domingo, 18 de setembro de 2011

O Sorriso de Mona Lisa (cinema e educação)


http://youtu.be/zeMTlUqTUhA
Vídeo 1: Fragmentos de cenas do filme.

Mais um belo filme, O Sorriso de Mona Lisa, cuja temática envolve a educação e a metodologia de ensino que indico a todos os educadores, nesta série envolvendo cinema e educação que batizei de CinEducação, onde destaco uma ou mais cenas que promovem a reflexão e a discussão sobre o próprio ato de educar.
Um filme que é considerado por alguns como a versão feminina de Sociedade dos Poetas Mortos, e que não deixa de ter suas similaridades, como a cena final e avassaladora, das alunas se despedindo da professora de história da arte Katherine Watson, em suas bicicletas, que remete aos meninos que sobem nas mesas da sala de aula em apoio ao professor John Keating. (Mas há suas distinções e sugiro ler artigo de opinião do prof. Joaão Luis Machado, mais abaixo, que trata da questão da emancipação feminina.)
Katherine, em uma das cenas, quando conversa com outro professor da escola, diz que veio para ali tentar fazer a diferença, mas que "existem muitos rótulos: família certa, arte certa, forma certa de pensar". Por querer fazer a diferença desse modelo tradicional de ver e pensar o mundo acaba sendo considerada muito diferente para os padrões conservadoras de uma escola que se considera tradicionalista. A própria diretora da instituição deixa claro que não vê com bons olhos "seus métodos de ensino, um tanto quanto, heterodoxos" para a sua instituição.
Dadas as devidas proporções entre ficção e realidade, cinema e educação, emancipação e conformismo, quantos de nós já não vimos ou ouvimos diálogos semelhantes, em que por querer fazer a diferença e dar o seu melhor, às vezes alguém é mal compreendido e considerado diferente demais, convidado a primeiro de adaptar ao ambiente e se assim não o fizer, ser convidado a mudar ou mudar-se do local? Um filme e algumas cenas para se refletir sobre o que de fato se deve priorizar na educação. Não se trata de o novo pela novidade, tampouco manter um método conservador por conta da tradição. Mudar o que deve ser mudado, se não obtém resultado satisfatório; manter o que deve ser mantido, se for inovador, mesmo que seja uma prática secular. Eis a grande lição que o tempo - senhor da razão - sempre nos dá...

Abaixo, para ampliar a reflexão e análise do filme, na perspectiva educacional, o ótimo artigo de opinião do professor João Luis de Almeida Machado, Doutor em Educação pela PUC-SP; Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP); Professor Universitário e Pesquisador; Autor do livro "Na Sala de Aula com a Sétima Arte – Aprendendo com o Cinema" (Editora Intersubjetiva) e editora do blog VITHAIS.

O Sorriso da Mona Lisa: pela emancipação feminina

Abaixo, os 4 pontos destacados pelo Prof. João Luis aos professores, a partir do filme O Sorriso de Mona Lisa:

1- Há qualidades notáveis na jovem professora Katherine Watson (Julia Roberts) que podem servir de inspiração para nosso trabalho em sala de aula. Entre as principais poderíamos destacar a capacidade de superação em momentos de grande adversidade (quando é confrontada em sua primeira aula pela ‘sabedoria’ livresca de suas alunas), a paixão pelo seu trabalho ou ainda por utilizar recursos e estratégias diferenciadas. Nesse último quesito podemos lembrar da utilização de slides (imagens) e da visita a uma exposição. Valiosas lições para os professores surgem dessas aulas da personagem Katherine Watson, pois destacam o valor das imagens (e nesse ínterim podemos imaginar uso mais regular de transparências, do powerpoint ou ainda de filmes e livros de arte e fotografia) e da pesquisa de campo (visitas a museus, universidades, teatros, cinemas,...).

2- A emancipação das mulheres foi uma das maiores realizações do século XX. Pouco se fala sobre isso em sala de aula, sinal de que ainda há muito espaço e trabalho pela frente para que elas realmente possam se perceber como autênticas parceiras dos homens no comando das ações nesse nosso planeta. Contar essa história para os estudantes pode ser uma realização formidável e, a melhor maneira de realizar essa tarefa seria promover entrevistas com mulheres de diferentes gerações quanto a suas vidas e possibilidades. A realidade do mundo dos anos 1920, 1930 ou 1940 comparadas com as mudanças e transformações das décadas seguintes poderiam gerar o surgimento de um ótimo projeto.

3- O filme do diretor Mike Newell mostra em determinadas seqüências a publicidade como fator de orientação das ações das jovens estudantes, que passam a se interessar por máquinas de lavar roupas, geladeiras ou fogões modernos. Que tal examinar os mecanismos da publicidade e verificar de que forma os publicitários querem nos estimular a comprar e comprar mesmo quando não precisamos?

4- Uma outra possibilidade de trabalho interessante com esse filme (“O Sorriso de Mona Lisa”) seria a comparação entre ele e as obras dos diretores Peter Weir (“Sociedade dos Poetas Mortos”) e de Sam Mendes (“Beleza Americana”). Com isso poderíamos perceber atitudes e ações como a ironia e a hipocrisia em diferentes momentos assim como a criatividade e a capacidade de superação em outros. Pode ser importante para o fomento de debates sobre aparências e realidades, sonhos e frustrações...

Por fim, a canção Mona Lisa (vídeo abaixo), interpretada por Nat King Cole, que também faz parte da trilha sonora do referido filme:

http://youtu.be/1c33w9Ar-U8

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