quarta-feira, 27 de maio de 2020

Não podemos fabricar a felicidade – Pascal Bruckner. Fato! Ela precisa ser por nós manufaturada - José A. K. Roig




O vídeo acima, "Não podemos fabricar a felicidade", descobri nas redes sociais [mais precisamente no portal Pensar Contemporâneo] e trata-se de fala de Pascal Bruckner, escritor, ensaísta e filósofo francês, que é autor de livros de ficção e de não ficção e teve seu livro Lua de Fel adaptado para o Cinema pelo premiado diretor Roman Polanski.
De acordo com a Pensar Contemporâneo, Bruckner, "Além de proferir palestras pelo mundo, Bruckner também participa de programas de televisão e é colaborador de uma das principais revistas francesas, a Le Nouvel Observateur"; ou seja, um pensador do século XXI em diálogo com os "homens das letras" do século XIX, quanto à diversidade de ações e campos de atuação.
Na palestra dada à Conferência FRONTEIRAS DO PENSAMENTO, em 2014, Pascal, conforme apresentação do portal "afirma que a felicidade é um estado de graça e não um sentimento permanente e, por isso, nunca podemos produzi-la a partir de algo. Somos felizes por alguns instantes e, depois, esse sentimento se transforma em nostalgia e angústia".
A frase de sua fala, que dialoga ao meu ver com o livro ARQUITETURA DA FELICIDADE, do filósofo suíço Alain De Botton (vídeo a seguir, parte 1/5). E, antes mesmo de eu ter assistido à conferência propriamente dita, "Não podemos fabricar a felicidade" passei a refletir sobre a condição humana, seus avanços e retrocessos neste começo do século XXI, e incorporar um subtítulo {ELA PRECISA SER MANUFATURADA] de minha autoria na postagem deste blog educacional.



Mais que um mero jogo de palavras, a questão da MANUFATURA (desse artesanato do viver) em relação a felicidade FABRICADA (meio Tempos Modernos, de Chaplin, vide imagens acima, apertando inúmeros parafusos e sendo peça diminuta de uma engrenagem maior), é uma provocação poética e filosófica sobre a importância de não criarmos esses PARAÍSOS ARTIFICIAIS, como Baudelaire denominou, mas de que construamos, como uma casa, tijolo a tijolo a nossa RESIDÊNCIA POÉTICA como RESISTÊNCIA ÉTICA a esses tempos pandêmicos, polêmicos, povoados por uma Usina de Fake News disparadas de forma industrial, como linha de produção em larga escala através das redes sociais digitais.





Destaco na fala de Pascal, estes dois fragmentos interessantes que dão conta de sua visão da ideia de felicidade na contemporaneidade e em que defende um novo Iluminismo:

"A sabedoria nos recomenda não nos atirarmos sob as rodas de um automóvel, não nos pendurarmos na janela do 15º andar, não engolir qualquer coisa à mesa, não beber a água da sarjeta em respeito à nossa saúde, mas, por outro lado, nunca temos a possibilidade de fabricar a nossa felicidade a partir de coisa alguma.
[...]
Parece-me que a felicidade é um pouco análoga à visitação de uma providência simpática, de um espírito feliz que, durante algumas horas, alguns dias, alguns meses, nos inunda com seus benefícios. E então, um dia, sem nos darmos conta, ela se vai e nos deixa, evidentemente, em um estado de grande nostalgia, na esperança de que ela volte. Eu diria: deixemos ao acaso o cuidado de organizar nossos momentos de felicidade, deixemos à nossa sensibilidade a inteligência de reconhecer a felicidade quando ela chega, e deixemos à nossa prudência o cuidado de evitar as infelicidades quando elas passam por perto"
.

Essa Iluminação, em tempos de Trevas e Idade Mídia atuais, povoados pelas Fake News, remetem a outra imagem emblemática, não da literatura, mas do cinema, A FELICIDADE NÃO SE COMPRA (1946), [seja ela fabricada ou manufaturada] do diretor Frank Capra, um clássico eterno da Sétima Arte que é terrivelmente atual, em que um homem bom, desiludido com a corrupção em sua cidade, resolve se jogar de uma ponte, quando é interpelado por um Anjo [que precisa recuperar suas asas] e que lhe mostra como seria a sua cidade, caso esse desejo de fuga, escapismo, ele realizasse. Resistir é preciso, uma Resistência Ética em uma Residência Poética, como sempre defendo, e a fala de Pascal Bruckner vem ao encontro de minha inspiração, como blogueiro educacional, professor, escritor e poeta.
Abaixo, texto do referido filme:



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