sexta-feira, 21 de março de 2014

Feijoada e Sociedade: Divertida Propaganda do Conar (órgão regulador) que serve para reflexão social e educacional



O vídeo acima, intitulado Feijoada, trata-se de criativa, humorada e original propaganda criada para o CONAR - Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, órgão regulador do setor e que serve para diversas possibilidades de reflexão.
Como diz a própria propaganda: "O Conar regula a publicidade no Brasil e todos os dias recebe dezenas de reclamações, muitas são justas, outras nem tanto. Confie em quem entende."
Algo simples, direto, objetivo que mostra um casal em um restaurante, que após servida a mesa diversos pratos, põe-se a reclamar de tudo e de todos. Chamado o garçom, o rapaz pergunta e acusa de forma apressada, se ali eram a favor da segregação, já que feijão e arroz estavam em pratos separados. A moça acusa de a couve ser o único prato do gênero feminino e que, portanto, deveria estar ocorrendo machismo naquela mesa e que o paio tinha conotação sexual de mau gosto.
Obviamente que é apenas uma brincadeira, mas que reflete muito do que o Educa Tube Brasil tem assistido nas redes sociais, digitais ou não, de pessoas de forma apressada e superficial saírem fazendo acusações sérias de bullying, machismo, homofobia, racismo, sexismo e outras mais, apenas por ler o título de um artigo de opinião sem sequer ler toda matéria até o final, de alguns terem dificuldade de ler o sentido figurado, a ironia, o humor de uma piada, de um texto, de um comentário, agindo que nem criança, de forma ingênua e despreparada, acusando pessoas de crimes que não cometeram. E o pior, sem depois fazer a autocrítica, o mea culpa e se desculpar. Às vezes parece até uma histeria por parte de alguns que veem "chifre em cabeça de cavalo". Faltam leituras de livros, de vida e de mundo para estes apressadinhos de plantão e críticos de tudo e de todos.
Evidentemente que existem práticas condenáveis de bullying, racismo, machismo, sexismo, homofobia, etc. Mas desde que sejam avaliadas cuidadosamente como tal, sob pena de estarmos sendo injustos ao querermos a qualquer custo fazer justiça com as próprias mãos...
E falta, acima de tudo, diálogo, debate de ideias sem que seja preciso passar imediatamente para a ofensa pessoal, a ameaça (de bloqueio em redes sociais) e tudo mais, sem ouvir o outro lado, suas razões... Falta o chamado direito à ampla defesa, ao contraditório, a alteridade (de colocar-se no lugar do outro)... E isto está ocorrendo em todos os níveis e poderes constituídos...
Esta campanha do Conar serve para diversas aplicações no ambiente escolar, entre professores e alunos, entre pais e filhos, entre gestores e educadores, educadores e pais
A primeira reflexão: A falta da crítica e autocrítica, da avaliação e autoavaliação que tanto a publicidade, como a escola e a sociedade precisam ter, de se autorreconhecer e autorregular quando passam dos limites do bom senso e das boas normas de convívio em comunidade.
Segundo, um filme que mostra os exageros de pessoas superficiais, que reclamam de tudo e de todos, os chamados "do contra", que não têm o cuidado de antes averiguar os fatos, preferindo já iniciar uma conversa em tom de acusação.
Por fim, como diz a propaganda: "Há que se confiar em quem entende", ou seja, alguém que é especialista no tema, quem tem formação na área, quem pesquisa o assunto e não como simples leigo, sair querendo "ensinar o padre a rezar a missa", dar lição de moral em alguém sem conhecimento de causa e tudo mais que assistimos às vezes, entre estupefatos e incrédulos.
Sou exemplo vivo disto: Recentemente, via e-mail (e uma coisa que se tornou praxe, por redes sociais e emails, todos parecem promotores de justiça num tribunal!), uma aluna infrequente (vejam o detalhe!), reclamou de sua frequência (com o detalhe de não ter feito nenhuma prova nem trabalho avaliado), e alegava ter desistido por causa de supostos comentários meus em aula, com conotação homofóbica e machista. Depois de pensar muito, lembrei que tratando de teoria literária, abordando questões substantivas (características principais) e adjetivas (características secundárias) dos gêneros literários (Lírico, Épico e Dramático), comparei-os aos gêneros humanos. Como alguns tiveram mais dificuldades de compreensão da teoria, eu busquei analogia com coisas do cotidiano, e foi aí que a aluna viu homofobia (ódio a homossexuais!) e machismo...
Evidentemente que com 21 anos de Educação, com formação jurídica (bacharelado em Direito), tendo sido inclusive por 2 anos assessor jurídico na Educação, posso afirmar que tenho conhecimento do que é homofobia, machismo, racismo e que não faria tal prática, ainda mais em local público e em ambiente universitário. Mas infelizmente, como na propaganda acima, e como diz a sabedoria popular: "O apressado come cru e quente!".
Talvez, por conta destes equívocos de avaliação é que o humorismo atualmente esteja tão sem graça, pois tudo pode ser considerado racismo, homofobia, bullying, machismo se levados ao pé da letra. Mas há que se aprender a ler nas entrelinhas, de interpretar um texto em seu contexto. Um papel social de todo educador - seja pai ou professor - e que deve ser iniciado na tenra idade e dado continuação na maturidade, sob pena de, exageros à parte e outros nem tanto, que feijão e arroz em pratos separados sejam de fato considerados por algum desavisado de prática condenável de segregação... "Apartheid culinário" nunca vi, salvo na ficção, mas há quem veja coisas onde nada existe também. Portanto, como dizia minha avó: "Caldo de galinha e paciência não fazem mal a ninguém". E eu digo: "Conhecimento de causa e prudência, também".

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