terça-feira, 4 de março de 2014

Por que existem escolas? (Escola não é sinônimo de educação)



O vídeo acima, Por que existem escolas? (grafia correta é "por que" separado, quando faz uma pergunta...) foi indicação via Facebook da colega e amiga Jussara Botelho Franco, educadora de Rio Grande, RS, Brasil e trata-se de breve histórico da formação do conceito de escola, que como diz seu autor, "não deve ser vista como sinônimo de educação". Para ele, "educação é o território onde todo aprendizado acontece". E de fato, educação acontece em toda parte. Deveria iniciar em casa, na família, depois continuar na escola e na sociedade. Estamos sempre aprendendo, além dos muros da escola.
Cristóbal Cobo, educador espanhol, fala inclusive da aprendizagem invisível que ocorre fora da escola. Veja link abaixo:

APRENDIZAGEM INVISÍVEL: COMO APRENDER APESAR DA ESCOLA, POR CRISTÓBAL COBO

Curioso perceber, no vídeo acima, a questão espacial da escola, similar mesmo a uma fábrica e a uma prisão.
Fábrica, pois lembra linha de produção de mão-de-obra para o trabalho, do que cidadãos autônomos; mais autômatos e robotizados, se pensarmos o modelo até hoje vigente, de ensino mecanizado, calcado na memorização, utilizando ou não as tecnologias na educação.
Prisão, pois certa vez, em escola que trabalhava contei mais de nove portas ou portões chaveados e 11 cadeados para chegar até meu local de trabalho. Não sei se uma prisão tem tantas portas e cadeados até a cela do prisioneiro...
Na escola tradicional existe tanta proibição ao alunado, como aos trabalhadores numa fábrica e aos apenados em uma prisão. Não podem usar fone celular, boné, cabelo comprido, piercing, roupas coloridas, internet etc.
Para refletir, debater e divulgar.
Sugiro, para ampliar esta questão, assistirem o documentário Escolarizando o Mundo: O Último Fardo do Homem Branco.

Dentro deste contexto de fábrica, prisão, escola, segue abaixo, interessante vídeo com música Fábrica da Legião Urbana, ilustrada com imagens do filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin, mostrando como, apesar de passadas tantas décadas, e do filme ser preto e branco, as coisas ainda não mudaram tanto, em "tempos modernos" de tecnologias de ponta, que t~em superado até a ficção científica. Ainda vivenciamos uma "educação bancária" preparatória para o trabalho, que nem em uma linha de produção, de montagem... Alunos apertando parafusos, decorando datas, nomes, fórmulas...



E o mais curioso, o Big Brother (O Grande Irmão), do livro 1984 de George Orwell (escrito em 1948), está presente em cena nesta fábrica de Chaplin, de Tempos Modernos (filmado em 1936), do constante monitoramento dos empregados pelo empregador, algo que hoje tornou-se realidade e não mais ficção, seja no cinema ou na literatura. Interessante perceber que o cinema antecipou a literatura (em mais de uma década), quando normalmente é o contrário... O que mostra a genialidade de Charles Chaplin, o eterno vagabundo Carlitos.
E fica aqui a indagação que não quer calar, e constante na canção Fábrica, que remeto também aos dois outros espaços, gradeados, chaveados com cadeados e tudo mais, atrás de grandes portões (Escola e Prisão): "De onde vem a indiferença/ Temperada a ferro e fogo?/ Quem guarda os portões da fábrica?"
Até a publicação desta postagem, nunca tinha me dado conta do "anagrama" numérico de 1984, de Orwell ser 1948, ano da publicação do seu romance distópico. Na verdade uma inversão dos dois últimos dígitos. Sabia que ele criticava o totalitarismo de sua época, e não estava fazendo previsões do futuro, mas pensando o futuro a partir de seu tempo! Genial isso!
O Educa Tube Brasil defende uma escola moderna em que o espaço por si só seja mais libertário e menos opressor, além de um conteúdo mais significativo para a vida e menos para o trabalho...

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