sexta-feira, 31 de julho de 2020

Madame Bovary, do tempo de Flaubert aos dias atuais (literatura, cinema e sociedade)




O vídeo acima [com restrição de idade], é cena do filme Pecados Íntimos (2006), em que destaca um debate sobre o livro Madame Bovary, de Gustave Flaubert, um clássico da literatura mundial. Cena que encontrei no YouTube, após assistir ao referido filme que me remeteu a outro filme com a talentosa Kate Winslet, chamado Foi apenas um sonho (2008), com título original de Revolutionary Road, em que contracena com Leonardo Di Capprio, fazendo o mesmo par romântico como em Titanic.

Lembrei em seguida de  frase de Gustave Flaubert: - Ema Bovary, sou eu!, quando o escritor a proferiu  em sua própria defesa no tribunal, ao ser acusado de ofender a moral das mulheres francesas com seu romance escandaloso àquela época.
- Ema do planalto, sou eu!, diria o editor deste blog sobre os ataques da ave ao Estafeta do Capeta!
Fiquei também pensando se Machado de Assis, não pensava igual a Flaubert: - Capitu, sou eu!, ao criar a emblemática, misteriosa e das mais famosas mulheres ficcionais da literatura brasileira, com seus olhos de ressaca. Das intertextualidades entre a vida e a arte.
Pesquisando nos vídeos correlatos do YouTube encontrei essa preciosidade de palestra, proferida pela professora Margareth Rago, intitulada "Madame Bovary e as Tiranias da Intimidade", em que a mesmo trata da crítica que o romance faz ao capitalismo, à sociedade burguesa e à sociedade de massas, tudo isso no final do século XIX, durante o período da Revolução Industrial. Ema era uma mulher sonhadora que buscava a liberdade, lendo muito livros, se refugiando em folhetins e romances, desejando viver aquelas histórias de amor, sendo bastante criticada por isso, principalmente quando decide viver no mundo real suas histórias. Essa ótima palestra foi veiculada no Programa Café Filosófico, da TV Cultura, vinculada à Fundação Padre Anchieta, do Governo do Estado de São Paulo:



A seguir, apresentação do vídeo mencionado, do programa exibido em 01/05/2016:

"A historiadora Margareth Rago fala das mudanças do papel das mulheres na sociedade contemporânea. Na obra Madame Bovary de Gustave Flaubert mostra a vida de Emma Bovary, uma mulher que queria uma vida que fizesse sentido. Não estava sozinha: na segunda metade do século XIX, os homens também se entediavam com a vida regrada da sociedade burguesa, mas podiam sair, viajar e estudar. Por isso a questão de gênero é fundamental na obra. A desigualdade de relações, explica a professora, era referenda pelo saber médico da época. A figura da 'rainha do lar', que a burguesia defendia dentro do modelo de família nuclear, foi criada nessa época. As mudanças dessas ideias só viriam, anos depois, com o fortalecimento do movimento feminista. A história de Madame Bovary é construída neste contexto. Nos dias atuais, o mundo se transforma em alta velocidade, e a consequência é a perda da ideia de tempo e o tempo para reflexão. As mulheres, afirmou a palestrante, se emanciparam, mas a violência masculina ainda é comum. Mesmo assim, disse, é preciso reconhecer que os homens mudaram. Segundo ela, a sociedade hoje já não confina as mulheres ao lar, mas a papéis e identidades. Assustados com as mudanças, os indivíduos buscam proteção em uma ideia de normatividade, o que explica a ascensão de grupos de jovens conservadores no debate público".

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