sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Aprendendo com as margens para a sociedade da aprendizagem móvel



O vídeo acima, palestra da educadora espanhola Tiscar Lara, intitulada Aprendendo com as margens, para a Sociedade da Aprendizagem Móvel, para o TED, descobri no You Tube.
Tiscar Lara é Vice-reitora de Cultura Digital na Escuela de Organización industriais - EOI, onde coordena Projetos e conhecimento de aprendizagem móvel em aberto.
O TED: ideias que merecem ser espalhadas, é um evento organizado de forma independente (há 25 anos) e uma organização sem fins lucrativos, que reúne pessoas em diversas partes do planeta, com o propósito de através de pequenas palestras (em média de 15 minutos), com personalidades, pensadores, empreendedores, educadores e outros, que possuem o desejo de mudar o mundo, deixando sua contribuição inovadora.
No vídeo em questão, traz a interessante fala de Tiscar Lara, baseada em algumas imagens de infância, adolescência, de sua família e comunidade para tratar de educação, trabalho e sociedade.
Inicia dizendo tratar-se de "pequena historia pessoal em uma grande historia universal", e que aprendeu andar bicicleta na rua; que muitas coisas se aprende fora da escola; que existem diversas práticas educativas fora da escola. Mas que o educar, enquanto instituição, desde a sua origem, visa a "standarização" do conhecimento, calcado em moldes, modelos, em que instrumentos criam réplicas, cópias... Realmente, o Educa Tube concorda que esta padronização da vida requer um novo olhar, uma nova abordagem pela escola ainda calcada no tempo e espaço do século XIX, para que enfim adentre ao século XXI, onde os alunos (seres nativos e digitais) já estão incorporados e que os professores (na maior parte seres imigrantes e analógicos) estão iniciando uma descoberta de um Mundo Novo de possibilidades.
Lara comenta sobre a necessidade de abrir os códigos, de tornar livre o conhecimento, e dessa troca, entre o original e a cópia, criar uma a cópia original. E se pararmos para pensar: toda a escrita, seja literária ou não, é uma cópia de algo original, uma ressignificação. Assim deveria ser a educação, valorizando o conhecimento clássico, em diálogo com novas possibilidades no tempo e no espaço. Nem o novo pelo novo, tampouco a refração do antigo, por ser antigo. O que se deve é separar o inovador do antiquado. Tem muito projeto, dito inovador que é uma cópia de uma cópia (um control + C e um Control + V), nada trazendo de original. Enquanto existem projetos antigos, que ainda são inovadores, além de diversas teorias e práticas educacionais.
Tiscar Lara propõe a reflexão sobre novas formas de aprender, a partir das margens, e que atualmente, graças as redes sociais e a mobilidade dos equipamentos, as margens se colocam no centro; que centro e periferia já não são tão claros de se ver; que justamente através das redes sociais, podemos interagir todos com todos. O que me remete as forças imaginantes teorizadas por Gaston Bachelar em A Água e os Sonhos, quando trata das forças centrípeta e centrífuga, que atuam do centro para fora e vice-versa. E se pensarmos nisso, nós somos o centro de nossa rede social, e os demais que fazem parte da mesma, ora podem ser margem ou centro, dependendo das interações, das forças imaginantes que nos façam atuar sobre o todo. Creio que - o que parece óbvio, mas nem sempre é: o aluno deva ser sempre o centro de uma escola, e que a rede social, que inicia na família e tem desdobramentos na escola - usando ou não dispositivos móveis -, tenha esse caráter educacional e social, que gere conhecimento mútuo. (Por isso sou a favor que projetos como "um computador por aluno" e assemelhados permitam o uso dos notebooks pelos alunos em sua casa, com a sua família, promovendo a inclusão social, educacional e tecnológica).
Por fim, em sua fala esclarecedora e motivadora, Tiscar Lara diz que existem muitos pontos de acesso à informação e à comunicação, e possibilidades inúmeras de nos relacionarmos, de produzirmos e aprendermos a qualquer momento e em qualquer lugar, dentro e fora da escola, com professores e não-professores. E, se paramos para pensar, muito aprendemos e descobrimos com os links, imagens, mensagens que são curtidas e compartilhadas nas redes sociais, criando a chamada inteligência coletiva. O Educa Tube é uma prova cristalina disso. Mais de 90% de seu acervo virtual é composto por trocas, interações, sugestões de colegas e amigos, via redes sociais como Twitter, Facebook, MSN, e-mail etc.
Hoje, podemos ser autores e leitores de nosso tempo e do mundo ao nosso redor, e podermos conectar nossa pequena aldeia digital à uma imensa aldeia global, como previu Marshall Mc Luhan, nos anos 1970 (os meios de comunicação como extensões do próprio homem), referindo-se à televisão e aos meios daquele contexto, mas que é um conceito de aldeia atualíssimo, no que tange ao mundo virtual, ao ciberespaço, à infovia da informação.
Como bem disse Tiscar Lara: "tecnologia móvel para aprendizagens móveis", em que as margens e o centro dialoguem mutuamente, ensinando e aprendendo uns com os outros, que já tinha muito em Paulo Freire, antes mesmo da internet ser conhecida e reconhecida como meio de aprendizagem e ensino. Os educadores do século XXI precisam saber conciliar: metodologia e tecnologia, sem esquecer que o maquinário é o acessório e o usuário o bem principal desta relação dialógica chamada Educação.

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