quarta-feira, 6 de março de 2013

Novas experiências para o autodidata, por Sugata Mitra (TED)



O vídeo acima Novas experiências para o autodidata, trata-se de palestra ao TED de Sugata Mitra (2010), cientista da educação, que conforme apresentação no You Tube: "(...) aborda um dos maiores problemas desta área: os melhores professores e as melhores escolas não existem onde são mais necessários. Numa série de experiências na vida real desde Nova Deli a África até Itália, deu às crianças acesso auto-supervisionado à Internet e viu resultados que podem revolucionar a nossa forma de pensar sobre o ensino."
Um de seus projetos mais conhecidos de inclusão digital e social, iniciada em uma favela de Nova Deli, chama-se "O Buraco no Muro" (veja o referido vídeo ao final desta postagem), já destacado pelo Educa Tube.
De fato, a criança e o jovem desta geração é autodidata e aprende mais facilmente através das trocas estabelecidas em grupos, quando um socializa aos demais o que vai descobrindo. Conforme notou Mitra: "as crianças vão aprender a fazer aquilo que querem aprender a fazer". Crianças aprendem e ensinam umas com as outras, de forma autodidata a manipular complexos mecanismos tecnológicos, mesmo quando sequer estão alfabetizadas, chegam a jogar games em língua estrangeira, mal dominando o próprio idioma, tudo por conta do interesse, ainda mais quando se trata de recursos audiovisuais, como internet, videogames, fones celulares etc.
Sugata Mitra recorda frase de Arthur Clarke, escritor de ficção científica, como o clássico 2001: Uma Odisseia no Espaço: "Um professor que puder ser substituído por uma máquina deve sê-lo". De fato: pois aquele professor que executa um ensino mecânico e robotizado sempre estará em franca desvantagem com as máquinas, cada vez mais sofisticadas em obedecer comandos pré-estabelecidos por seus criadores. Até prova em contrário, e que a Inteligência Artificial, antes mera ficção e hoje sendo incorporada ao cotidiano, possa superar a inventividade do cérebro humano, sempre as máquinas precisarão de um programador. E se chegarem a se autoprogramar, não creio que máquinas cheguem a se equiparar aos humanos na questão do autodidatismo, que requer experimentação, observação, aprendizagem com erro, trocas de experiências de vida etc.
Outra afirmação de Clarke a Mitra foi que: "Se as crianças tiverem interesse, a educação acontece". E ai, entra o papel social do educador, seja pai ou professor, em estimular o interesse pelo processo educacional, que inicia na família (ou deveria) com a aquisição de valores e limites de convivência social) e tem (ou deveria ter) continuidade na escola, com a instrução, e segue por toda vida, através do trabalho em sociedade. Mas parafraseando o colega e amigo Jarbas Novelino, de Sao Paulo, SP, Brasil, que em seu blog Boteco Escola no post TIC e Educação: Onde as coisas mudam? (parte 1) (parte 2) (parte 3) se reportava a questão dos blog educacionais, que deveriam ser menos didáticos e mais comunicativos, amplio esta questão da tecnologia educacional em si, já que é público e notório que não há necessidade do professor ser didático no uso das ferramentas, pois os alunos dominam melhor do que ele (o autodidatismo que Mitra demonstra), mas precisa ser um comunicador para se fazer entender, motivar, incentivar e estabelecer um diálogo entre gerações, em que o aprender e o ensinar seja uma via de mão dupla, e nisso o educador e pensador Paulo Freire já dizia, muito antes da informática, da internet, das mídias e redes sociais estarem no cotidiano de alunos e alguns professores: "Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender".
O trabalho de Sugata Mitra vem de encontro ao que tenho comentado com colegas em formações, palestras, cursos e eventos diversos, de que a aprendizagem funciona mais em pequenos grupos, que compartilham suas descobertas. Mitra divide as crianças em grupos de quatro: a cada quatro alunos um computador é usado ao invés de quatro máquinas, e as crianças podem ir trocando de grupos, conforme o seu interesse ou desinteresse. E o que concordo plenamente com Sugata sobre a memoria fotografuca e troca de informções entre alunos é que de fato "uma unica criança na frente de um computador não fará isso", refereridno-se a aprendizagem coletiva. Um computador, uma mesa, um banco para quatro pessoas e um mediador, que pode estar a quilômetros de distância e se comunicar via Skype, sendo até mesmo uma avó, que passe sua experiência de vida.
Um dos exemplos foi em escola italiana que Mitra, falando apenas inglês, conversou com alunos que só falavam italiano, e logicamente a comunicação não se estabeleceu, mas quando ele escreveu no quadro em inglês, rapidamente eles copiaram e traduziram via Google. Para Sugata há um sistema de auto-organização feito por crianças em que a estrutura aparece sem uma intervenção explicita do exterior e que a educação é um sistema de auto-organização onde a aprendizagem e um fenômeno emergente. E ao final, Mitra mostra a aritmética para mudar a educação.
Um vídeo reflexivo e motivador, que todo educador precisa assistir, divulgar e debater.

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