segunda-feira, 17 de março de 2014

A Terceira Onda: Fascismo na Escola (Documentário do History Channel)

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O vídeo acima A Terceira Onda: Fascismo na Escola, trata-se de documentário do History Channel e foi indicação de Silvio Ferreira, via comentário no blog em postagem sobre o filme A Onda (1981), a respeito desta experiência real sobre o fascismo, feita por um professor de História com seus alunos, em 1967.
Vejam sinopse:
"Em 1967, Ron Jones, um jovem professor de História californiano, criou um estado fascista virtual dentro do seu instituto. O seu objetivo era afastar os seus alunos dos atrativos do totalitarismo e do sentimento de pertença a um grupo. Desta forma pôs em funcionamento uma audaz experiência social que superou as suas melhores expectativas, ou melhor, os seus piores pesadelos. Os estudantes envolvidos, 30 no princípio, passaram a ser 200. Entre eles cumprimentavam-se de uma forma específica e havia uma série de informantes que agiam como membros da Gestapo. Era, em suma, uma fiel recriação das raízes do Terceiro Reich. O grau de furor que Jones provocou serviu para distanciar os seus alunos de uma crescente onda de relativismo moral, mas à custa dos estudantes ficarem marcados na vida pela lembrança nefasta do que tinham levado a cabo. Esta experiência, denominada como a Terceira Onda, foi um simples episódio na História, mas que nos serve a todos como um alerta permanente. O relato do que ocorreu e poderia ocorrer facilmente novamente é de leitura obrigatória em escolas na Alemanha e no resto da Europa. Esta fascinante história real serviu de base para o best seller mundial A onda, a partir do qual se rodou também um filme com um titulo homônimo".
Ao final desta postagem indico os dois filmes inspirados nesta experiência real, um filmado nos EUA e outro na Alemanha, além de episódio da cultuada série Além da Imaginação, chamado Berço do Mal, em que mostra o que ocorreria, caso alguém pudesse voltar no tempo e matar Hitler. Também instigante e reflexivo.
Antes disso, o Educa Tube Brasil faz breve reflexão sobre o documentário A Terceira Onda, a partir dos apontamentos feitos durante sua assistência:
A Terceira Onda mostra que pessoas são manipuláveis, que educadores carismáticos possuem o que chamo de a pedagogia do exemplo, que pode ser tanto positiva como negativa. Que alguém articulado, confiável, inteligente pode influenciar pessoas - principalmente os jovens -, caso não se tenha a crítica e a autocrítica. Apesar da adesão maciça dos alunos à Terceira Onda, alguns alunos se rebelarem e enfrentaram aquele movimento, o que demonstra também que existem pessoas humanistas que não se deixam manipular tão facilmente.
Ron Jones procurou fazer que todos tivessem a ideia que ninguém é melhor do que ninguém, e que erros do passado podem ser repetidos no presente e até no futuro, com o agravante de que no passado não se sabia as consequência daqueles atos nefastos, como o caso da juventude hitlerista, e se envolveram numa onda de totalitarismo, racismo, intolerância, violência e tudo mais.
Mais! Que a falta de alteridade, de ser ver como o outro, de se colocar no lugar do outro, leva a situações extremas, independente da época e de quem esteja no comando da Onda. Segundo entrevista com seus ex-alunos, Jones era um professor jovem, carismático, confiável, inovador, que trazia novidades para a turma, além de convidados especiais, apresentando sempre aspectos diferentes da mesma questão. Algo que a Educação e o Jornalismo nem sempre fazem, sendo deterministas, totalizantes, generalizantes, parciais em suas abordagens.
Há dois grupos nítidos de educadores: os que fazem experiências inovadoras, que interagem com seus alunos, que mostram muitos mais que os dois lados (maniqueístas, binários de um conteúdo, notícia, fato) de uma questão... E os simuladores, que tentam repetir processos mecânicos de aprendizagem e ensino, sem maiores reflexões, contestações, provocações (seja por falta de apoio, de recursos financeiros e humanos, de se expor etc).
Segundo um ex-aluno de Ron Jones, já adulto, diz que o mesmo agiu como um ator e autor de ficção. E de fato, o bom educador não deixa de ser um ator que desempenha um papel, só que social, diante de sua plateia, a turma, escola. E poderá ser, não um autor de ficção, mas ser coautor, junto com seus alunos de uma história de vida, através de atos, projetos e atividades relevantes e significativas a todos.
Jones deixou de lado o método expositivo para, naquela experiência, abordar situações reais, sem que os alunos soubessem por onde ele os levaria. Mas no fundo, parece-me, segundo fala do próprio Ron, ele esperava que seus alunos fossem diferente dos integrantes da juventude hitlerista e da SS nazista.
Ao utilizar conceitos de força e energia, reproduzindo aula conservadora, tradicional do passado em que a disciplina era tão importante quanto o conteúdo. Evidente que impor valores e limites são papel sociais de cada educador, seja pai ou professor, mas de forma adequada. Diante da intervenção abrupta do professor, os mais novos aceitaram com facilidade, incorporando a saudação da Onda, que lembrava a do nazismo, da força através da disciplina. Distribuiu cartões em branco e três com uma cruz vermelha, como fazia o facismo, e foi aceito tal procedimento discriminatório, racista. Expulsou os discordantes. Uma das alunas criou um movimento de oposição, chamado The Breakers, que procurava justamente quebrar este movimento ondular, fazendo cartazes e os distribuindo pela escola de forma anônimo, com medo de ser descoberta e sofrer represálias...
Enfim, em 1967, não havia ainda a internet, o microcomputador, as redes sociais digitais, e os alunos confiavam naquele educador que dizia que o movimento tinha se ampliado, sendo reproduzido em milhares de escolas pelo país. Sem poder comprovar a maioria aceitou como a verdade cabal, até que o próprio professor resolveu mudar a direção do experimento e convocar a todos para uma reunião onde mostrar o líder máximo da Terceira Onda. A cena final dos filmes abaixo é avassaladora. Recomendo assistirem a ambas as versões, pois são ótimas.
Naquela época os EUA viviam momentos como a guerra do Vietnã, a campanha dos direitos civis, as mortes de líderes políticos, artísticos e culturais. O mundo pós Guerra Mundial e envolvido na chamada Guerra Fria era também binário e maniqueísta (dividido entre americanos e russos, direita e esquerda, bem e mal, sim e não etc). No mundo atual, ainda vivemos momentos binários, em que até sociedades ditas evoluídas e democráticas adotam expedientes totalitários de suspensão das liberdades civis por conta de ataques terroristas. Os próprios ataques às vezes "justificam" ações de Terror contra países supostamente patrocinadores destas ações. Um ciclo vicioso que ainda estamos presos, mesmo no século XXI, e que é o campo de batalha ideal para o surgimento de novos líderes carismáticos que podem propor uma "Quarta Onda", se não estivermos dispostos a fazer a crítica e a autocrítica, não só dos atos de terceiros, mas os nossos próprios...
Abaixo, as duas versões de A Onda (a alemã, de 2008):



