segunda-feira, 7 de julho de 2014

"A oportunidade é uma porta azul" e o conhecimento uma porta giratória multicolorida (cinema, propaganda e educação)




O vídeo acima Oportunidade Azul, trata-se de comercial de empresa de telefonia que ao assistir me remeteu automaticamente ao longa-metragem de animação Monstros S.A., justamente pela similaridade entre as portas que se abrem para novas oportunidades e dimensões, sejam reais ou imaginárias.
Ao procurar por alguma imagem do filme, encontrei diversas cenas que se prestam a diversas reflexões entre as relações reais e virtuais de jovens e adultos, filhos e pais, professores e alunos.
O uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC), se bem aplicadas à educação, podem proporcionar grandes oportunidades de interação, dentro e fora das salas de aula.
O filme Monstros S.A. apresenta diversas cenas que podem ser vistas sob o ponto de vista educacional. Por exemplo, na Cena 11: Randall faz hora extra (logo abaixo): "Randall faz hora extra escondido para ultrapassar a marca de Sulley. Mas ao voltar para buscar os relatórios, Sulley vê a porta, quando vai verificar se tem algum monstro assustando, a criança entra no mundo dos monstros. Randall recolhe a porta impossibilitando Sulley de devolver a criança".
A referida cena é emblemática, pois em certas situações, alguns professores e pais, às vezes, parecem monstros para filhos e alunos, e suas portas trancadas... Os jovens entram em portas e janelas virtuais com grande facilidade, sem se preocupar com o que existe do outro lado, querem descobrir novos mundos.



Noutro momento do filme, na Cena 13: Notícia que há uma criança no mundo dos monstros, é mais clara ainda a relação entre jovens e adultos, quando o ocorre o espanto dos monstros, quando tudo sai da ordem alfabética, a ordem cartesiana das coisas, quando a juventude atual tem uma relação hipertextual com o mundo. Uma criança no mundo dos supostos monstros é motivo de pânico às vezes para aqueles professores que não dominam as TIC e não sabem como lidar com esta situação. Todo jovem que entra sem permissão no mundo dos adultos é uma espécie de Boo, causando espanto, desconforto, pânico... E agora, o que eu faço?, muito pensam. Como faço para que ela (o aluno indagador) volte para seu mundo, pro outro lado da porta, da outra dimensão?, outros dirão. O desconhecimento da dimensão, uma da outra, sejam de jovens em relação aos adultos e vice-versa, causa este desconforto mútuo, se não há a devida interação, cada qual considerando o outro como o monstro assustador.



Na Cena 30: Mostra como funciona a nova fábrica "e o sucesso do Mike como comediante, faz uma criança rir rir ao invés de assustá-la. E fica comprovado que o riso é 10 vezes mais potente que os sustos. A fábrica está mais alegre agora, com o riso sendo mais potente que o grito, é mais fácil atingir a cota. Os monstros estão se divertindo no trabalho. Sulley vê um desenho de Boo e uma lasca de sua porta em sua prancheta e lembra dela. Mike fala para ele fechar os olhos porque ele tem uma surpresa".



Se pensarmos a fábrica de Monstros S.A. com uma escola tradicional, e a e a formação de professores para abrir novas portas e não as mesmas de sempre, veremos que o adulto (salvo exceções) se assusta, entra quase em pânico (como se fosse algo monstruoso) com tudo que é desconhecido, atrás de uma porta, seja azul ou não; entretanto, os jovens, em geral, se entediam com as mesmas portas e janelas (Windows, Android etc)... Se ao abrí-las, sejam reais ou virtuais, encontram sempre as mesmas coisas. Os jovens, diante de portas fechadas não se intimidam, abrem e aproveitam as descobertas, na maioria dos casos, socializando-as com seus amigos e colegas. Os adultos, em grande parte, receiam abrir sem permissão, batem primeiro, aguardam ser atendidos e se ninguém responde, dão meia-volta e vão embora...
Diante destes paradoxos, virtuais ou reais, muitos educadores - sejam pais ou professores -, tentam fazer como na Cena 18: Sulley não sabe de que máquina Randall está falando (tentando devolver Boo), e, de fato, tentam devolver, ou trazer o aluno para o seu mundo e nem sempre procuram atravessar a porta que separa a sua realidade da de seu alunado.



