quarta-feira, 3 de outubro de 2012
Eco: educação e o espelho da sociedade
O vídeo acima, Eco, publicado por Kveten, de Izhevsk, Rússia, descobri no portal Vimeo e se presta uma reflexão sobre a figura do espelho na sociedade e na educação.
Uma imagem duplicada, que forma destas duas partes de si mesmo, uma terceira, uma certa unidade na diversidade, assim como deveria ser o ato de educar, que é moldar o conhecimento a partir das trocas entre pais e filhos, professores e alunos.
A escola é para mim, o reflexo do espelho da sociedade e não o contrário, pois sempre digo que entendo o aluno quando conheço seus pais, seja do ponto positivo como negativo.
Reflexo (imagem) reflexão (percepção)...
De acordo com estudos de Jacques Lacan (1966) sobre o estágio do espelho e o imaginário demonstram que o ser humano só cresce em função do outro, e o outro é justamente o espelho em que se admira e se projeta. No exercício da imitação, desde o falar, o caminhar, o escrever e todas as demais ações feitas em sociedade, tal comportamento é espelhado em percepções do que vê ao redor. Os filhos imitam os pais. Todos são frutos do meio em que vivem e são reflexos da vida que tiveram. Reflexo em duplo sentido: enquanto imagem e pensamento.
Estudos de Piaget (1975, p. 19), indicam que as crianças até determinada idade, não percebem o reflexo diante do espelho como sendo delas próprias. Sua identidade é construída com o tempo, mas a partir dos dois anos de vida já começa a tomar consciência do outro e reconhecer seu reflexo no espelho, e da alteridade, do outro além de si mesmo. Da mesma forma, a criança, mesmo já falante e alfabetizada, demora determinado tempo para compreender o sentido irônico, conotativo, sarcástico das palavras, sejam elas escritas ou faladas. Segundo Piaget, as três primeiras fases da infância são constituídas pela ausência de imitação, a imitação esporádica e posteriormente o início de imitação sistemática. Na primeira fase, chamada de Preparação Reflexa, a imitação está excluída do processo no nível dos reflexos puros. Na segunda fase, a imitação esporádica, “é caracterizada, precisamente, pelo fato dos esquemas reflexos começarem assimilando certos elementos exteriores e ampliando-se, assim, em função de uma experiência propriamente adquirida, na forma de reações circulares ‘diferenciadas’” (1975, p. 22). Imita sons, gestos, mas ainda não tem a noção de identidade individual. Na terceira fase, ocorre a imitação sistemática, por conta da coordenação da visão. Mas é no estágio chamado de pré-operatório, próximo aos dois anos de idade que a criança, por imitação e representação, começa a reconhecer o próprio reflexo diante do espelho.
LACAN, Jacques. O estádio do espelho como formador da função do Eu tal como nos é revelada na experiência psicanalítica. Comunicação feita ao XVI Congresso Internacional de Psicanálise, Zurique, 17 de julho de 1949. Disponível em: http://www.bsfreud.com/jlestadioespelho.html.
PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e representação. 2 ed. Rio de Janeiro: Zahar; Brasilia: INL, 1975.
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