Sinopse:
"A Onda (título original: Die Welle) é um filme alemão de 2008 dirigido por Dennis Gansel e estrelado por Jürgen Vogel, Frederick Lau, Jennifer Ulrich e Max Riemelt. É inspirado no livro homônimo de 1981 do autor americano Todd Strasser e no experimento social da Terceira Onda. O filme foi produzido por Christian Becker para a Rat Pack Filmproduktion. Obteve sucesso nas bilheterias alemãs e depois de dez semanas, 2,3 milhões de pessoas haviam assistido ao filme".
Fonte: Wikipedia
http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Onda_%28filme%29

A seguir, A Onda, versão estadunidense, de 1981:

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Sinopse:
"O filme "A Onda", de 1981, mostra uma experiência real vivenciada por alunos de uma escola em Palo Alto, nos EUA, que acompanhando uma proposta de seu professor de história, reproduz o perigo de uma doutrina. A Onda, um movimento criado por este professor, foi inspirado nas rotinas utilizadas por Adolf Hitler com o povo alemão, durante a segunda guerra mundial. A pergunta de uma aluna em sala de aula, motiva esse professor a recriar a mesma experiência em menor escala".

Por fim, episódio O Berço do Mal, do seriado de TV Além da Imaginação:



Sinopse: "Andrea Collins (Katherine Heigl) descobre que tem um incrível dom - ela tem o poder de viajar no tempo. Decide voltar alguns anos com o objetivo de matar Adolf Hitler quando bebê, para impedir a II Guerra Mundial. Só que Andrea logo perceberá que sua tarefa não será tão simples assim".

O episódio acima, sem ser determinista, mostra que independente de quem fosse, estava fadado a alguém ser o führer, pois não se trata de uma pessoa mas de um momento e sentimento históricos que levaram a isso. Se não fosse Adolf Hitler, seria outro que chegaria ao poder e em nome deste e dos valores xenófobos, racistas, eugênicos e tudo mais que estavam em voga e na "onda" daquele tempo, levariam ao mesmo movimento. Particularizar, tornar pessoal algo que é muito mais amplo e universal, é limitar o nosso campo de visão, como se eliminando uma peça do jogo, evitasse que a partida de xadrez político, histórico e social findasse ali. Ainda que tenha toda a complexidade de um jogo de xadrez, a vida é muito mais amplo, complexa e surpreendente que qualquer jogo ou simulação do viver, como bem soube o educador Ron Jones e seus alunos, envolvidos profundamente na Terceira Onda... O poder vicia, é afrodisíaco e o professor pode perceber bem isso, durante sua experiência. E se a sociedade não tiver mecanismos de avaliação e autoavaliação, crítica e autocrítica, poderemos em qualquer tempo, mais do que simular, repetir erros com conhecimento de causa, o que é muito pior... Afinal, uma coisa é criar algo perverso sem saber para onde vai, outra sabendo da existência, não dar-se conta de sua reprodução e seguir adiante, tornando uma pequena onda em um maremoto social.
Tal experiência serve para nos mostrar que ainda estamos aprendendo a viver e a conviver, e que vez em quando, ainda fazemos coisas irracionais, fruto das inúmeras manipulações que estamos sujeitos, além do tempo e do espaço que habitamos. Coisas "Além da Imaginação"...
Para ampliar o tema, sugiro conhecer um pouco da história familiar de Hitler, vide documentário abaixo, do NatGeo:




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