico isso. O véio Platão ia rolar de rir. ahauahaha

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  3. Caro anônimo, grato pela informação... mas se prestar atenção, este vídeo é um fragmento apenas, em que fala sim, sobre a caverna de Platão. SE vc acompanhar a proposta deste blog é de usar vídeos e fragmentos dele. Quanto ao véio participasse do debate :-)

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  4. Saiamos todos da caverna do anonimato também. :-)

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