segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Teste de atenção seletiva (assista o vídeo, conte o nº. de passes e depois leia a postagem)



O vídeo acima, Teste de atenção seletiva (que peço que assistam antes de ler esta postagem, por causa do efeito surpreendente do mesmo, e observem a quantidade de passes que são feitas pelos jovens), descobri no blog Metamorfose Digital, depois de assistir ao programa Arena SporTV, que discutia sobre o lance e a polêmica do gol com a mão, feito pelo jogador Barcos, do Palmeiras, contra o Internacional, pelo campeonato brasileiro de futebol 2012. Um dos jornalistas presentes, se não me falha a memória Noriega, comentou que a bola na mão que quase todos viram, menos o juiz, foi melhor percebida quando das imagens na televisão. E lembrou da "experiência do gorila invisível", que é um teste de atenção seletiva, elaborado por Daniel Simons e Christopher Chabris, da Universidade de Illinois, EUA.
Na referida experiência, conforme o blog Metamorfose Digital: "Nele, os mencionados pesquisadores mostraram para um grupo de voluntários um vídeo onde um grupo de pessoas passava uma bola de basquete. A metade das pessoas usava camiseta branca e a outra metade usava camiseta preta. Os voluntários que assistiam o vídeo deviam então contar o número de passes que acontecia.
Concentrar-se em algo depende não somente do quão visível ele seja senão de que estamos procurando por ele e quanta capacidade livre temos para processá-lo. Os voluntários estavam tão concentrados em contar os passes de bola que não viram uma pessoa disfarçada de gorila atravessando pelo centro do círculo de jogadores de basquete.
O símio peludo aparecia visivelmente cruzando a tela durante cinco segundos. Surpreendentemente, 56% das pessoas não conseguiu ver o gorila passando pelo meio da ação. Em outro vídeo, o gorila detém-se, olha à câmera, golpeia-se no peito e depois sai. A ação dura 90 segundos, mas uma vez mais só 50% dos voluntários do estudo viram o intruso peludo.
O que acontece neste caso é um fenômeno denominado "cegueira intencional".
Uma das inquietantes descobertas deste experimento também foi que os pesquisados tinham menos probabilidades de ver o gorila quando pediam que contassem o número de passes realizado pela equipe que usava camiseta branca. Isso significa, segundo Simons, que as pessoas não via o gorila porque não tinha o aspecto daquilo que buscavam... ou porque sim tinha o aspecto do que estavam ignorando -a equipe com a camiseta preta-.
Os olhos só veem em alta resolução dentro de uma raio de dois graus a partir de nosso ponto de enfoque. Em outras palavras, por muito boa que seja nossa visão, a maioria das coisas que nos rodeiam permanecem principalmente fora de foco.
Quando mais nos concentramos em algo que esperamos ver, menos provável que vejamos o inesperado. Existe uma quantidade ilimitada de informação no mundo, mas nossa capacidade para atender à informação é bastante limitada. Estamos limitados ao número de coisas às quais podemos prestar atenção e esta atenção é a porta de acesso à consciência, de forma que só podemos ser conscientes de um subconjunto bem limitado do que há aí fora".
O conceito de "cegueira intencional" e a "experiência do gorila invisível" são ótimas possibilidades de discutir processo de ensino-aprendizagem, calcados na simples memorização.
Em 2010 e 2011, elaborei o Projeto Clipes que Parecem Curtas, em que apresentava aos alunos do ensino fundamental e ensino médio, respectivamente, de escolas da rede publica da cidade do Rio Grande, RS, Brasil, na disciplina de Língua Portuguesa e Literatura, videoclipes - muitos deles em língua estrangeira - que possuíam uma narrativa de curta-metragem, e pedia que a partir da palavra cantada, os alunos me contassem a história através da imagem, em exercícios de leitura, interpretação e produção textual, e foi surpreendente como os jovens percebiam detalhes que nem eu, que selecionei e revi diversas vezes os clipes, tinha antes observado.
Para uma geração calcada na questão audiovisual, nada como pensar estratégias que levem em conta esta situação.

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