Conforme apresentação do vídeo acima: "Sulley não sabe de que máquina Randall está falando e Mike está preocupado em devolver a criança. Mike pega o cartão da porta errada. Eles discutem e Mike grita para ele mandar o 'treco de volta senão o bicho pega' e os outros monstros ouvem. Eles inventam uma desculpa e Boo some. Mike acha que isso é bom, pois ela se foi e não é mais responsabilidade deles. Sulley sai procurá-la. Eles esbarram com Randall e ele pergunta da criança que escapou como se não tivesse nada a ver com a história. Célia diz à Mike que tinha sido a pior noite da vida dela! Randall vê no jornal uma foto com Mike atrás da Boo".
O "treco", no caso, é a criança que invadiu o mundo dos monstros e "bagunçou" a ordem natural daquela dimensão. Quando um jovem contesta certas verdades dos adultos, muitas vezes é visto por alguns como alguém que quer "testar" o conhecimento do professor, que quer se mostrar aos seus colegas, e passa a ser visto com outros olhos, quando deveria ser incentivada a argumentação, o debate, o raciocínio lógico. Aqueles professores que assim o fazem, mediados por estratégias de conhecimento do mundo do outro e convencimento a partir de conteúdo adaptado a esta nova realidade, obtém uma ótima interação.
Quando no filme uma das personagens diz que "Monstros não devem dar nomes [a crianças], se não começam a se afeiçoar..." remeteu-me a fala de alguns professores que dizem que não se deve mostrar os dentes aos alunos para não perder a autoridade, que não se deve apegar, ter intimidade, principalmente, fora do ambiente escolar, tipo em redes sociais etc. O mundo mudou e algumas ideias, alguns conceitos, pré-conceitos e preconceitos precisam ser reavaliados... Autoridade e autoritarismo são duas portas distintas... Quem tem domínio de conteúdo, provavelmente (se amparado em boa didática e metodologia), terá igualmente domínio de classe e a devido respeito e admiração do alunado...
Para o jovem, que utiliza os multimeios em seu cotidiano diariamente, é de certa forma uma pequena monstruosidade, quando a escola proíbe o uso de fone celular, internet, tablet etc sem conhecer todas as suas possibilidades de informação e comunicação...
Por fim, pensando ainda nas portas como oportunidades para reflexão, debate e interação entre jovens e alunos, lembrei do videoclipe abaixo, Can't Fight This Feeling (Não posso lutar contra este sentimento), da banda REO Speedwagon, em que ao 1 minutos e 40 segundos mostra uma curiosa e surpreendente janela, que ao ser aberta mostra diversas pessoas com rostos azuis e tremeluzentes, como telas. Trata-se de um videoclipe dos anos 1980, ou seja, da penúltima década do século XX e que hoje, na metade da segunda década do século XXI (quase quarenta anos após) ainda é atualíssima, pois "não devemos lutar contra estas novas possibilidades que as portas e janelas, digitais ou não, nos possibilitam de interação entre o novo e a novidade, o antigo e o antiquado". De 1980 até hoje, as próprias TIC mudaram sua interface, mas continuam sendo ferramentas que podem ser utilizadas simplesmente pro lazer e recreação, como para o trabalho, o estudo, a socialização do conhecimento, unindo o particular ao universal. Coisa que naquela época eram apenas ficção científica, hoje são realidade. Algumas até veem superando a nossa imaginação. A novidade e o antiquado, passam; porém, o novo e o antigo, permanecem, se utilizados de forma adequada a necessidade do usuário, e se incorporadas ao fazer pedagógico, como aliadas à qualificação do processo de ensino-aprendizagem onde portas e janelas não são nem devem ser consideradas barreiras entre mundos, mas possibilidades múltiplas de intercâmbio entre dimensões tecnológicas, profissionais, educacionais e sociais...
Se a oportunidade é uma porta azul, como afirma o comercial, o conhecimento pode ser uma porta giratória multicolorida, para usar uma metáfora visual...



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